Epílogo

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Isso é tão irônico, o destino é tão irônico, a força do pensamento, tudo, exatamente tudo hoje foi uma tremenda ironia.

O dia não foi legal, acordei as 14:00 hrs, me sentia pesada, sozinha. Eu já não controlava mais, ela brotava em meus olhos eu tentava enxugar antes que ela escorresse. Fui para o meu ninho, deitei em minha cama, e li em minha parede em letras tortas escritas erradas "Wonderwall" e me dei conta do porquê eu estar tão triste. Lembro-me de quando ela escreveu isso na parede, eu achei lindo. O garrancho dela cheio de erro de ortografia pra mim também era poesia, era dia 1, faltava quase uma semana para completarmos quatro meses que não nos pertencíamos mais.

Era quase 18:00hrs quando postei no Facebook "Estou mal, preciso sair". Imediatamente meu amigo comentou e saímos para dar uma volta na cidade. As 19:00hrs chegamos à praça, meu amigo foi comprar um isqueiro, eu fiquei distante roendo as unhas e olhando para meus sapatos. Estava tocando Ed Sheeran – Photograph, a área da expo nunca ajudava com suas músicas. Só de estar escrevendo ou tentando descrever este momento meu coração parece uma escola de samba. Fazia meses que eu não a via, e não tinha notícias dela, ela era bem reservada, discreta. Foi quando ainda roendo as unhas levantei meus olhos, foi aí que eles mandaram sinais de saudade, afeto, carinho, amor e desespero para o meu coração. Lá vinha ela e o Théo, o pequeno Théo que eu mesma dei para completar nossa família.

Coração, para! Para! A blusa pulsava junto com os batimentos, ela me viu, sem pensar me joguei nos seus braços, era o mesmo abraço de minutos, apertado ao ponto dela sempre comentar.

- Estou sentindo seu coração.

Eu não sai do abraço.

- Oi, tá sozinha? Enfim soltei.

- Sim, trouxe o Théo para passear.

- Hum, vamos dar uma volta?- arrisquei.

- Hum, claro, bora.

É claro que nós duas estávamos nervosas, mas disfarçamos tão bem que eu poderia jurar que nunca tínhamos nos separado, fomos para a arquibancada que a um tempo atrás me fez ciúmes com uma simples foto de perfil, aproveitei e olhei para foto de tela de seu celular, não era mais eu. Théo ficou fazendo uns charmes, sentamos, o vento estava forte, bagunçava nosso cabelo, a lua era minguante, estávamos quietas. Eu olhava-a de rabo de olho e ela se continha para manter o rosto reto, era a cara dela ser assim.

Trocamos meias palavras, ela disse que tinha de ir embora, segurei a lágrima, não ia chorar na frente dela.

- Preciso ir ajudar minha mãe.

- VOLTA.- gritei sem querer.

- Vou demorar, não quero atrapalhar. - ela e sua mania de achar que atrapalhava tudo.

- Volta.- Falei com afeto.

- Vamos fazer assim, te ligo quando terminar de ajudá-la. - disse levantando e ajeitando o Théo.

Concordei, dei um abraço forte e percebi que ela também me apertava. Ela foi indo com o pequeno Théo, fiquei com medo dela não voltar, mas não ia chorar. Juntei-me aos meus amigos, Robert e o casal mais lindo da minha cidade. Tentei a todo tempo não chorar, quando os minutos iam se passando, ela não ligava. Começou a tocar Rubel.

21:06hrs

- Ainda está ai?

ELA MANDOU MENSAGEM.

Respondi que sim com euforia, a chuva caía e eu tremia de frio.

-Vou tomar um banho e partir, quer um casaco?

Prometo não falharOnde histórias criam vida. Descubra agora