Rabiola, coisa estranha

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Já era a terceira pessoa que me lia, me dobrava ao meio e me deixava em algum lugar. No banco, no ônibus, na lixeira mais próxima. Já passei na mão de muita gente, e logo depois dispensada.

Já fui observada por muitos olhos, tocada por muitas mãos, e de novo jogada no lixo mais próximo.

Não sei se é a piada que conto, as tragédias que retrato, as mentiras que conto, ou por eu ser a doida dos signos, eu tenho cheiro de coisa velha, talvez seja isso. Não importa o motivo, mais uma vez estou sendo jogada fora. Dessa vez um cara de roupa amarela me jogou dentro da casa de uma pessoa. Quando a pessoa me pegou eu senti que foi diferente, ela me olhou, passou a mão em mim, parecia feliz e pensativa, a pessoa me enrolou e me levou para dentro de sua casa. Começou a me decorar, fazer dobraduras em mim, estávamos nos divertindo tanto.

ENTÃO ela botou um véu em mim, chamou de "rabiola", ela me acendeu e ficou fazendo vento em baixo de mim, eu comecei a subir, ela estava feliz e eu também estava, quando me dei conta estava sobre as nuvens, ela me deu tchau, eu não podia acenar de volta, mas estava tão feliz que... Explodi!

Eu tinha de novo ido embora, mas não foi como das outras vezes, eu tinha sido bordada, reinventada, colorida. Flutuei, Flutuei de uma forma que nunca pensei em flutuar, eu ate já voei algumas vezes, quando eu era deixada no chão o vento batia e eu saia poucos segundos dele. Mas desta vez essa pessoa simplesmente me tirou de órbita. Conseguiu transformar um jornal velho num lindo balão de véu de rabiola. Foi diferente, eu acho que é por que ela tinha, fogo.

Prometo não falharOnde histórias criam vida. Descubra agora