- VADIA! - Gritava Meriem frustrada parada em frente a um café, ela acabara de pegar o resultado das audições.
- VADIA! VADIA! VADIA!
Ela entra no café puxando seus cabelos ondulados e mal descoloridos, seu semblante era de puro ódio. Rapidamente ela sente em uma das mesas e pede um café começando a resmungar para o vento.
- Como?... Eu sou mil vezes melhor que essa vadia! E-eu tenho certeza de que canto melhor, danço melhor... sou uma melhor atriz QUE ELA!
As pessoas a sua volta a olhavam um tanto quanto assustadas, Meriem parecia uma louca gritando daquele jeito.
- TÃO OLHANDO O QUE, CARALHO! - Ela bate a mão na mesa com força, fazendo o barulho ecoar por todo o estabelecimento, amassa o papel que trouxe-lhe tanta revolta e o joga pela janela. Sai do café a passos pesados e bufando.
Meriem voltou para seu apartamento e ficou trancada em seu quarto, chorando e se perguntando o que tinha feito de errado, ela queria tanto a porra do papel, decorou todas as falas, músicas e coreografias, tinha ensaiado por meses antes das malditas audições...
Talvez a maldita vadia fosse mais bonita, tivesse mais dinheiro, para Meriem ela não tinha talento algum, era uma péssima atriz (mas só para Meriem).
Meriem passou o resto dos dias pensando em algo grande, algo que a deixaria famosa e conhecida por muito tempo, todos lembrariam dela, principalmente aquela vaca,,, ou não.
Finalmente, o grande dia, estava tudo pronto. O pequeno-grande e melhor espetáculo de todos, dirigido por: Meriem, papel principal: também Meriem, Antagonista: Aquela vaca.
Meriem fez questão de ser a primeira a comprar ingressos para aquela maldita peça que ela não tinha conseguido papel nem de coadjuvante, faria questão também de sentar na primeira fileira. E lá estava ela, na primeira fileira com um sobretudo enorme e com seu olhar fuzilava Juliana, ou como Meriem prefere chamar, A Grande Vaca, mas até mesmo Meriem tinha que admitir que Juliana estava fantástica no papel principal, mas Meriem achava que tinha certeza de que se sairia muito melhor.
E lá estava Juliana ( Grande Vaca! - Meriem) dançando e cantando perfeitamente bem, Meriem, bufava, fazia caretas e gritava ''UUUUUUH's'' que eram abafados pelos aplausos.
Agora Juliana (VACA! - Meriem) estaca sozinha no palco cantando com uma voz angelical, parecia uma boneca de porcelana, momento perfeito para Meriem começar seu espetáculo, a garota de cabelos mal descoloridos respira fundo e se levanta batendo palmas pausadamente,
- AGRADEÇA, VADIA! - Gritou Merie, todos olharam para ela pensando que fazia parte da peça, mas aquilo era pesado demais para uma peça infantil e Juliana apenas a ignorou continuando a cantar,
- AGRADEÇA RÁPIDO, VADIA! É O FIM DO SEU SHOW! - Meriem rapidamente sacou um revolver de seu sobretudo e apontou para a garota no palco. As pessoas na platéia ficavam cada vez mais interessadas no que estava acontecendo e tapavam os olhos e ouvidos de suas crianças.
E mesmo antes que a garota no palco pudesse correr ou gritar houve um disparo e seu belo rosto que mais parecia uma porcelana ficou todo deformado e caiu feito pedra no chão e houve um grande grito de pavor da platéia e misturaram-se gritos e choros de crianças. Meriem subiu no palco apontando a arma para a platéia e para o pessoal do elenco que corriam desesperados na entrada do palco.
Meriem começa a andar envolta do corpo de Juliana e tira uma garrafa com líquido acobreado de dentro de seu sobretudo.
- Eu sei, vocês estavam esperando um final bonitinho e feliz, acreditem, eu também estava,,, Mas essa vaca! Ela estragou tudo! - Ela chutou o corpo - Mas eu preparei algo muito maior! muito melhor! Algo marcante, vão lembrar disso por anos, vão lembrar de MIM! Vão contar para seus filhos e netos e vizinhos, vai ser fantástico!... e não adianta quererem me parar ou fugir, as portas estão trancadas - Meriem da um grande sorriso jogando aquele líquido nas cortinas, no chão e levantou a garrafa bem alto e começou a jogar nela mesmo, girando a garrafa em círculos e dançando, robolando levemente o quadril, um sorriso grande estava estampado em seu rosto, pegou o isqueiro zippo em seu bolso e o ergueu bem alto, olhava para as pessoas desesperadas na platéia e no elenco gritando para ela não fazer aquilo, ela se arrependeria, mas não tinha do que se arrepender, ela estaria morta, Meriem sorriu mais uma vez ao pensar nisso e naquele momento ela se sentiu importante, fantástica, grande e maravilhosa... mas sozinha, algumas lágrimas escorriam por suas bochechas vermelhas, ela acendeu o isqueiro, derrubou-o no chão e queimou...
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Contos sem título.
Historia CortaSão só alguns contos feito com muito amor, ou nenhum, sobre prostitutas, drogados, bêbados e fodidos.