PARTE 1
A verdade sempre esteve em seus olhos, devorando a minha alma, se alimentando da minha vida. Apenas não quis enxergar. Que tipo de demônio você é? Sei que é mais do que um homem. Por que não consigo descobrir? Tem algo errado! Estou com medo. Tem algo errado. Você não é humano...
864 d.c. Ano de nosso senhor.
Constance, em algum lugar da américa do norte.
Ano da redenção.
O espetáculo estava sendo executado com maestria. O cordeiro a ser sacrificado estava fugindo exatamente pelo lugar previsto. Não havia brechas para fugas, tampouco misericórdia para as suas suplicas.
Os farrapos podres que cobriam seu magro e esguio corpo, agora com contusões, machucados e ferimentos superficiais; se chocava com os muros de pedra com violência, decorrentes a velocidade ao qual corria, driblando uma bifurcação ou outra, visando fugir daquele inferno.
A proposta a qual lhe foi oferecida de tão singular ordem, agora parecia inviável e sem sentido, pois a ignorância do tolo rapaz não o deixava enxergar que estava servindo de distração, a quem, no fundo, jamais lhe entregaria sua liberdade prometida.
Se, conforme seu coração e a força de vontade de ser livre, o levasse até a saída, o Rei, por sua vez, esmagaria sua esperança sugando cada gota de sangue que lhe pertencia. Não existia saída no inferno, uma vez dentro das masmorras Wright, nunca haveria volta.
Assim que adentrou a escada principal, lá embaixo parou e recuou, seus olhos negros se arregalando à medida que enxergava a pilha de cadáveres jazidos no piso frio.
O rapaz sentiu o pânico domina-lo ao entender finalmente que não havia escapatória para o que lhe foi obrigado. Tampouco era o primeiro a ter imposta à força bruta, tal regalia. À sua frente, diante de sua boca escancarada e olhos esbugalhados, amontoados e amontoados de escravos serviam de tapeçaria enquanto o doutor Frenesk mutilava-os e os retalhava de maneiras inimagináveis.
Enquanto observava chocado à cena macabra, do outro lado do salão, dois pares de olhos dementes comtemplavam o espetáculo com empolgação e entusiasmo. Entretanto, este perverso ritual importava a apenas um espectador, que olhava hipnotizado ante a velocidade que o sangue vertia latentemente no pobre rapaz emudecido.
Bastaram segundos para que o pobre cordeiro se desse conta dos olhos azuis como duas pedras felinas, escondidas sob uma estranha máscara de ferro e de um formato tal qual a cabeça de um animal, observando tudo silenciosamente.
Palavras não poderiam descrever o horror da situação em que se encontrava o pobre escravo, muito menos o cenário em questão.
Durante os poucos segundos seguintes que, aos olhos dele fora como noites a fio, padeceu de uma agonia desesperada. E, por fim, quando deu-se conta do perigo iminente, o rapaz reuniu suas forças e correu para longe daquele lugar, ansiando chegar aos portões do castelo. Acreditava que se conseguisse alcançar a floresta Desconhecida, talvez pudesse adiar seu trágico fim.
Mal ele sabia que os portões estavam fechados e que não havia como escapar das garras do Rei de Constance, àquele a quem tudo vê e tudo sabe.
A parte subterrânea do castelo Wright era escavada numa série de vários claustros interligados, repletos de encruzilhadas e corredores sem saídas, e não era fácil para alguém em tal estado de pânico encontrar o caminho certo para a superfície.
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Durante o Obscurecer🌙
VampiroLegião dos caídos Livro 1 Qual é o limite do seu medo? Até onde você estaria disposto a ir para recuperar sua alma? Até quão fundo o abismo seria para você? Todos temos medo do desconhecido. Todos, algum dia, já temeram a escuridão. Talvez estivess...