Ciúmes

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Alguns tem pouco, outros tem muito. Uns usam ele como forma de amor, outros dizem que ele em exagero não é amor, é possessão, mas qual é a diferença entre amor e possessão? Ser possesso é querer dominar, o amor não é domínio, é afeição. Eu poderia estar escrevendo tantas coisas bonita, ainda mais agora que começou tocar Of Monsters And Men - Dirty Paws. Voltando, quando estamos apaixonados ficamos tão cegos, escutar é algo quase cômico, raro efeito. Ao final você para e analisa quantas foram as vezes que você sentiu em excesso e não era necessário? Poucas vezes você vai ter a oportunidade de sentar e rir disso, outras você só leva como aprendizado mesmo. Sentir demais, sentir de menos, sentir, não sentir, fluir, controlar, CONTROLAR seria o ideal, eu nunca fui boa em autocontrole, então era quase um paradigma, padrões psicológicos. Do que estamos falando afinal?

A praça era dividida em três partes, a famosa área da exposição que não era tão famosa assim por conta dos assaltos. Tinha a parte que ficava o pessoal da escola, os mais novos, já fiquei muito ali, tem umas árvores e um gramado.

Tem a parte dos banquinhos, onde normalmente vão fumar ou namorar. Tem a outra parte que era pra ser um teatro ao ar livre, tem uma arquibancada grande, lá de cima você vê toda a área da expo, la é a junção de todas as outras duas partes. Estamos aqui agora, está ventando muito.

- Tá fazendo o que?- Perguntei quebrando o silêncio que tinha entre meu açaí, ela e o celular.

- Nada demais. - disse sem olhar pra mim.

E pronto, lá estava ele, chegando de fininho, fazendo meu coração bater forte, lábios tremerem.

- Que horas são?- me inclinei para o seu celular.

-20h30min.- disse se esquivando e rindo pra minha cara.

A princípio eu achei que fosse eu, nessa época meu cabelo estava ruivo e comprido. MAS NÃO, NÃO ERA EU.

-Por que a Hayley Williams está na sua foto de capa?- falei impaciente.

- Ela é a mulher da minha vida. - disse debochando.

Pronto, ele já estava sobre meu controle novamente. Peguei minha bolsa, meu açaí e sai andando.

- Então fica aí com a mulher da sua vida!

Ela demorou pra assimilar o que estava acontecendo, o porquê de eu ter surtado, e confesso que até eu nesse momento estou tentando entender. Ela levantou, coçou a cabeça, olhou para o celular, fez um bico e uma espécie de negação com a cabeça e veio atrás de mim, eu apertei o passo para que ela não pudesse me alcançar.

Assim que cheguei a casa fui direto para o banho, penteei meu cabelo, minha franja torta, me enrolei na toalha. Fiquei um bom tempo tentado achar uma roupa confortável na bagunça do meu guarda roupa. Não achei nenhuma blusa larga, vesti a calcinha e assim fiquei. Fui à geladeira quando a porta fez um barulho, era ela, e eu ainda estava puta.

- Está chateada ainda chatinha?- ela tentou entrar com um sorriso.

Eu me desvencilhei.

- Vai ficar peladona?

Fechei a geladeira e encostei-me à parede de braços cruzados tapando os seios.

- Voce é a mulher da minha vida, está surtando atoa monstrinho.

Continuei quieta, a raiva tinha passado.

- Essa sua franjinha está a coisa mais linda do mundo. - disse colocando minha franja pra cima.

Consertei e comecei a rir, não queria, mas já estava rindo.

- Fica mais bonita assim.

- Cala a boca. - ainda encostada na parede olhei para o lado.

1,2.

- "XXXX".

E lá estava ela correndo pela casa com uma foto minha, que provavelmente estava ridícula. Cabelo roxo, franja ridícula, sorriso escancarado, cabeça para o lado, me odiava de perfil, olhos fechados, saboneteiras a mostra.

- Agora vai ser a capa do meu celular. - me mostrou a foto de longe.- Parece uma flor, tive uma ideia.

- Tira outra, essa esta ridícula.

Ela fez que não, e eu tentei pegar o celular dela, falhei. Enfim fui para o quarto me enrolar nas cobertas, fiquei lá deitada pensando no paradigma que é sentir isso, e tudo aquilo que estava pensando mais cedo. Alguém bateu a porta, era ela. Parou, sorriu olhando para sua nova foto de capa, eu fiquei pensando que num relacionamento alguém tem que ceder, e ela, era ela que cedia sempre, por que eu deixava isso acontecer? Eu nunca cedia, talvez esse tenha sido um dos motivos que levou a nossa desconstrução. Enfim ela olhou pra mim e disse:

- Sapatão com ciúme é o bicho.

E saiu rindo.

Prometo não falharOnde histórias criam vida. Descubra agora