Dois

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You keep on telling me I'm wasting time

But to call it wasting time, oh that's a crime

And you think it's crazy what I'm tryna do

Well baby, I'm a fool for you


Em um instante, ela está dirigindo e pensando e pensando e pensando e tentando fazer com que os pensamentos parem; no outro, o carro está capotando e ela não sabe onde foi parar o que a atingiu, mas sabe que vai morrer.

Ela pensa em sua mãe.

Pensa no irmão mais novo.

Pensa em Ry.

Ela sente saudade dele, mas vai morrer e não tem nada que possa fazer.

xxx

Eu vou morrer.

Eu vou morrer.

Eu vou morrer.

Eu vou morrer.

xxx

Eu não morri.

xxx

É a primeira coisa que passa pela cabeça de Melody quando a consciência volta. Ela não sabe onde está, mas seu primeiro palpite é um hospital. Como sempre, um pequeno furacão habita sua mente e ela precisa de bem mais que um minuto para conseguir focar em uma coisa só.

Os flashes do acidente passam em sequência rápida sob suas pálpebras fechadas e ela tenta impedi-los, mas eles são mais rápidos.

Ela não morreu.

Um alívio preenche seu peito e ela respira fundo, sentindo toda uma nova forma de apreciação por seus pulmões e pelo trabalho que eles realizam sem que ela perceba.

Depois que aquela calma superficial se espalha pelo resto do corpo, Melody percebe que o cheiro de Ryland está por todo lugar. Talvez seu cérebro esteja lhe pregando uma peça (não seria a primeira vez); talvez alguém com o perfume dele tenha passado por perto; talvez ela tenha mesmo morrido e esteja em outro lugar, um lugar rodeado pelo cheiro dele, e a sensação é ótima. Faz muito tempo que ela não sente aquele cheiro, porque a camiseta velha que conseguiu guardar já perdeu a essência há meses.

Ryland Winters...

É incrível como Melody não consegue evitar pensar nele, mesmo estando em uma cama de hospital. Porém, como com todas as outras coisas que passam por sua cabeça, não é algo que consegue controlar.

Assim como o próprio Ryland.

Ry é uma pessoa incontrolável e livre, eles dois juntos são incontroláveis e livres, mas ela não tem controle sobre muitas coisas e nunca se sente livre sozinha e precisa ter controle sobre algo e sua mente não a deixa em paz e ela fica pensando nisso e pensando e pensando até que o monstrinho em sua cabeça, a ansiedade que não vai embora, se recusa, gruda e não solta, assume o controle, coloca paredes entre eles e...

Pausa.

Precisa de uma pausa.

Precisa lembrar de suas consultas.

Precisa lutar contra o ciclo negativo de pensamentos.

Respira.

"Eles dois juntos" é algo que não existe mais.

Mas Ry ainda é incontrolável e livre e isso é o suficiente para Melody.

Ela nunca quis prendê-lo e arruinar a beleza da liberdade que ele carrega, não queria continuar desperdiçando o tempo precioso que ele passaria vivo neste mundo, não desejava que ele seguisse insistindo em algo que só iria arrastá-lo para o fundo junto com ela.

Toda a linha de raciocínio é algo que a corrói por dentro e que, no fundo, ela sabe que deveria ter explicado a Ry, mas simplesmente considerar ligar e falar com ele é algo que faz suas mãos tremerem e seus olhos lacrimejarem e a sobrecarga de sentimentos é tão grande e ela precisa se controlar.

E, ainda assim, depois de cinco meses, o cheiro dele ainda está lá.

Os olhos dela ainda estão fechados e seus pensamentos ainda correm em diversas direções e, por isso, ela se assusta com a voz tão familiar ecoando pelo quarto.

― Mel?

Em um instante, tudo para; no outro, tudo volta a correr.

xxxxxx

(05/05) Demorou MAIS AINDA! Peço peço mil desculpas a quem leu a primeira parte e ficou esperando por mais indefinidamente, com toda a coisa do meu computador queimando e etc. Faz uns bons meses que não escrevo nada e eu tive que reformular 100% o que estava pensando pra esse "conto" graças a perda do meu arquivo, então desculpas duplas se estiver um desastre.

Opiniões? Estrelinhas? Prometo que volto em breve! Beijos <3

This Is What It TakesOnde histórias criam vida. Descubra agora