8 Tentando arrumar a merda!

1.3K 164 229
                                    

Me aproximei devagar, estava tudo escuro, só tinha uma luz fraca no fundo da tenda, e as luzes da rua.

— Elise? — chamei baixinho sem enxergar direito, mas vi ela de costas, vestir uma camiseta correndo. Tão rápido que quando foquei os olhos, já estava vestida.

— Que foi, Léo?! – ela falou irritada.

Me aproximei, e parei próximo ás costas dela. Eu nem sabia o por que de eu estar ali. Mas eu tinha que estar. Ela se virou pra mim, e seus olhos estavam inchados de chorar, brilhando na luz fraca, e suas lágrimas se misturavam com o sangue em seu rosto. Meu Deus. Aquilo me fez ficar mudo por um instante.

— Trouxe isso pra você. – entreguei a caixinha pra ela, mas minha cara devia estar mortificada.

— Obrigada. – ela pegou, e a jogou em cima da mesa, realmente não tava dando a mínima para aqueles machucados.

Tentei pensar em qualquer coisa pra falar, eu queria que ela parasse de chorar.

— Elise, não fica assim, ainda faltam duas semanas... Até lá, você dobra o velho. – tentei consolá-la, mas eu não sabia fazer isso.

Ela riu, quase bufando.

— Não Léo, já era... – ela riu mordendo o cantinho da boca pra não chorar mais. – Você viu o que ele disse? Vai me mandar pra ela...

Eu não sabia o que aquilo significava, mas pela reação deles, devia ser horrível mesmo.

— Não, ele não vai fazer nada Elise, você...

Ela me interrompeu — Escuta, volta pra lá, vai dormir, amanhã você tem prova, não quero atrapalhar você. – ela tentou me empurrar pra fora. Mas eu não ia sair. De jeito nenhum eu ia deixar ela daquele jeito. Segurei os pulsos dela, e a encarei.

— Vem cá, há quantos anos você me conhece? Acha mesmo que vou te deixar aí sangrando, e ir dormir por causa de uma porra de corrida? – eu sorri pra ela.

Ela me deu um sorrisinho sem graça, e baixou a cabeça. — Tá, como quiser. – ela deu de ombros.

Eu soltei os pulsos dela, e a agarrei pela cintura, pra colocá-la em cima da mesa, atrás dela. Ela arregalou os olhos assustada. Acho que não esperava que eu a pegasse assim. Tive que me segurar pra não rir.

Peguei uma garrafinha de água no isopor, e a caixinha atrás dela, molhei uma gase. Sabendo que ela estava acompanhando cada movimento meu.

Entreguei a gase pra ela — Passa você, tenho mãos de ogro. – eu ri, e me virei para pegar um retrovisor reserva na bancada.

— Empatamos nessa, então. – ela brincou. Eu ri, e ela começou á limpar os cortes, enquanto eu segurava o espelho pra ela, e aquilo me dava arrepios, a sobrancelha dela não parava de sangrar, e nem cara de dor ela fazia. Como podia, ela ser tão forte assim?

Ela pegou o espelho da minha mão, pra olhar o corte da sobrancelha mais de perto, era um corte grande, não era muito fundo, mas pelo tanto de sangue, talvez precisasse até de pontos.

Fiquei olhando pra ela enquanto ela limpava os machucados sem nenhuma delicadeza.

Ela pulou da mesa, e foi até a bancada de peças, se abaixou, eu fiquei curioso, cheguei mais perto. Vi ela pegando um potinho branco, abriu, encheu o dedo e passou sobre o corte.

Que diabos era aquilo? Será que ela sabia o que tava fazendo?

— Que isso? – perguntei espantado.

Minha adorável Pimentinha (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora