Capítulo 22 (Nick)

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Depois da entrevista com a Global Business Magazine sobre o futuro da Hoffman Holdings Enterprises agora que eu sou o principal suspeito de um homicídio, passo no hotel onde o Robert está hospedado pra saber como foi sua breve estadia na delegacia após eu ser levado também. Ele me mandou uma mensagem assim que um par de policiais o levou e ficou por pouco mais de uma hora falando qualquer bobagem que eles queriam saber. Vários convidados do meu jantar de ensaio, além dos padrinhos e madrinhas foram levados na verdade, com exceção do Benjamin e da Victoria, que tiveram que voltar às pressas à São Francisco para cuidar de um problema inesperado.

É totalmente inadmissível que meus convidados tenham sido tratados dessa forma. Eu ter sido levado para dar esclarecimentos, eu posso entender, mas a Ellen e os demais é totalmente abuso de poder. O que eles poderiam saber sobre mim ou sobre a morte do Mike? Com sorte, meu advogado vai poder reverter a situação e colocar a porra desses detetives em seus malditos lugares.

Passo pelas portas duplas do hall e pego o elevador para o sexto andar do hotel. Bato na porta do quarto e espero por um tempo. Não obtenho resposta, mas mesmo assim aguardo mais um pouco. Abro espaço para a camareira passar com os braços cheios de lençóis enquanto ligo para o Robert. A chamada cai na caixa postal. Uma segunda batida e então um dos detetives que estão cuidando do meu caso é quem aparece. Franzo a testa como um questionamento, mas não falo nada. Ele passa por mim, me cumprimenta com um aceno rápido e segundos depois o Robert chega à porta.

— Eu tenho o direito de ficar confuso, não tenho? — pergunto, olhando pra trás de mim onde os detetives entram no elevador.

— Ele queria conversar. — ele abre espaço pra mim — Entra aí.

Já dentro do quarto, sento-me no braço de uma poltrona ao lado de uma grande estante de livros antigos. Robert vai até a cozinha em anexo e pega uma grade de Guinness, ele me entrega uma e abre a outra com a barra da camisa.

— Cara, você está encrencado. — ele fala depois do primeiro gole.

— Como assim? O que ele queria?

— Falar de você. Não sei como foi que conseguiu, mas ele tem um vídeo em que você aparece agredindo um cara, Nick.

— O Mike? Achei que eles tivessem falado sobre isso com você ontem quando depôs na delegacia.

— Não, não era o Mike e eu não sei quem é o cara, mas o vídeo é antigo. Lembra do primeiro emprego da Ellen em Miami? Naquela cafeteria?

— Claro, mas o que isso tem...

Paro minha frase no meio. Eu lembro do único dia em que ela trabalhou naquele lugar. Eu briguei com um patife e quebrei feio a cara dele. Foi a primeira vez que a Ellen viu o animal dentro de mim. Meus gatilhos e minha raiva podiam ter mandado ela pra longe de mim, caso ela tivesse ficado com medo, mas graças a Deus ela não ficou. Mas como aqueles detetives do inferno tiveram acesso a um vídeo tão antigo assim? E como pode ter sido feito?

— Ele disse como conseguiram esse vídeo? Era de alguma câmera de segurança?

— Não. Não faço ideia de como conseguiram, tendo em vista que era uma gravação de celular. — Robert dá um longo gole na cerveja antes de continuar — Olha cara, eles acham mesmo que você é perigoso. Eu e a Ellen aparecemos nesse vídeo junto com você, então imagino que ela seja a próxima a ser interrogada. Ele me perguntou uma série de coisas e todas tinham a ver com o seu temperamento explosivo.

— Eles não tinham como ter acesso a isso. Faz ideia do quanto eles teriam que procurar? Eles teriam que estar me seguindo antes de toda essa história de assassinato ou saber exatamente onde eu estava naquele dia e o que iria acontecer ali.

Redenção (#SR3)Onde histórias criam vida. Descubra agora