Redenção (#SR3)

Capítulo 5

** Ada **

Ela me olha como se eu fosse uma pessoa de outro planeta. Deve estar pensando que tipo de mulher idiota eu sou para aceitar me casar com um homem que claramente ama outra mulher. Mas, ora, foda-se isso. Eu amo o Nick e aceitarei qualquer coisa que ele queira me dar. Inclusive esse tipo de humilhação porque, convenhamos, não é difícil imaginar o quê eles faziam dentro daquele banheiro. E não é como se eu não merecesse né...

— Eu juro que não vou morder. Nem vou te infligir dor física. — digo com toda paciência que me é normal.

Mas ela demora ainda vários minutos antes de finalmente se sentar no banquinho do bar, ao meu lado. O garçom se aproxima e pergunta o que queremos para beber. Peço um chá gelado e ela pede um gimlet.

— Por que me pediu pra ficar? Nós não temos nada o que falar.

— Claro que temos. — sorrio para o garçom quando ele trás as nossas bebidas — Existem alguns pontos que precisam ser esclarecidos.

Ela bebe seu gimlet devagar, fazendo uma careta levemente após o gole. É claro que ela não está acostumada a beber. Eu bebo algo assim sem que a minha garganta sinta qualquer incômodo. Só não pedi nada mais forte por causa do meu estado.

— Que tipo de pontos? Que você vai se casar com o Nicholas? Eu já sei. Eu estava lá quando ele disse à toda a cidade.

Ergo as sobrancelhas em clara surpresa. Não sabia disso. Imaginei que ela tivesse ficado sabendo, mas não sabia que tinha sido em primeira mão.

— Não é bem isso. Claro que queria que você soubesse sobre o nosso casamento, mas não é exatamente sobre isso que eu quero conversar.

— Esclareça, então. Porque eu não sei você, mas eu tenho algumas coisas a fazer.

— OK.

Bebo o meu chá devagar. A encaro por vários minutos, só pra ter certeza sobre o que eu vou perguntar. A minha resposta já está clara como a água em seu rosto, mas é mesmo necessário colocar tudo em pratos limpos.

— Você ainda ama o Nicholas?

Ela quase engasga com a sua bebida, mas dessa vez não tem nada a ver com o seu alto teor de álcool. Depois franze a testa como se o que eu perguntei fosse a coisa mais absurda do mundo. Fala sério, não foi ela quem estava transando com ele há poucos minutos? Não é como se não sentisse mais nada por ele.

— Que tipo de pergunta é essa?

— É cabível. E bastante oportuna.

— Eu vou embora. — ela se levanta e prepara-se para sair, mas eu a impeço, segurando seu braço.

— É cedo. Ainda não terminamos nossa conversa.

— Tire suas mãos de mim. — ela fala baixo, olhando diretamente para onde eu a toco.

— Sente-se, Ellen. — digo soltando-a.

Uma garota se aproxima de nós com uma expressão preocupada.

— Está tudo bem, Ellen? — a garota pergunta.

— Está sim, Melissa. Por que não vai indo pegar um táxi? Eu não vou demorar.

A garota assente e se retira. Ellen senta parcialmente novamente e me lança um olhar irado. Eu mantenho minha expressão calma, esperando sua resposta. Posso ver como ela reluta em responder, mas no fim, devido ao meu silêncio, ela acaba cedendo.

— O que eu sinto ou deixo de sentir pelo Nicholas é problema meu. Não interessa a você.

— Considerando que eu sou a noiva dele, eu acho que interessa muito.