5- A perversa tia Norma

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No interior, na cidade de onde Lia veio, chega à pousada um casal de homossexuais homens. E Norma, tia de Lia, se recusou a atendê-los. E pediu que a filha fosse até eles:

"Vai lá você, Yoná! Atenda as bichas. Você sabe que tenho pavor dessa raça de invertidos!"

"Mãe, pelo amor de Deus, fale baixo! Isso dá até cadeia!" - Sussurrou Yoná, ajeitando o cabelo e seguindo em direção ao balcão após ver os hóspedes pela janela do quarto dela, que era de frente para a recepção.

"Ah, palhaçada! No meu tempo outras coisas davam cadeia. Agora tenho que ter cuidado para falar de veado, sapatão e gente preta? Me poupe!" - declarou Norma sentando na poltrona do quarto da filha e fazendo sinal para que ela fosse até os rapazes interessados em alugar um quarto. E ela foi:

"Oi! Vocês querem alugar um quarto?" - perguntou Yoná.

E um deles respondeu:

"Oi, boa tarde! Aqui é próximo ao centro turístico e a cachoeira de Igara, certo? Se for, vamos querer sim!"

"Olha, depende do que você considera perto. Tem que andar um pouco. E condução aqui costuma demorar." - respondeu Yoná olhando os rapazes de cima a baixo. Eles olharam um para o outro. Pareciam falar com os olhos. E praticamente juntos agradeceram e foram em direção à pousada que ficava mais adiante.

Yoná voltou para o quarto e contou para a mãe o que tinha acontecido. E ela não gostou:

"Burra, isso é o que você é, burra! Sorte ter saído bonitinha. Tinha que bajular. Esses afeminados pareciam ter dinheiro. E a gente não está podendo escolher."

"Ué, mãe. Então você deveria ter atendido."

"Eu atendo se eu quiser, garota! Mais respeito comigo. Está pegando mania da ingrata da Lia, é? O que faltou foi eu te dar umas boas surras, igual eu fazia com ela. Porque pelo menos aquela ali sabia trabalhar. E ainda me respeitava."

"Mas mãe, não falei nada demais. Precisa me comparar com a sonsa?"

"Estou cheia de problemas na cabeça, Yoná! As contas daqui estão só se acumulando. E você ainda quer que eu fique dando trela para os seus caprichos? A fedelha da Lia nunca perderia um hóspede. Agora vá procurar o que fazer porque serviço aqui é que não falta." - esbravejou Norma fumando um cigarro e mexendo no celular.

Yoná saiu. E no corredor mandou uma mensagem:

"Nem sei se poderemos nos ver hoje. Minha mãe está um porre! Mas amanhã sem falta nos encontramos. Tá bom? Beijo!"

A pessoa respondeu que tudo bem. E Yoná foi lavar um banheiro lembrando com muita raiva da prima. Ainda mais tendo que fazer agora tarefas que só Lia fazia.

Yoná tinha vinte e sete anos. Era bonita e vaidosa, mas principalmente por viver lutando contra a balança, tinha inveja de Lia, que era a dona do corpo dos sonhos dela - inclusive após ter uma filha. Além de ter sido obrigada a conviver por muitos anos com as comparações sobre a prima ser melhor em tudo.



Quando você chegou (em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora