4 - Quero-a!

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Depois do cara sair pela porta, a boate volta ao normal, a música é ligada novamente e pela tensão somente nesse momento percebo que estava desligada.

-Você está bem? - pergunto a Bruna que está do meu lado.

-Estou senhor Scalert! - ela olha para meus lábios, eu devo estar um trapo. -Você precisa de cuidados!

-Não! - nego. -Estou bem! Ele mereceu! - ela sorri.

-Eu não sabia que o senhor...

-Por favor! - toco seu ombro e ela para de falar. -Não me chame de senhor, não sou seu professor aqui fora, sou somente Joseph! - ela assente.

-Eu não sabia que você lutava! - tento sorrir e sinto meu maxilar doer, ele bateu muito em mim.

-Tenho aulas desde que... - olho-a e Bruna está esperando eu terminar de falar. -Nada! Sempre gostei! - ela assente e o bartender aparece com um copo de água.

-Você precisa cuidar disso! - Luci aparece e toca meu ombro.

-Eu moro aqui perto, tenho um kit lá, posso cuidar disso, se você quiser! - olho-a e fito Luci.

-Vou com ela, pego um táxi para voltar! - ela assente e faz uma cara de malícia. -Não viaja Luci! - ela da risada e olho para Bruna.

Acompanho-a para fora da boate, então começo sentir minhas costas doendo pelo impacto do chão, paro e faço uma careta, Bruna se aproxima e me olha com o cenho franzido.

-Como eu odeio ele! - ela fala e balança a cabeça. -Eu achando que tinha me livrado dele mas...

-Não fale! Se for por mim ele nunca mais se aproximará de você! - então vejo-a ficar séria e olhar para o chão.

-Venha, só alguns quarteirões! - ela fala e começo a caminhar com ela.

Realmente com alguns quarteirões estávamos na frente de um prédio, entramos e logo vejo um senhor que nos cumprimenta com um balançar de cabeça e entramos no elevador.

Me viro e vejo um espelho, minha boca está cortada, o olho esquerdo está com uma marca, mas não foi tão ruim.

Então a porta se abre e saímos, logo ela abre a porta do seu apartamento e entramos, ele é todo branco, literalmente, o sofá, mesa, tapete, tudo o que você pensar é branco.

-Sente-se, vou achar algumas coisas para cuidar disso! - ela aponta para meu rosto.

Assenti e me sentei, há uma porta de vidro que leva para uma varanda, lá há uma mesa com vários livros abertos, com canetas e outras coisas, então uma moça passa na minha frente com fone de ouvido, segurando uma caneca de porcelana, está de vestido solto, descalça, é loira e não me vê pois passa reto, abre a porta e se senta na mesa da varanda, e começa a ler um livro ali.

Então uma caneta cai e ela vai pegar, quando volta seu olhar para em mim e arregala os olhos, faz uma careta e abre a porta já tirando os fones.

-Professor? - ela fala com dúvida.

-Pronto! - ouço a voz de Bruna e ela para na minha frente.

-O que ele faz aqui, Bruna? - a menina pergunta. -Você sabe que aqui não deve entrar homens!

-George bateu nele! - a menina engole seco e me olha. -E levou uma surra maravilhosa! - Bruna completa sorrindo e a menina cai na risada.

-Até que fim aquele Idiota teve o que mereceu! - percebo que seu olhar é longe e tem algo nessa história que não sei.

-O que ele fez com você? - minha voz ecoa pelo apartamento e nenhuma das duas me fitam, somente continuam se entreolhando.

-Vou estudar, qualquer coisa... - a menina me olha. -É só falar senhor! - ela vira e volta para a varanda.

Então Bruna abre uma caixinha vermelha de plástico e lá há várias, ela pega um algodão e coloca álcool, se senta ao meu lado e segura meu queixo firme.

-Vai arder! - ela fala com as sobrancelhas levantas.

