Mato o Sem Rosto Usando Ervilhas

59 6 0
                                    


Um, dois, três e vai – Sussurrou Carpinteiro.

Os dois meninos pularam para lados opostos ao mesmo tempo, Tatuzão passou por eles pesado demais para parar. A vantagem não se estendeu, Tatuzão se enrolou como uma bola, rolou dois metros e se abriu novamente fitando os dois meninos.

Mais um clarão e Carpinteiro sumiu, logo estava na frente de Caio, que viu uma grande bola marrom rolando em sua direção. Outro claro, PAAHHH, e ele estava em outro lugar.

Caio ajoelhou-se para vomitar.

– Ele é cego, guia-se pelo cheiro. Podemos distraí-lo, mas se quisermos sair precisamos do seu feitiço – Informou Carpinteiro.

– Você precisa me explicar o que está acontecendo – Caio disse e já não estava disposto a fugir.

– Agora não dá – Disse Carpinteiro nervosamente olhando ao redor e procurando Tatuzão – Pense, você sabe o que faz, os escritos, a ordem, toda vez que você lê aqueles livros antigos sobre o Folclore, a cantiga – Carpinteiro falava enquanto girava em torno do próprio eixo a procura de Tatuzão.

PAAAAAHHHHHHHH

Tatuzão estava bem na sua frente a toda velocidade, não deu tempo de Carpinteiro salvar Caio. Mas Caio não se entregou, ergueu-se sobre si e insinuou um soco na direção do monstro de, agora, quase três metros curvado e PAAAHHH, outro clarão e Caio está caindo, estala no chão sozinho.

Caio tele transportou-se sozinho no momento em que Tatuzão atingiria-o. Levantou-se e tombou novamente, havia torcido os pés. Tatuzão vinha rolando e esmagando a plantação sobre si, aproximando-se, aproximando-se, aproximando-se... e de repente, outra bola, esta menor que o Tatuzão, joga Tatuzão para o lado. As duas bolas se desfazem, e uma delas é o gordinho Manuel. QUE?

Caio olha para a porta da fazenda desejando correr até lá.

Mas sabia que Manuel precisaria dele. Coitado do Manuel, agora estava de quadro diante do Tatuzão, engatinhando de costas tentando se afastar o suficiente para correr, talvez ele nem sabia o que estava fazendo.

– Que vergonha, Minos – Disse Tatuzão com calma ameaçadora.

– Não sou Minos – Respondeu Manoel e correu dali.

Quando Tatuzão ameaçou correr, um trator atinge a lateral de seu corpo e ele, literalmente, rola para o lado sem sofrer mal algum. O Trator veio de Carpinteiro, pelo visto ele acelerou o trator e depois saltou com ele e tudo.

– NAMANTICABRIUM SANAMOUÊ PARACUTI UOUBARÊ – Entoei com uma segurança incrível, mas não sabia bulhufas do que estava recitando. Apenas senti que era aquilo. Nesse momento uma fagulha viva de energia brilhou no céu.

– Isso! – Gritou Carpinteiro.

– AAAAAAAAAAAAAA – Berrou agonizante Tatuzão ao perceber o que eu tinha feito, agora ele corria rápido demais na direção de Caio, não houve reflexo suficiente.

Caio foi arremessado doze metros adiante, ao tentar se levantar seus pés foram sugados pela terra e ele comeu barro, viu capim pela raiz e segundos depois foi arremessado de volta na terra completamente destruído. Havia estado debaixo da terra, abaixo do esterco de vaca que servia de adubo, o cheiro não agradava.

Um carro parou na frente de Caio, ele não tinha forças suficientes, mas um clarão o salvou: Carpinteiro o saltou para a caçamba da picape do avô.

– Pensei que nos tiraria daqui com aquela coisa que você disse. – Praguejou Caio ainda deitado na caçamba.

– Estou cansado demais. – Disse Carpinteiro olhando para trás – Ele não é tão rápido, mas não vai desistir, precisamos do seu cheiro.

Deuses me Livrem!Onde histórias criam vida. Descubra agora