Prólogo

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" ... Leve-me à igreja

Eu adorarei como um cão no santuário de suas mentiras

Irei lhe contar meus pecados

Assim você pode amolar sua faca

Ofereça-me essa morte imortal

Bom Deus, deixe-me dar-te minha vida..."

Hozier - Take Me To Church ) 


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Thalles...

O que define uma descida ao inferno e a volta? Até hoje eu me pergunto porque o cão não quis abraçar o meu caso, já que Deus tinha fechado as portas do céu para mim a muito tempo atrás. Não o condeno tão pouco por essa decisão. Céu, paz e o descanso eterno para homens como eu não existe. Homens como eu apenas aceitam a condição de viver em um eterno limbo, olhando de longe o paraíso, mas sem nunca entrar nele de fato. Porque o paraíso não é feito para homens como eu, mas sim para os anjos.

Olhando tudo a minha volta, aceito hoje que as cicatrizes fazem parte de mim, do meu corpo e aprendi que sou apenas um homem propenso a cometer falhas. E que eu cometi uma falha que levou quase toda a minha vida, que além de deixar meu corpo com cicatrizes, cabeça atormentada com os ecos dos meus gritos de dor, me transformou no que eu sou agora.

Trabalhar na CIA, não foi a minha primeira escolha de vida. Fiz uma viagem antes de entrar para a faculdade, foi assim que eles me contataram. Aos vinte e um anos, eu já fazia coisas que até Deus duvidava. Aos vinte cinco anos eu já trabalhava disfarçado no Paquistão, ou em qualquer país que eles me mandavam. Aprendi a ser um fantasma, a lidar com a teia de interesses, lidar com os loucos religiosos que gostavam de matar inocentes. Proteger empresários de alto escalão que de alguma forma iria influenciar o governo com seu dinheiro e apoio político. Mas era um bom trabalho no final do dia, e eu gostava e muito da pessoa e o homem que eu tinha me tornado. Mas nessa vida eu me esqueci de um simples detalhe, eu não era Deus. Esse foi um dos meus primeiros erros, que me levou direto ao precipício.

No fundo desse precipício passei a evitar os olhares de pessoas com pena de mim, aprendi a usar blusa de manga em dias quentes. Que ir em uma igreja nem sempre nos faz ter a redenção dos nossos pecados e que um corpo estabelecido não significa que você está de fato curado. Evitando olhar para os meus pecados, evito me olhar no espelho, assim como as pessoas quererem me fazer perguntas. Perguntas que eu não quero e nem tenho a intenção de responder.

Como um perigo doce e atrativo algumas pessoas me olham com um misto de curiosidade extrema, tentando decifrar o que eu passei. Uma coisa que eu constantemente tento a todo custo esquecer, inutilmente. As pessoas não imaginam e nem fazem ideia do terror que passei quando fiquei três anos e meio preso em um buraco, sendo torturado dia após dia.

Perigoso desejo - Série destinos traçados, Livro 5Onde histórias criam vida. Descubra agora