Capítulo 20 (Nick)

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O suor frio desce pelas minhas costas e uma gota cai da minha testa quando eu abaixo a cabeça. Onze e meia e nada da Ellen aparecer. Dizer que eu estou nervoso é uma grande piada. Nervoso eu fiquei no dia da minha graduação na Universidade de Miami. Nervoso eu fiquei no dia em que minha filha nasceu. Nervoso eu fiquei no dia em que pedi Ellen em casamento. O que eu estou sentindo hoje não tem muita relação com aquele tipo de nervosismo. Estou quase em pânico. Apesar do clima mais ameno do fim de setembro, eu pareço estar dentro de um caldeirão fervente porque agora até mesmo minhas mãos suam.

O padre perto de mim tenta me tranquilizar, dizendo que é normal a noiva atrasar e embora eu mesmo saiba que isso é verdade, uma sensação ruim se instala na minha barriga, afinal todo mundo já está aqui. Alguns parentes distantes da família dela e alguns da minha. Os nossos amigos. Os nossos pais. E a imprensa modesta que eu permiti que registrasse o momento. Só ela não está. A Bow Bridge cuja vista sempre me relaxa quando saio pra correr pela manhã, não exerce o mesmo efeito agora. O arco florido na frente do pequeno gazebo em forma de capela parece caçoar de mim quando deixa algumas rosas caírem.

— Meu Deus, ela não vem. — digo pra mim mesmo.

Robert, ao meu lado, põe a mão no meu ombro e tenta me relaxar também, contando que no dia do seu casamento com a Gia, ele também cogitou isso. Estava com tanto medo que pensou que ela tinha desistido em cima da hora, mas tudo se perdeu em sua mente quando a viu atravessar o tapete de flores do final do corredor de cadeiras até o altar.

— Fique calmo, Nick. Ela virá.

Respiro fundo algumas vezes e com isso, a tensão parece se dissipar um pouco. Em pouco tempo, percebo o quanto é sábio ouvir conselhos do seu melhor amigo. Os violonistas em cada um dos quatro cantos da área da cerimônia começam a tocar Canon in D de Pachelbel na marcha nupcial. E lá está ela, vestida com um branco virginal e adornada com o mais belo sorriso que eu já vi no mundo, vindo na minha direção guiada pelo pai. Os meus olhos se enchem de lágrimas na mesma hora e percebo minha boca se abrir para sussurrar um "eu te amo".

Vinte e cinco segundos. Conto na minha mente o tempo que leva pra ela atravessar a entrada do arco de rosas brancas no início até o arco de rosas vermelhas onde eu estou. E por Deus, esse tempo parece eterno. Mas quando ela chega a meros dois passos de mim, eu perco a paciência para continuar esperando e vou ao seu encontro, praticamente arrancando-a dos braços do Benjamin e girando-a no ar com os lábios colados aos dela. Consigo ouvir uma explosão de aplausos ao nosso redor, mas eu só tenho olhos pra ela. Ela está aqui. E será minha pra sempre daqui a poucos minutos.

— Parece que alguém estava ansioso pra me ver. — ela sussurra junto ao meu ouvido quando descolamos as bocas.

— Parece que alguém estava a fim de me ver ter um ataque cardíaco.

O padre pigarreia atrás de nós e vejo quando ela cora. Coloco-a no chão, aperto a mão do seu padrasto e vamos juntos ao altar. O senhor de cabelos brancos começa a cerimônia da forma clichê que se vê nos filmes e nas novelas e quando chega a hora dos votos, ficamos de frente um para o outro e então ela começa.

— Eu queria que os meus votos fossem perfeitos, mas a perfeição é uma coisa difícil de alcançar, ainda mais quando se tem ao lado um homem tão perfeitamente incrível como você. O dia mais importante da minha vida foi o dia em que eu te conheci e desde aquele dia, eu sou outra mulher. Você é o meu melhor amigo, meu único amante, meu porto seguro e o meu verdadeiro amor. Eu sempre soube que você tinha um coração muito bom, mas nunca imaginei que ele fosse tão forte também. Você o entregou a mim e hoje, diante de Deus e de todas essas pessoas, eu prometo o meu a você para sempre, Nicholas Hoffman.

Redenção (#SR3)Onde histórias criam vida. Descubra agora