6 Variando

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Como prometi pra Fatinha, fiquei de boa a semana toda, com muito sacrifício é claro. Acabei saindo na quarta pra me distrair numa "festinha" na casa do Vini. Mas o resto da semana, fiquei quieto em casa, e sem receber minhas visitas costumeiras. Assim consegui dar alguma atenção para as coisas que eu não tinha tempo. Embora eu passasse a maior parte do tempo no videogame mesmo.

Na quinta, o caminhão veio pegar o Galak. A prova da edição especial em Barretos costumava ser bem legal. Infelizmente o Ivan me avisou que eu ia fazer a prova de regularidade lá também. Considerando a última, talvez não fosse tão ruim.

Na sexta depois do almoço, parti pra Barretos, quase quatro horas de viagem, mas fui curtindo um som, e tudo bem. Parei num posto, e encontrei uma galera indo pra lá, novatos procurando diversão. Eu curtia novatos nas provas, parecia até que a gente que já corria era algum tipo de celebridade pra eles.

Conversei um pouco, e voltei pra estrada.

Cheguei no fim da tarde, e fui direto para o trailer que o Ivan tinha alugado, e a corrida ia ser bem cedo, joguei minhas malas no canto, e voltei para procurar o pessoal. Encontrei o Vini tentando xavecar duas garotas bem na frente da tenda do Galak, não aguentei de vontade de rir. Era um babaca mesmo. Passei o braço pelos ombros dele.

— E aí? Como é que vai, Vini? – falei, olhando dele pra elas.

E a cara dele desmanchou. Será que ele tava achando que ia ficar com as duas? Eu ri, coitado, isso era só pra profissionais.

— Não me apresenta suas amigas? – eu ri, e ele ficava cada vez mais puto.

— Léo, essas são Verônica (uma loira maravilhosa, de olhos verdes, e eu sabia que ela, era o alvo dele) e Sophie (uma moreninha de dar água na boca). Meninas, esse é o Léo, o piloto que corre comigo.

As duas se viraram pra mim, feito corujas.

— E aí, como vão? – sorri pra elas – Vão assistir a corrida?

A loira fez uma cara de safada pra mim, quase se derretendo. Ah não, nada disso. Ela ia ficar com o Vini. Eu não ia ser tão lazarento assim.

— Vamos sim, a gente adora rally. – a moreninha respondeu pra mim.

— É mesmo? – duvido. – Quer dar uma volta por aí? – sorri pra ela

Ela quase deu um pulo. — Claro. Vê, te encontro depois, tá. – ela deu um tchauzinho pra amiga, que me olhou meio decepcionada, e eu dei uma piscadinha para o Vini.

A tal Sophie, desatou a falar, eu já não sabia o que fazer, ela falava de mais, já tava me irritando. Parei de frente pra ela na entrada do posto, a encarei, e ela prendeu a respiração. A puxei pra mim, á beijando, e sentindo uma agradável sensação no silêncio daquela boca na minha. Ela se empoleirou no meu pescoço.

— Quer ir para o meu trailer? – perguntei enquanto ela me olhava com os olhinhos brilhando.

Ela me deu um sorrisinho – Quero.

Sorri pra ela, e desistimos de entrar no posto, voltei para o trailer, e rezei para não ter ninguém por lá, ou teria que mudar meus planos. Ela não era dessas vagabas que eram muito fáceis, ela era um pouco tímida. Foi bem interessante, tentar fazer as coisas com mais calma, pra variar. Não era meu estilo, mas eu podia tentar, pelo menos no começo.

Admito que não deu muito certo, eu realmente não servia pra ser delicado com ninguém.

A deixei estirada na cama. Com uma maldita mordida na barriga... Mas que inferno! Tava perdendo minhas habilidades? Eu sempre amei morder garotas, mas não costumava deixá-las marcadas. Assim que ela dormiu, eu me levantei, e me sentei na janela, outra vez sem um pingo de sono. Ah que merda. Por que isso tava acontecendo? Caramba, eu precisava descansar pra corrida.

