Quatro

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And if this is what it takes

Then let me be the one to bear the pain

If this is what it takes

I'll break down these walls that are in our way

If this is what it takes


Quando ela acorda, os corpos dos dois estão entrelaçados e a familiaridade é tão grande que é como se houvesse se passado cinco minutos ao invés de cinco meses (quase seis, seu cérebro automaticamente lhe corrige).

Ry sempre está quente e ela sentiu tanta falta do calor dele e de dormir tão perto e de conseguir dormir tantas horas seguidas que a única coisa que consegue fazer é tentar chegar mais perto ainda e eliminar toda e qualquer distância que ainda exista.

Dormir é um problema constante em sua vida, mas um que é muito mais fácil de lidar quando Ry está ao seu lado e, da forma mais irônica existente, ela só se deu conta disso depois que não o tinha mais.

É delicada, a relação dos dois.

Eles se amam.

Ry a ama. Ele a ama do jeito que ela é, com a ansiedade e a insônia e a tristeza e a necessidade de tentar controlar qualquer coisa que seja, ainda que essa coisa seja a relação deles.

Mel o ama. Ela o ama do jeito que ele é, com a liberdade e a indomabilidade e a risada alta e o cabelo longo bagunçado e o jeito relaxado com que ele faz tudo, ele é tranquilidade, ele é paz.

Mas Mel sabe que o amor dela nunca vai ser o suficiente e que o amor dele nunca vai parecer verdadeiro, enquanto ela não se aceitar e aceitar a ansiedade e a insônia e a tristeza e a necessidade de tentar controlar qualquer coisa que seja.

Tudo gira em torno da frase motivacional que ela mais odeia: antes de amar alguém, você precisa amar a si mesmo.

Por que alguém a amaria quando ela mesma não se suporta?

Porque Ryland a amaria quando ele é livre e ela vive presa dentro da própria mente?

Apesar de tudo, nos cinco meses desde que o havia deixado voltar a ser livre, ela vem tentando melhorar. Cada dia é difícil, cada noite é pior ainda, mas ela tenta (e a psicóloga a ajuda; às vezes, a empurra). Ela tenta tanto que, às vezes, se esquece de coisas como trocar seu próprio contato de emergência.

Mel sabe que não existe solução milagrosa e que não vai acontecer em um estalar de dedos. Em alguns dias, ela ainda sente vontade de morrer e mal consegue levantar da cama, mas a frequência desses dias vem diminuindo e isso a incentiva a continuar tentando.

O acidente havia sido, de fato, aquilo: um acidente, causado por um motorista (provavelmente bêbado) que havia fugido sem prestar socorro. Diferente do raciocínio histérico de sua mãe, não, ela não estava tentando se matar.

Mel também sabe que sua mente nunca vai voltar a ser o que era antes de tudo aquilo, mas ela sabe que pode melhorar.

E é isso que importa.

Ela está melhor, ainda que seja um pouco, uma baixa porcentagem. Mas, no fim das contas, precisa reconhecer seu próprio progresso, senão nunca vai sair do lugar. Ela se ama um pouco mais do que se amava há cinco meses e não vai fingir que isso não é importante.

Principalmente, ela entende que pode amar Ry enquanto aprende a se amar, desde que seja honesta com ele e não o machuque no processo, como fez há cinco meses.

A única coisa que Mel precisa que ele entenda que não é trabalho dele salvá-la dela mesma e que ela consegue lutar suas batalhas e aguentar a própria dor.

E, quando ele abre os olhos e ela vê tanto amor refletido neles que se sente cheia e feliz e livre, ela sabe que ele vai entender e, finalmente, não vão mais existir paredes entre os dois.

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(17/05) Acredito que a última parte saia ainda essa semana. Votos? Opiniões? Beijos! xx

This Is What It TakesOnde histórias criam vida. Descubra agora