-Pode vim! - falei em um tom de brincadeira e ela da uma risada que me deixa encantado, como pode um homem perder uma mulher daquela, eu ainda não entendi essa lógica.

Ela se ajeita e toca o ferimento de minha boca, então me afasto por ter ardido demais.

-Eu avisei! - ela revira os olhos.

-Mas não imaginei...

-Shiiiiiiii! - ela puxa meu queixo de volta e toca com mais força em meus lábios fazendo eu morder minha língua.

Então quando a dor passa, ela termina de limpar o ferimento e sorri, seu sorriso me encanta, amaria acordar e ver isso pela manhã.

-O que foi? - ela pergunta vermelha.

-Desculpe-me! - ela sorri. -Você não merece ele! - ela sorri lindamente e fecha a caixa vermelha.

-Demorei quase um ano para perceber isso! - ela se levanta e coloca a pequena caixa na mesa de centro.

-Um ano? - pergunto.

-Sim, faz quase um ano que terminei com ele...

-Ele não acha isso! - ela fica seria.

-Eu sei! Infelizmente eu sabia que terminar o noivado seria difícil! - ela faz uma careta.

Então ouvimos um trovão e a amiga dela volta para dentro com tudo, ela está molhada de cima a baixo. Me levanto rapidamente e ajudo-a com os livros, mas percebo certo receio de sua parte quando me aproximei, e somente depois de olhar para Bruna, ela me permitiu ajudar com o material que segurava.

Logo ela estava se enxugando e todo o material aberto em cima de mesa, cadeira, no canto da sala, para poder secar.

-Desculpe, mas não sei seu nome! - a menina me olha e fica em silêncio.

-Ele não vai fazer nada! - Bruna fala calma e terminado de secar as canetas enquanto eu somente fitava as duas.

-Não! Não confio, não quero meu nome sendo motivo para aproximação! - ela se levanta e entra em uma porta.

O silêncio ficou pesado, aconteceu algo sério, um nome simples sendo motivo de algo. Fitei Bruna e ela negou com a cabeça, o assunto com toda certeza é extenso.

-Posso...

-Seu nome agora é Vanessa! Só Vanessa! É o que importa! - ela fala e se senta ao meu lado no sofá. -Já liguei para o táxi, estará aqui em pouco tempo.

Assenti e me ajeitei no sofá, ela fez o mesmo ao meu lado, senti as costas arder, mas não foi algo muito forte.

Seu interfone toca fazendo-a se levantar, e volta sorrindo.

-Seu táxi chegou! - ela pega as chaves do apartamento. -Vamos? - assenti e me levantei.

Pelo corredor, elevador e recepção, não houve uma palavra trocada se quer, e paramos na porta com o taxi ali na frente, me viro de frente para ela e respiro fundo, minha vontade a anos apareceu de uma vez só, agarra-lá ali mesmo, na porta, mas somente sorri e me afastei abrindo a porta e me preparando para me molhar.

-Senhor! - ouço alguém falar e me viro vendo o porteiro com um guarda-chuva. -A senhorita pode acompanhá-lo até o carro.

Fito Bruna que pega o objeto e abre-o, sorri e se coloca do lado de fora, como sou mais alto, pego o guarda chuva e puxo sua cintura colando-a em mim para que não se molhasse tanto.

Olho para o carro a a puxo fazendo-a caminhar junto a mim, quando chegamos no carro, o motorista destrava a porta e meu último olhar a percorre por inteira pela última vez.

Minha mão não quer soltá-la, só sinto meu braço puxando-a para mais perto e sentir nossa respiração se tornando uma só, seus olhos fitam meus lábios e meu nariz já encostou no dela, eu quero-a para mim, ela tem que ser minha.

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Ok, atingiu Dois mil em menos de três dias, mais esse de presente. Amo vocês!

Votem e comentem, não sejam leitores fantasmas.

Bjs

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