Calma

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Tudo era cinza, era tudo que eu conseguia enxergar, e o corpo dela, pálido, no chão. A pele ainda era macia, a boca ainda era a boca dela, o coração não batia mais, e o meu parecia escola de samba, eu te amo, eu te amo, era tudo que conseguia escapar dos meus soluços, eu não obtinha resposta, ela estava morta.

O bom de você ter sonho lúcido é saber que está sonhando, você pode fazer o que quiser e tem consciência que seu corpo está na cama, o ruim é pra acordar, você sente que uma pedra cai com toda pressão do céu em você, e lá vem a falta de ar. ACORDA, ELA ESTÁ VIVA, ACORDA! Lá vem a pedra. Nunca contei pra ela o que sonhei naquela noite.

- Ainda esta acordada monstrinho?

- Falei que estava sem sono, e você nem quis fazer massagem, poxa.

Eu sorrio e fico admirando como ela é linda, ainda esta com aquela cara de que quer falar algo.

- Tem certeza que não quer falar nada?

- Uhum. - diz esfregando as mãos.

Sou tão feliz por tê-la, fico olhando o nervosismo dela e me estressando com o colchão que toda hora se afasta.

Já era 4:00 hrs da manhã.

- Vou voltar a dormir, ok?

- Não!- ela gritou

- O que foi?

- Nada, foi reflexo.

- Você esta bem, cara?

Ela assentiu. O cabelo no ombro, uma mecha loira que se perdia no castanho, o cabelo dela ainda não estava azul, uma blusa preta com uma nave na frente, uma bola, não sei o que era aquilo, um short que não a pertencia, antes de usar ele, tentamos com toda brutalidade do mundo botar um short rosa nela, ela lutou com todas as forças que cabia naquele corpo pequeno, tanto que quebrou a tela do celular. Meus pensamentos foram interrompidos.

- Ei, quero falar uma coisa.

- Então fale- preciso de 10 segundos de coragem.

Ela era vergonhosa, do tipo que não beija em público, não abraça, não dá as mãos, se faz uma dessas coisas faz olhando para os lados e rindo de nervosismo, esse foi um dos motivos da nossa desconstrução, eu amava afeto, em qualquer lugar, a qualquer hora.

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- Vou ir dormir. - disse enfim.

- Ta bom.

Virei para o canto, quando puxei a coberta ela sentou.

- Espera!

Já irritada com a situação. - FALA.

- Cara então, isso é muito difícil pra mim, tipo muito mesmo, é, então, você, quer...

Antes que ela pudesse terminar meus olhos ficaram marejados e num salto a derrubei.

- Sim, sim, sim!

- Comigo. - disse imóvel se entregando ao abraço aos poucos.

- Eu te amo namorada.

- Eu te amo namorada.

Ainda era dia 7 de dezembro.

Prometo não falharOnde histórias criam vida. Descubra agora