14 - Lolita acordando!

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Vanessa - Uma semana depois!

Ouço vozes e não consigo respirar, minha boca está com um tipo de tubo que vai até minha traquéia. Abro os olhos totalmente e vejo o teto branco, mas não consigo me mexer, somente tento fazer barulho e sinto duas mãos segurando minha cabeça e aquilo tudo é retirado de mim, demorei um tempo para conseguir engolir.

-Vanessa? - mexo minha cabeça e um homem de jaleco está ao meu lado.

-Sim! - minha voz sai muito baixa.

-Sou o Doutor Julius, estarei aqui sempre que precisar! - tento assentir mas sinto dor por todo o meu corpo.

Olho para um lado e me vejo sozinha, somente me lembro de George entrando no apartamento e me arrastando pelos cabelos, como se não bastasse meu pai do qual eu fugia, agora tem esse idiota do ex de Bruna, por isso acolhi ela em casa, eu sabia como era ser perseguida por um homem, mas no meu caso era meu próprio pai.

Tento mentalizar se está tudo no lugar, e percebo que sinto cada parte de meu corpo, o médico ainda está ali me olhando.

-Pois não doutor? - ele sorri de lado.

-Seu pai quer vê-la... - entrei em choque.

-Eu não quero! - ele franze o cenho. -Por favor...

-Ele é seu pai senhorita! - então ele se afasta e meu corpo começa a tremer, faz doze anos que fugi de casa, não quero-o perto de mim agora.

A porta se abre, e vejo o que eu sempre via toda noite, aquele sorriso macabro e seu olhos de desejo por mim, tento me sentar mas estou muito fraca para isso, ele se aproxima devagar, seus olhos azuis ainda continuam os mesmos, ele está com cabelo branco agora e tem varias rugas, mas meu medo dele ainda não é tão velho assim.

-Olá minha Lolita!

-SAIA DO MEU... - ele tampa minha boca com sua mão grande e se aproxima do meu ouvido, seu perfume me dá ânsia de vômito.

-Você continua perfeita como antes, mas agora já está uma mulher. - tento me debater, mas ele sempre foi mais forte que eu. -Não vai fugir de mim agora! - sua mão desse para minha cintura e dá um leve aperto.

Meu peito começa a doer, meu rosto arde e lágrimas escorrem, ele quer repetir o que fazia comigo quando eu era pequena.

-SOLTA ELA! - ouço um grito e ele se afasta olhando com raiva para quem havia impedido dele continuar o serviço.

-Eu sou o pai dela!

-E vai fazer o que? Abusar? - o homem é alto, cabelos pretos e olhos da mesma cor, usa um óculos, está de camiseta polo e calça jeans, parece familiar mas minha tensão ainda está presente, a mão de meu pai está bem em cima de minha coxa.

-Me ajuda! - são minha palavras antes dos dois entrarem em uma briga corporal da qual derruba tudo no quarto.

Olho para o lados e vejo um botão vermelho logo acima de minha cabeça, com dificuldade consigo chegar até ele e aperto várias vezes, os gritos dos dois e mais meu desespero juntaram vários enfermeiros para separa-los e meu doutor.

-O que pensam que estão fazendo? - Doutor Julius pergunta com muita raiva, havia muitas coisas no chão devido à briga deles.

-Eu só queria ver minha filha doutor! - meu pai faz cara de cachorro abandonado e me olha cinicamente.

-MENTIROSO! - grito no quarto fazendo o homem que havia me salvo pular em cima dele novamente e dar bons socos nele.

-TIREM OS DOIS DAQUI! - o médico grita fazendo os enfermeiros levarem um tempo para separa-los e afastá-los do quarto.

-Seu pai... - doutor Julius tenta falar algo.

-É UM ESTUPRADOR DE CRIANÇAS! - ele arregala os olhos. -Não quero vê-lo, nunca mais! - e minhas lágrimas já escorrem novamente.

O médico não sabe o que faz, ele paralisou, depois de alguns segundos me olhando chorar encolhida na cama, que não me lembro de onde tirei forças, ele se afastou e fechou a porta me deixando sozinha.

Por isso troquei meu nome, minha mãe faleceu no parto e somente me sobrou meu pai, até meus quatro anos de idade eu amava ele, era tudo para mim, então um dia perguntei o significado de meu nome e a razão de tê-lo colocado em mim. "Porque seu nome Lolita, me lembra sua mãe, em todos os aspectos, que você também servirá" foi quando tudo começou, as passadas de mãos, os olhares, os banhos que ele me obrigava a tomar junto a ele, tudo, e quando completei treze anos juntei minha coragem e forças e fugi de casa, faz mais de doze anos que não o vejo.

-Senhorita? - levanto minha cabeça e vejo o rapaz que me salvou. -Está tudo bem agora! Ele já está longe... - ele fala com ternura no olhar.

-Obrigada! - falo baixo mas o suficiente para ele me ouvir.

Então ele se aproxima rapidamente da minha cama e minha tensão volta, me afasto da beirada da cama o máximo possível.

-Não irei te machucar... - ele sorri de lado, não parece uma pessoa má. -Sou Felipe, ao seu dispor! - sua mão se estica, hesito por alguns segundos, mas depois cumprimento-o.

-O senhor veio visitar alguém? - ele assente e olha para uma poltrona caída no chão, pega ela e puxa para perto.

-Sim, fui mandado para ver como a senhorita está! - levanto uma sobrancelha. -Sou sócio do padrasto de Joseph Scalert!

-O professor de matemática de Bruna? - ele assente.

Me lembro de ter conseguido abrir os olhos no apartamento e ter visto George espancando-a, ele estava tão  focado no que fazia que não percebeu eu discar para a polícia, mas depois disso eu apaguei.

-E como ela...

-Bruna está bem melhor agora, Joseph está cuidando dela, e logo a levarei para casa de Samanta, ficará junto de sua amiga até se recuperar completamente! - assenti e me ajeitei na cama.

-Quem é Samanta? - perguntei confusa.

-A mãe do professor de matemática!

-Joseph Scalert, certo? - ele assente sorrindo, ele fica lindo sorrindo. -É melhor descansar, vou ficar aqui caso ele volte! - assenti e me deito com mais calma.

A presença dele me deixa estranha, essa conversa foi um recorde para quem não permite a aproximação de um homem, ele se aproximou tão rapidamente que quando vi já estava sorrindo para ele.

Só espero me livrar de meu pai.

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A história de Vanessa! Gosto dela, a mais forte de todas as personagens!

Bjs

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