"Oi, bom dia! Sou a Lia. Por favor, o Sr. Gustavo?"
"Ele ainda não chegou. Seria sobre o quê?" - perguntou a recepcionista do hotel reparando os trajes simples e o cabelo desajeitado da moça.
"Ah, desculpe! É para a vaga de camareira. Fiz um processo seletivo e no escritório pediram que eu o procurasse." - respondeu Lia.
"Entendi. Vou pedir que a Monique venha te buscar. Ela é a responsável pelo hotel na ausência do gerente. E não era para você ter entrado por aqui... mas a Monique te explica depois."
"Eu aguardo. E eu não sabia. Mesmo assim, obrigada!" - agradeceu Lia observando o hotel.
Ela veio do interior do Rio de Janeiro e nunca tinha visto nada sequer semelhante - a não ser na TV. E olhava para cima, para os lados, para as pessoas que passavam por ela. Até que uma voz a interrompeu:
"Menina! Menina!" - repetia Monique.
"Perdão! Acabei me distraindo. Impressionante como aqui é grande, bonito, como as pessoas são chiques e..." - tentava concluir Lia.
"É sim. Agora vamos?" - disse a subgerente do hotel revirando os olhos demonstrando impaciência com o vislumbre da futura camareira. Ela não percebeu.
"Vou te mostrar o básico aqui. E a Luana, uma das mais antigas, te passa o resto depois, ok? E lembrando que a entrada e saída de funcionários é outra. Só os hóspedes passam pela principal."
Mal deu tempo de Lia concordar. Monique falava tudo rapidamente, deixando-a intrigada com a capacidade de dizer tanta coisa sem respirar. A subgerente parecia um robô - andando, gesticulando e até mesmo sorrindo no automático. Sem saber como agir, Lia balançava a cabeça e fazia cara de quem estava entendendo tudo.
"Então é isso, "Lina"! Agora tome o seu uniforme e pode ir se trocar naquele local que te mostrei."
"É Lia, Dona Monique!" - corrigiu Lia a chefe olhando para o corredor sem ter noção de onde seria a tal sala onde as camareiras ficavam, pois estava perdida com tantas informações.
"Oi?" - questionou Monique enquanto conferia minuciosamente a limpeza e a organização de todos os ambientes por onde passava.
"O meu nome é Lia!"
"Mas foi o que eu falei, menina! E agora me dê licença porque tenho milhares de coisas para fazer por aqui. Ainda mais segunda-feira. Qualquer coisa fale com a Luana."
Lia pensou em pedir para a subgerente repetir o número da sala para onde ela deveria ir, mas percebeu que não seria boa ideia. E com o uniforme nas mãos dentro de um saco transparente e sua mochila nas costas, deu uma volta pelo corredor para tentar relembrar. Foi salva pela colega que estava incumbida de ajudá-la:
"Ei, está perdida?"
"Não, moça! Bom, na verdade mais ou menos. A Dona Monique mostrou todo o ambiente e não consigo me lembrar onde devo entrar para me trocar." - alegou Lia com receio de dar a entender que a subgerente teria repassado tudo às pressas.
"Não esquenta! Todos ficam confusos com a agitação da Monique. E prazer, sou a Luana! Você deve ser a "Eliane", é isso?"
"Que alívio, Luana! Eu estava esperando justamente por você. E é Lia o meu nome. Nossa, todo mundo confunde. É tão diferente assim?"
"Se esse todo mundo inclui a Monique, você não precisa se preocupar. Ela não costuma gravar o nome de ninguém. É essa sala aqui, entre!" - falava Luana com Lia após andarem pelo enorme corredor. E ao entrarem questionou:
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Quando você chegou (em andamento)
RomanceLia perdeu os pais num acidente de carro quando era pequena; foi abandonada grávida pelo namorado na adolescência e sofreu maus-tratos nas mãos da tia que a criou. Ela não confiava mais nas pessoas. E o seu único desejo era recomeçar a vida no Rio d...