Ela se mexeu na cama, resmungando, e franzindo a testa. Tadinha. Dava pra ver que ela não estava acostumada com aquilo.

E ah, que inveja... Inveja de quem dormia daquele jeito.

Me enfiei nas cobertas da cama. Acho que funcionou por quase uma hora.

Acordei às cinco da manhã, olhei para o lado e vi o Du e o Fabio desmaiados nas outras camas. Fui para o café... Fome, e mais fome. Estava me empanturrando quando Vini se sentou na minha frente com a cara toda amassada.

Eu ri. – E aí? Pegou a loira, ou não?

— Peguei. – ele respondeu – Você é um merda. Por que teve que ir lá naquela hora? – ele me encarou.

— Cara, se eu não fosse, você ia ficar chupando o dedo. Depois que levei a amiga dela, é claro que ela ia ficar com você. As garotas nunca querem ficar sozinhas. E você tava lá pra isso. – eu ri.

— Porra... Valeu a aula de mau-caratismo logo de manhã. – ele riu.

— Conhecimento pratico, cara. – desdenhei. — Mas por que a cara de merda?

— Velho, levar uma gata daquelas pra dormir em barraca? É uma porra né.

Eu ri quase engasgando — Só falta você achar que ia deixar você ficar com o trailer. Se toca Vini.

Ele revirou os olhos, e vi a Elise passar atrás dele com sua mochila, e cheia de papéis. E aposto que um deles era a minha planilha de hoje. Ela era tão dedicada. Eu queria entender a cabeça dela. Pra que ajudar a gente? Na maioria das vezes ela acabava virando chacota por aí. Mas ela não dava à mínima. Continuava sempre com suas ideias pra ajudar.

Ela terminou o café rápido, e saiu.

— Bora lá trocar de roupa, que temos que ir pra pista daqui a pouco. – Vini se levantou, e eu fui com ele.

Voltei para o trailer, os outros já tinham sumido, e a garota ainda dormia. Peguei meu macacão, o vesti, e me sentei na cama para acordá-la.

— Ei, eu tenho que ir pra pista. – sussurrei pra ela.

Ela levantou a cabeça, se esforçou pra conseguir se sentar na cama, e mesmo com cara de dor, sorriu pra mim.

— Você quer ficar mais um pouco aqui? — perguntei, ela estava até atordoada de sono, e aparentemente, bem dolorida. Fiquei com pena.

Ela assentiu.

— Sem problemas, quando sair, bate a porta.

Ela sorriu. – Boa sorte. – falou, rouquinha de sono.

Eu ri, surpreso. — Valeu — dei um beijinho nela, e saí.

Garotas delicadas também podem ser bem divertidas. O problema delas, é que geralmente, eram carentes, e não queriam se divertir. E isso me fazia ainda mais canalha.

Desci, e encontrei Vini me esperando no Galak, para irmos até o local da nossa largada.

— Cara, cê acha que eu devia ir falar com a Elise? – perguntei pra ele, quase pensando alto. Talvez ela pudesse me dizer alguma coisa.

Ele me olhou meio estranho. – Pra que? – ele retorceu a cara pra mim.

— Sei lá, não falei com ela esse fim de semana.

Ele fechou os olhos, irritado. – Cala a boca, e fica aqui. Não vai atormentar a garota não.

Me rendi. – Ta bom, tanto faz, é que nem consegui agradecer pela prova da semana passada.

— Ela não fez por você! Ela fez pela equipe, Léo. – ele quase me fuzilou com os olhos.

— Nossa. A loira te deu muito trabalho, é? Ta de ovo virado?

— Não, a loira não tem nada a ver com isso. Fica na sua, tá.

Nossa, tá... Fazer o que? Ele estava irritado, e eu nem sabia por que. Eu estava irritado por causa dessa prova idiota.

Minha adorável Pimentinha (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora