Regra 2

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Regra 2

Você nunca deve se apegar a nada nem a ninguém. Coloque na cabeça que nesse mundo você só tem a si e a ninguém mais além de si mesmo. Ah, e jamais apresente nenhum amigo a sua mãe.

Exceção

A única exceção a esta regra é que em caso de exceção, ninguém deve saber.

* * *

Odiava esse lugar. Santo Merlin, como odiava. Tanto, que assim que aparatou ali se sentiu quase físicamente esmagado pelo cheiro característico de pergaminho que costumava reinar nos grandes escritórios e a presença de tantos bruxos e bruxas fazendo bobagens enquanto diziam estar trabalhando em prol do mundo mágico.

Tinha estado ali poucas vezes e na verdade podia se dizer que suas primeras visitas haviam sido até certo ponto agradáveis. Quando era adolescente e acompanhava seu pai a encontros com pessoas importantes que os tratavam com enorme respeito e deferência, incluído o mesmíssimo Ministro em pessoa; já desde então detestava o lugar. A absoluta hipocrisia e interesse evidente daquelas pessoas o cansavam até adoece-lo.

Mas agora as coisas eram diferentes. Embora Lucius tenha sido solto de Azkaban ao cumprir sua condenação, o prestígio da familia havia ido irremediavelmente pelo ralo. As visitas privilegiadas ao Ministério eram coisas do passado.

E se isso não era suficiente, havia as lembranças da última vez que esteve dentro desse edifício: acorrentado de pés e mãos, com um auror vigiando-o em ambos os lados; suportando um julgamento na presença do Wizengamot, de jornalistas e de intrometidos, todos eles vorazes pelo ansiado espetáculo onde condenariam ao único filho de Lucius Malfoy a prisão. Mas para decepção de muitos (ou de quase todos, acreditava Draco), fora absolvido. Não havia nenhuma acusação a mais contra ele além da tentiva de assassinar Dumbledore durante seu sexto ano em Hogwarts, pois depois daquilo não voltou a participar de nenhuma missão dos Comensais. Snape havia se encarregado muito bem disso.

Para enorme surpresa de Draco, naquele  julgamento Harry Potter tinha testemunhado a seu favor. Draco quase morre de susto quando escutou O Eleito informar que tinha presenciado o acontecido na torre; e ao ouvi-lo narrar fielmente o que houve, não lhe restou dúvida de que dizia a verdade. Isso, somado ao testemunho de Snape onde este assegurava que Draco havia atuado sob coação e que ainda não portava a marca, foram provas suficientes para deixá-lo em liberdade.

Incapaz de agradecer a Potter, Draco havia saído ao mundo recém liberto de Voldemort sem olha-lo na cara nem uma só vez; incrédulo porque finalmente poderia voltar a Mansão Malfoy ao lado de sua mãe e viver em paz depois de ter pensado que nada voltaria a ser como antes. Mas jamais esqueceu o que seu rival fez por ele. Harry Potter tinha lhe salvado esse dia e voltou a fazê-lo um tempo depois. E aquela segunda vez foi quando Draco não pôde evitar cair nas redes do encanto do moreno, embora tenha tido que se conformar com sua amizade pois o namoro que Potter já levava com o estúpido do Creevey tinha deixado Draco sem oportunidade de outro tipo de aproximação.

Depois de suspirar e ajeitando o rosto para não demostrar a repugnância que sentia, Draco saiu de uma das tantas cabines utilizadas para aparatar que estavam em um corredor do oitavo andar do Ministério. Ele alisou a impecável camisa e recorreu o átrio dando passos longos e firmes com direção aos elevadores; sabia que Harry trabalhava no terceiro andar apesar de que jamais havia lhe visitado em seu escritório antes dessa tarde. E não teria feito nunca se sua mãe não tivesse lhe deixado outra alternativa.

Manual do Perfeito Gay » drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora