Poésie

Um pouco sobre minha vida

Oi pessoal, gostaria que dessem uma lida, esse texto já é um pouquinho antigo, escrevi ele no Facebook, mas escrevi no intuito de ajudar alguém.
É realmente um pequeno pedaço da minha história e queria deixar claro que não culpo alguém pelas coisas, jamais! Espero que esse texto possa ajudar alguém aqui:

Bom, isso não é fácil, falar sobre não me é nem um pouco fácil, mas nesse momento, 3:27 da madrugada, eu não estou bem, ela veio com tudo mais uma vez e eu não estou conseguindo controlar, já não sei o que são lágrimas, porquê já se foram tantas nesse momento que nem consigo chorar mais. Eu vejo muitas pessoas, escrevendo sobre suas vidas, postando em redes sociais, me falam que isso ajuda muito, eu já não sei mais o que fazer, eu sinceramente não sei, vou tentar isso, então quem quiser ler, fica a vontade, eu não quero me mostrar, não quero dó, não quero ser um coitado, eu não preciso disso, não pensem isso sobre mim, estou fazendo de coração, estou fazendo porquê eu estou com medo, eu estou apavorado.
Começando desde a infância, desde que comecei a andar, meu pai me batia muito, eu me sentia humilhado pelo o que ele me falava, não vinha amor dele, minha mãe trabalhava o dia todo e eu não culpo-a por isso, eu admiro muito seu esforço, mas infelizmente não pode ser presente, eu era muito agredido e aposto que se ele ler esse texto vai dizer que é graça minha. Gostava de brincar na rua, mas tinha alguns garotos que batiam em mim, tinha de escolher entre apanhar em casa ou na rua, na escolinha, ficava sozinho no intervalo, alguns garotos também me batiam e isso se prolongou por todos os anos até o fim do colegial, sozinho e apanhando em todos os lugares em que eu ia, um ambiente de puro ódio, crescido e educado no ódio, me tornei uma pessoa agressiva e podre por dentro.
Mas, tinha uma pessoa em especial que me dava pelo menos um pouco de amor (além da minha mãe quando estava presente, raramente), era minha avó, ela me levava na escola e ficava comigo em casa, me protegia das pessoas quando minha mãe não podia fazer. Certo dia, ela estava discutindo com meu pai, por minha culpa, por razão alguma, defendi meu pai e magoei muito ela, ela me olhava com a expressão de tristeza no rosto e chorava ao mesmo tempo, isso aos meus 14 anos, pouco tempo após o acontecido, ela foi internada em um hospital, não pude me desculpar com ela, eu a amava tanto, não pude dizer isso, não me deixaram ver ela e acabou que, ela se foi e desde então eu carrego um peso que jamais poderá ser medido, algo que me corrói, uma mancha escura dentro de mim, a última lembrança, era ela triste por minha causa.
Depois do falecimento dela, tudo foi uma completa decadência, já era fumante por causa dos fatos, comecei a usar drogas, não eram leves, drogas injetáveis que me levavam a delírios por horas, passava dias trancado no escuro do quarto, deitado no colchão que ficava no chão, apenas de short, sem banho, nem comida, por dias. Era agressivo, atacava minha mãe, brigava na escola, depois de algum tempo em artes marciais aprendi a me defender e não a só isso, aprendi a descontar minha raiva, minha dor, meu medo, nas pessoas.
Certo dia havia me drogado muito e fui em uma decida de bicicleta, sem freios, com um amigo, poderia ter matado nós dois, tirado uma vida que não tinha nada a ver com o meu ódio pela vida. Sofri um traumatismo craniano e meu amigo também quebrou partes do corpo, é um exemplo de que por puro egoísmo eu colocava a vida de todos em risco.
Conheci pessoas que foram muito minhas amigas, mas eu estava cego, magoava todos, não percebia o caos e a bagunça que passava de mim para quem eu amava, perdi todos daquela época, mas eu pediria desculpas todos os dias da minha vida se isso fosse suficiente.
No final dos meus 15 anos, depois de tanta destruição e falta de orgulho, após as drogas, as tentativas de suicídio, fui internado no hospital, onde tive uma crise de ansiedade, onde ficava asfixiado, tremendo e agressivo, então me deram uma sedação e eu dormi, quando acordei, estava sendo internado em uma clínica de recuperação para drogas e problemas psicológicos, que ficava em São Paulo, bem longe da minha cidade, confesso que, aquele lugar foi o lugar mais maravilhoso onde ja estive, os problemas das pessoas, a luta de cada um era uma coisa magnífica, todos se entendiam e eram amigos, uma família, foram meses difíceis, isolado do mundo e de toda a tecnologia comunicativa. Tinha palestras com psicólogos super inteligentes e atividades maravilhosas, foi onde descobri meu amor pela leitura e pela arte, por pintar, moldar e todas as atividades artísticas, os pacientes eram pessoas super inteligentes também, aprendi muito com todos e com uma escritora de poesias em especial, que também havia sido internada. Graças a ela, comecei a amar música clássica, o bom rock n' roll, o maravilhoso blues e o esplêndido MPB, aprendi a conhecer a cultura, a cultura de todos os lados, não só a que me interessava. Foram dias incríveis e de uma luta constante, uma luta compartilhada, aprendi a ser uma boa pessoa, aprendi a ter amor e respeito pelo próximo, um lugar onde se acumulava tanta tristeza, despertou o melhor em mim, a escritora, minha amiga, costumava me dizer que crescemos apenas em um puro caos, eu sempre acreditei nisso.
Quando recebi alta, fiquei triste, havia feito amigos que jamais iria ver novamente e deixar para trás minha primeira namorada que me ajudou muito na clínica (e me apresentou a Lana del Rey), mesmo tendo que fazer tudo escondido, porquê era proibido contato físico e namoros, mas era hora de voltar ao mundo real, o mundo no qual me recebeu com um tapa na cara, tanto tempo de terapia, Natal, Ano Novo, meu aniversário, todas as datas passadas longe de todos em uma clínica, todas as palestras e livros, foram em uma semana para o lixo, a depressão cujo qual havia sido diagnosticado, me abraçava novamente, as drogas voltaram, eu era uma pessoa melhor, mas com o mesmo breu dentro de mim.
Conheci garotas ao longo do tempo, me apaixonei, eu amei, arrumei um emprego, voltei a estudar, estava melhorando sozinho, foram 8 meses de estabilidade emocional e 8 meses sem drogas, sempre via as pessoas comemorando com outras pessoas que venciam as drogas, todos elogiavam essas pessoas, elas eram amadas e eu nunca, nunca recebi um parabéns pelos 8 meses.
Depois muitas coisas aconteceram, voltava e saia das drogas, a crise de choro apareceu, não podia e não posso até hoje ficar muito em lugares públicos porquê começo a chorar, as vezes passo o dia chorando por motivos que nem eu sei ao certo, foram 6 anos, indo toda semana em psicólogos e psiquiatras, foram mais de 15 comprimidos por dia, uma luta que nunca teve fim, algo que vivo até hoje.
As coisas não são fáceis para ninguém, conheci muitas pessoas ao longo dos meus 19 anos, aprendi tanto com um pouco de cada um.
Hoje, eu sobrevivo dia após dia, na incerteza de até onde eu aguento e sabe, isso não é frescura, isso não é charmoso ou bonito, sim, eu gostaria de não ter nada disso, a maioria não entende o que é crescer vendo todos "normais" com suas vidas "normais", enquanto eu era uma criança e tinha que me esconder no banheiro para chorar.
O que mais dói, é falarem tanto mal de mim, dificilmente recebo uma palavra de apoio, ninguém comemora meu tempo de limpeza longe das drogas, ninguém comemora quando eu consigo vencer meus ataques de pânico ou minhas crises de choro, sabe a diferença que faria ouvir pelo menos uma vez no mês um "eu te amo" da sua mãe? A diferença que faria se alguém reconhecesse tudo que você passou sendo só uma criança e um adolescente, não devia ser maravilhoso lutar e vencer algumas vezes? Sua família não devia ficar feliz e destacar isso tudo?
Mas tenho meus três melhores amigos, o Pedro, o Juninho, e o Ian, apesar deles não saberem lidar com nada disso, eles sempre estão lá, quando eu quis me matar, eles me salvaram, quando fiz cagadas eles me acolheram, uma vez minha mãe me pois para rua onde eu fiquei por três dias dormindo no chão sem comida, e o Pedro me ajudou, morei por um mês na casa dele, uma vez eu ia me matar e o Ian correu atrás de mim para impedir e me salvou, o Juninho me ajudou a superar tanta coisa de ruim que me fizeram, as vezes eles nem devem perceber o quanto me ajudaram, mas isso mostra que foi de coração, não são perfeitos, mas eu não poderia desejar melhores irmãos do que eles. Agora, só agora, sei o que é amor e amizade, isso é maravilhoso, porquê existe pessoas que chegam na morte e não sabem o que é isso ainda.
Eu chorei escrevendo esse texto todo, mas eu gostaria de dizer, por favor, nunca desista, isso é tão clichê, mas não desista, é uma luta diária e a dor é tão insuportável, mas não desista, quando parecer que tudo está escuro, quando você estiver no chão e estiverem pisando em você enquanto riem, lembre-se, ninguém viveu sua dor, morrer só vai fazer você ser mais um sopro na lembrança das vidas de todos e todos te chamaram de louco(a), se te julgam por que você se corta (como fizeram comigo), se dizem que é frescura, que é coisa da idade, se não te apoiam, é porquê não sabem a dor que você aguenta todo santo dia, é porquê não sabem o quão forte e maravilhoso(a) que você é!
Eu sei como é, me sinto um peso nas relações, um namoro é quase impossível para mim, ninguém tem a obrigação de aguentar e nem aguentam os meus problemas e crises, as amizades, são muito raras para mim, eu entendo muito bem como é, esse é um dos principais motivos para eu me isolar e gostar tanto de estar sozinho as vezes.
Procure ajuda, eu sei o quanto difícil é se abrir para um estranho, só que é mais difícil ainda tentar sozinho(a), no meio disso tudo é quase impossível se ajudar sozinho(a), mas olha eu aqui postando esse texto para mais de 4 mil pessoas do meu Facebook (mesmo que um ou outro vá ler tudo), então vá em um psicólogo(a) e não diga que eu não entendo, porquê a única coisa que eu tenho certeza na vida é de que não é fácil para ninguém e de que nenhuma dor é maior que a outra, de pouquinho em pouquinho o(a) psicólogo(a) vai te ajudar, vai lhe dizer coisas tão óbvias que não pareceriam em meio a confusão.
As pessoas sempre vão te olhar, vão jogar pedras em você, nunca imaginaram o que você viveu e por isso te atacaram sem dó, o valor da vida e do amor está tão perdido na maioria das pessoas, não sabem que uma palavra só pode levar alguém até a morte, as vezes nem física, mas a pior morte, a psicológica.
Veja, eu luto contra tanta coisa, mas ainda sonho com a vida, eu quero aprender italiano e francês, quero fazer aula de piano e violino, ainda quero ser o baixista de outra banda, quero seguir carreira militar, quero ajudar pessoas em regiões remotas, quero conhecer alguém que me entenda, quero viajar o mundo, quero ter uma família, quero dar orgulho para minha mãe que da maneira dela me ajudou tanto, sonho tantas coisas e com problemas psicológicos ou não, nada é impossível na minha vida, nem na sua.
Então não importa sua escolha sexual, sua raça, sua cor, suas decisões (desde que você não faça mal para outro ser vivo), não importa nada, você é alguém incrível que trás o impossível dentro de si. É tão difícil ter autoestima, tão difícil se amar, eu sei disso, mas é como uma frase, "enquanto houver vida, haverá esperança", então não perca a vida, o crescimento interno um dia valerá a pena e se ninguém nunca te apoio, saiba que existe pessoas como eu, que estão lutando como você, leve isso como um apoio, porquê nunca estará sozinho(a) na luta e saiba que pessoas como você, podem mudar o mundo! Com a dor ganhamos uma empatia, um amor, uma importância e compaixão enorme pelas pessoas, maior até que as pessoas que levam a "vida normal", basta saber aplicar todo o sofrimento no seu crescimento psicológico.
Tentem escrever sobre a história de vocês também, eu realmente estou me sentindo muito aliviado depois de escrever isso, sempre que estiverem em crise, escrevam o que estão sentindo ou o que gostariam de dizer, não existe terapia melhor!
Eu, como muitas pessoas, sei como é conviver com isso, lutando dia após dia, sei que eu e muitos levamos na brincadeira, brincamos com isso de tristeza, problemas psicológicos e tudo mais, só que é algo muito difícil de verdade, só quando você sente na pele dá pra saber que não é fácil, nunca foi, nunca será fácil.
E se alguém que foi uma "vítima" minha, no passado distante ou não tão distante, saiba que eu estou tão perdido quanto vocês, eu sinto muito por ser assim, não é algo que eu escolheria, mas fiz coisas horríveis e machuquei pessoas, mas saibam que todos, absolutamente todos nunca serão esquecidos por mim e eu vou procurar lembrar somente das coisas boas que me causaram, eu sinto muito por toda confusão e espero que isso aqui ajude alguém a ver a vida com outros olhos.
Bem, esse texto foi um resumo e existem muitas coisas que ainda não estou pronto para dizer, mas eu agradeço de coração todos que leram até aqui e de coração também espero ter ajudado alguém com esse texto.