Capitullum 3. Rege Babylonis (O Rei da Babilônia)

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A vida do conde de Montfort havia virado do avesso em questão de minutos e uma parte minha sentia uma tremenda culpa que se alojava profundamente no meu peito toda a vez que eu olhava para seus belos olhos nervosos.

A minha indolência e teimosia haviam exasperado o pobre homem.

O conde puxou o cordão da campainha acima da lareira e dirigiu-se para o hall onde um homem já entrava rapidamente pela porta.

Atrás do conde eu estava, notando o ar de confusão que se alarmava entre os criados.

― Onde está Luí?

― Estou aqui, milorde. ― O criado pessoal anunciou-se, se aproximando do conde, enquanto que minha mala era erguida habilidosamente e levada escada acima por outro empregado.

― Meu casaco... ― Exigiu o conde, olhando impaciente para os lados, procurando-o. ― E meu chapéu?

― Estão aqui, milorde. ― E o criado ajudou seu patrão a se vestir.

Por todo esse tempo meus olhos estavam fixos no homem oponente que se vestia com uma expressão ríspida no rosto.

O conde parou em frente ao espelho do hall ajeitando o melhor ângulo do seu chapéu, quando a governanta apareceu descendo as escadas.

― Milorde, não se preocupe, estamos prontos para receber Lady Cahterine de D'Argouges.

O conde soltou um silvo profundo, olhando-me pelo reflexo do seu espelho.

― Mas eu não quero receber ninguém, ora essa!

O mordomo fez uma mesura exemplar e deu as costas, voltando aos seus afazeres. Enquanto saía, pude vê-lo levando uma das mãos à boca, rindo.

― Ah, Luí! ― Exclamou o conde, voltando-se para ele antes que sua presença sumisse pela casa. ― Procure pela senhora Liverich e pague pelos seus serviços, sim?

O mordomo assentiu, aproximando-se novamente de seu Senhor.

― Se me permiti, milorde, vejo um Senhor jovem e preocupado com a "inconveniência" inesperada. ― O homem fez uma pausa cautelosa e esperou pela confirmação do conde para poder continuar. O conde por sua vez assentiu, aguardando a continuação. ― Isso é muito natural. Tenha certeza, sir. Compreendo que é uma obrigação que milorde está focado a honrar.

Sem dizer uma palavra o conde apanhou sua bengala a qual o criado oferecia, e saiu em direção à porta da frente.

― Luí, estou saindo... Preciso que... ― Olhei hesitante na direção do conde de Montfort e esperei, ansiosa, por algum dialogo dirigido a mim. Ele me olhou sobre o ombro e agitou a cabeça em negação, como se a minha presença fosse um erro... e era. ― ...acomode essa jovem. Ela é sua senhora agora, faça o que a ti ordenar.

― Não se preocupe, meu senhor, pois tudo sairá a contento.

O conde bufou, abrindo a porta com violência.

― Não quero ouvir nada disso. Deixe-me sair, homem. ― Ordenou ele, exasperado.

O mordomo assentiu em uma mesura, e se afastou.

― A única coisa que posso fazer agora é beber, e um liquido dos mais potentes. ― Disse ele, descendo os degraus da casa. ― Só garanta que esta senhorita não cruze meu caminho à noite, e se alguém a mim procurar, informe-o que fui tentar suicidar-me para não ter que voltar para esta casa de loucos. Para sempre!

Nesse meio tempo, o mordomo, as criadas e eu balançávamos a cabeça em negação, repudiando esse comportamento tão infantil.

Houve momentos em que eu duvidava ser capaz de conseguir persuadir o conde de Montfort. Na sua frente, eu às vezes, engasgava as palavras pela constante pressão de ser pega no ato. O conde repudiava a minha presença ali. Se não tivesse sido pela presença inesperada das duas mulheres, talvez, o conde tivesse me posto porta a fora e a ponta pés.

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