Capítulo 01: Mudança de rumo

164 23 34
                                    

Capítulo 01: Mudança de rumo


— Mas porque eu tenho que morar com ele? Eu nem conheço ele! - Jogo com raiva uma blusinha de algodão na minha segunda mala, a rodinha está emperrada, nem gira mais, eu tenho que literalmente arrastar a mala, e minha raiva é tanta, é misturado com...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Mas porque eu tenho que morar com ele? Eu nem conheço ele! - Jogo com raiva uma blusinha de algodão na minha segunda mala, a rodinha está emperrada, nem gira mais, eu tenho que literalmente arrastar a mala, e minha raiva é tanta, é misturado com dor, raiva, medo, tudo junto. Como pode tudo isso acontecer?

— Ele também não te conhece, pode ser um bom começo pra você, Aina. - Minha tia se agacha, pegando a blusinha e dobrando de forma perfeita, ela trabalha em uma loja de roupas, por isso sabe dobrar tão bem.

— Porque eu não posso ficar com você? - Levanto a cabeça olhando minha tia, ela tem os cabelos pretos e chanel, bem volumosos, os olhos castanhos claros, com um sorriso amável no rosto. Eu sei que não posso morar com ela porque ela tem 5 filhos, e a casa dela é quase menor que meu quarto. Não que ele seja enorme, cabe a minha cama, um guarda roupa, uma mesinha pra eu fazer meus trabalhos e eu e a minha tia, agora.

Ah, e claro, uma mala de viagem aberta no chão, mas como eu não tenho mais cama, nem guarda roupa, muito menos mesinha, o quarto até parece grande. Eu me sinto vazia, assim como meu quarto.

— Você sabe o porque, querida, sabe que eu gostaria muito, mas eu não tenho condições, e ouvi dizer que seu pai é bem de vida. - Minha tia me ajuda a dobrar minhas outras roupas e a colocar uma caixa de sapato com minhas roupas íntimas no canto da mala.

Não tenho muitas coisas, não roupas normais, já a minha segunda mala, está cheia dos meus cosplays, eu amo fazer cosplay, adoro animes, adoro filmes, adoro esse mundo geek, é eu sou um pouco nerds, mentira, eu não sou nerds, porque no máximo eu tiro 7, e pedindo para arredondar. Mas nesse mundo eu sou fissurada e adoro ir em eventos, será que por lá vai ter eventos? Vou pesquisar depois!

— Ele não é meu pai. - Reviro os olhos e coloco minha última calça, na verdade eu tenho só duas, uma eu ia pro colégio com ela, eu gosto de saias, saias de pregas, me sinto uma estudante japonesa, e elas são fofas, porque meu uniforme tinha que ser uma calça de tactel?

— Ele é, ele só não te conheceu porque sua mãe não contou pra ninguém. - Minha tia me ajuda a fechar a mala, sento na mala de plástico e faço bico, não aguento e já começo a chorar.

— Por que ela teve que morrer? Por que ela não falou que estava doente? - Tenho que colocar as mãos no rosto para tentar segurar as lágrimas, a dor é tanta, mas não sei se ainda tenho lágrimas, de tanto que já chorei, cheguei até a desmaiar no velório.

Minha tia me abraça chorando também, ela não sabia que minha mãe estava com câncer terminal. E pensando agora, tudo faz sentido, ela deixou o emprego que trabalhou durante 6 anos, dizendo que queria viajar, passear, e fizemos, não fomos pra nenhuma Disney, mas conhecemos muitos estados.

Mergulhamos, andamos nas dunas, até tentamos aprender a surfar. Eu lembro que a via algumas noites chorando, nas primeiras vezes eu perguntava o porquê mas ela não respondeu nenhuma delas, só me abraçava e dizia que queria ficar mais um pouco assim. No mundo sempre foi eu e a minha mãe, ríamos, brincávamos juntas, até falávamos de futuros pais que víamos na rua, brincando a porcentagem dele poder ser meu pai.

Herdeira do ImpérioOnde histórias criam vida. Descubra agora