Regra 3

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Regra 3

A vida é para ser vivida com prazer e com uma grande dose de egoísmo elegante. Faça apenas o que te deixa feliz e nunca sinta remorso por passar por cima dos outros. Você é o mais importante para si mesmo.

Exceção

Esta regra não se aplica — e não porque eu não queira, inferno, mas porque não posso! — ao meu melhor amigo.
Eu descobri que "Sacanear Potter" e "Draco sente remorso" são a mesma coisa.

* * *

Qualquer raiva que Harry podia ter sentido contra Draco por seu comportamento anterior
foi enterrada no momento em que colocaram os pés na estação de Tottenham Court Road, que era a mais próxima de casa. O gesto de pura descrença misturada com nojo que Draco fez ao ver os murais de mosaicos que adornam o interior da estação de trem e que ele chamou de "o maior exemplo do péssimo gosto para decoração dos trouxas" foi suficiente para Harry recuperar o bom humor com o qual ele havia se levantado naquela manhã.

— Não me surpreende que você seja maníaco-depressivo, Potter — Draco murmurou enquanto franzia o cenho para a exibição de cores e formas estranhas nas paredes. — Se eu tivesse que olhar para isso todos os dias quando mal acordei... Ficaria louco também.

Embora Draco não parecesse concordar que alguém ousasse chamar o amontoado de azulejos coloridos de "uma obra de arte", ele não parou de admirá-lo; e Harry sabia muito bem que no fundo ele estava se perguntando como diabos o artista teria feito para colocar todas aquelas peças de azulejos sem magia, de uma forma que elas cobrissem as paredes formando figuras e desenhos enormes.

Mesmo que Harry e Cliff tivessem que engolir todas as críticas e protestos que Draco fez durante a viagem, nada poderia irritar Harry novamente. De qualquer forma, todo mundo que conhecia Draco um pouco sabia que reclamar fazia parte de seu estado natural, então Harry não tinha muito problema com isso: que a escada deu vertigem, que os trens eram pequenos e faltavam assentos, que se ele voltasse a ver mais um único outdoor perderia sua capacidade de raciocinar, que se houvesse um carrinho de guloseimas como o Expresso de Hogwarts... ao fim, quarenta minutos e dois transbordos depois, Harry saiu do vagão com um zumbido estranho dentro de sua cabeça que ele tinha certeza de que nada tinha a ver com o barulho emitido pelo trem.

— Sim, acontece comigo constantemente... — Cliff respondeu quando Harry perguntou se ele também tinha aquele som dentro de sua cabeça. — São as consequências de uma exposição prolongada a Draco Malfoy. Meu médico chama isso de draconite aguda e diz que não tem cura.

Felizmente para os dois garotos, Draco pareceu perder o fôlego quando começaram a andar em ritmo acelerado pelas ruas ancestrais de Richmond, o que o forçou a mudar sua interminável série de reclamações por bufadas de fadiga. Harry jurava que Draco quase cruciou os dois quando Cliff o informou que eles ainda tinham que andar pelo menos mais dez quarteirões.

— Você deveria ser grato, Draco — Cliff zombou, olhando para o loiro por cima do ombro — Os turistas pagam para serem levados para passear a pé por essas ruas, e olha que eu estou fazendo isso sem te cobrar nem um centavo...

Cliff teve que se abaixar quando Draco lhe jogou o copo de café que acabara de comprar na estação e riu muito de sua pontaria ruim e humor pior ainda. Harry o acompanhou com um pouco de timidez, porque ele não tinha certeza de que zombar de Draco naquelas circunstâncias era muito seguro para sua integridade física e mental.

Sem parar de rir, Cliff colocou um braço em volta dos ombros de Harry, puxando-o em sua direção enquanto eles continuavam sua caminhada e deixavam o loiro furioso atrás deles.

Manual do Perfeito Gay » drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora