Me levanto para esticar as pernas, já faz quatro horas que estou aqui esperando por algo da parte dela. Passo por sua cama e escuto um resmungo.
Corro até a porta e chamo pelo doutor que atendeu a ela quando chegou. Volto e pego em sua mão.
-Bruna!
Ela tenta mexer a cabeça e abrir os olhos, mas como está muito inchado ela só consegue um olho e não me fita, somente olha o teto e resmunga novamente. Beijo a costas de sua mão e sinto ela fechar a mão com mais força.
-Não sairei daqui, eu prometo! - sinto sua mão relaxar e tentar se mexer, vejo que sente dor por todo o corpo, ele vai pagar.
O doutor entra e se coloca do outro lado de sua cama, observa-a e anota algo em uma prancheta que carrega consigo.
-Senhorita Pimentel? Consegue me ouvir? - ela assente e me assusta aquela pergunta, mas no estado dela, eu esperaria de tudo. -Que bom! - ele continua. -Sou o doutor Julios, estarei aqui para o que precisar, em sua mão direita há um equipamento que tem um botão de emergência, caso precise de algo ou esteja com muita dor... - sinto uma dor em minha mão e ela está apertando e tentando se mover na cama.
O médico sai e Hercules entra.
-Cunhado, ela está bem? - ele pergunta e tenho vontade de soca-lo, não teria como ela estar bem, seu corpo dói, ela não consegue se mexer.
-Oi Hercules! - levanto uma sobrancelha e ele entende e fica em silêncio por um tempo. -Me diga que conseguiram! - ele puxa ar e solta devagar, já sei que não fizeram nada.
-Ele sumiu! - meu sangue ferveu, então sinto um vazio e fito Bruna, ela está com uma lágrima parada no canto dos olhos, ela está sofrendo. Fito Hercules e ele nega.
-Já ligou para Hugo? - ele faz uma cara de descontentamento.
-É um recurso fora da lei, Joseph! - ele fala fazendo cara de criança birrenta que não quer fazer o que mandam.
-Eu não me importo, somente ligue e o chame, quero os homens dele atras desse... - fito Bruna e ela está com um olhar de desespero, ela quer ver o que está acontecendo, não consegue nem ao menos se virar. -Não vou sujar minha boca com esse lixo! Somente ligue, Hercules!
Vejo que ele não fica feliz, mas sabe que Hugo tem os contatos certos para achar o canalha que fez isso com ela.
-Ok! Você vai ficar? - seu olhar era de pena dela.
-Sim, ela precisa de mim, e a amiga dela está em coma... - sinto ela puxar minha mão e conseguir se virar quase caindo. -Calma, Bruna! - ela me olha nos olhos e sei que está vendo o que estou sentindo nesse momento, sim, estou com pena, mas o meu ódio é bem maior.
Ela fita meu cunhado e o analisa rapidamente, depois seu corpo se contrai e vomita muito no chão, Hercules me ajuda pois seu corpo tremia muito para jogar tudo para fora, depois ele pega um papel toalha e limpo sua boca com cuidado, percebo que se incomoda pela dor.
Ajeito-a novamente na cama e vejo que seu olhar não se desgruda de mim, ela acompanha cada movimento meu.
-Ela precisa de mim Hercules, não vou abandoná-la! - ele somente assente e se retira do quarto.
Volto a fita-la e vejo que está incomodada por não conseguir se mexer, vou até a cabeceira da cama e mexo na alavanca que levanta a parte da cabeça deixando-a quase sentada. Puxo a poltrona para perto dela e me sento de frente a ela.
-Vou cuidar de você! - seus olhos se abrem ainda mais, e meu coração aperta por vê-la naquele estado. -E ele vai pagar pelo que fez a você, não se preocupe!
Ela não se move, somente está me fitando e eu estou em desespero, ela não se move e isso me deixa ainda pior, há algo de errado, a mão direita está na mesma posição de quando eu cheguei, ela não está falando e não está movendo suas pernas.
Me levanto e vou até ela depositando um beijo em sua testa, me afasto e ela somente me acompanha pelo olhar, vou até uma enfermeira que estava ali perto.
-Eu poderia falar com o doutor Julios? - ela assente.
-É a moça do quarto 220? - assenti. -Já vou chamá-lo.
-Obrigado!
Voltei para a sala e quando chego ela está fechando os olhos e seu corpo está pendendo para o lado, indicando queda, corro até seu corpo e consigo rapidamente colocá-la de volta.
-Com licença! - ouço a voz do doutor.
-O que está realmente havendo com ela doutor? - pergunto enquanto ele injeta algo em seu soro, depois de eu ajeita-la na cama.
-Pelos exames, ela não tem movimento do lado direito, talvez devido aos vários golpes na cabeça e a falta de oxigênio no cérebro! - ele para e me fita sério. -Na verdade, há tantos hematomas que é difícil saber qual foi o primeiro que começou a desliga-la por inteira....
-Mas ela vai poder... - ele sorri.
-Ela é forte, quando chegou aqui, todos achavam que iriam morrer em horas, mas ela só está melhorando! - ele me olha. -Não sei se frequenta alguma religião ou acredita que existe algo que nos protege ou comanda, mas durante os meus anos, eu já vi de tudo, e as famílias que têm fé, não importa no que seja, os milagres acontecem! - ele toca meu ombro e se retira do quarto.
A porta se fecha e vou até ela, ajeito seu cabelo para trás de sua orelha e sorrio, ela vai ficar bem, ela tem que ficar.
Me sento em sua cama e ela abre a mão, coloco minha palma ali e seus dedos se entrelaçam aos meus, eu tenho que protegê-la, não tem como não fazê-lo, me sinto na obrigação. Aquele inbecil vai ter o que merece.
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Somente Seu
RomanceJoseph Scalert está com seus trinta anos e não quer se envolver com ninguém principalmente depois que foi traído pela sua última namorada. Mesmo sua familia dizendo que deveria tentar novamente, seus irmãos crescidos e com dois sobrinho para ajudar...