BANANA

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Eu cursava Nutrição há quase dois anos, um aluno dedicado e estudioso. Confesso que sou tímido e discreto, beirando um mistério para a maioria daqueles que convivem comigo. A maior prova da minha discrição é que ninguém suspeita que sou gay, mas ele parecia sentir o cheiro do que sou sem que eu sequer precisasse dizer.

— Eu nunca te vi com nenhuma mulher. – disse Henrique, no intervalo de uma aula para outra, enquanto bebíamos água.

— Você só me vê aqui na faculdade. – respondi com educação, evitando encarar seus olhos azuis profundos.

— Eu sei, mas... – ele tocou meu braço, e tentei controlar o efeito que seu toque causou em mim – Todo mundo que é solteiro paquera na faculdade. Eu sei que é solteiro.

— A minha vida amorosa não é da sua conta. Não precisa ficar preocupado. – me afastei, indicando que ia voltar para a sala de aula.

— Eu tenho muitas amigas lindas, de vários cursos. Sou popular com as mulheres, mas é uma pena para elas que não gosto da fruta. Se quiser, te apresento algumas.

Não era segredo para ninguém que Henrique é gay. Assumidíssimo e afeminado, ele gritava sua sexualidade aos quatro cantos. Eu conhecia a sua fama: pegava rapazes de todos os cursos da faculdade. Não se intimidava perante o preconceito e respondia com a sua autenticidade. As mulheres de fato o adoravam, porque ele era bem-humorado, um ótimo amigo e sabia fazer maquiagem melhor que muitos maquiadores renomados.

— Não preciso da sua ajuda pra pegar mulher. – tentei bancar o machão.

— Gato desse jeito, eu sei que não precisa mesmo. – Henrique disse aquilo com malícia e mordeu o lábio inferior, tornando branca a boca rosada. Ele me deixava com tesão facilmente.

— Com licença. – voltei para a sala o mais rápido possível.

Vocês devem estar se perguntando por que eu não fico com o Henrique. É simples: nós estudamos na mesma turma e ele é espalhafatoso, do tipo que não faz segredo sobre nada. Eu sou gay, mas ainda estou dentro do armário. Só sabe que sou gay os homens com quem já me relacionei, e foram namoricos curtos e escondidos.

Tenho vinte e três anos, mas aprendi a usar a máscara do machão, porque minha família é conservadora. O fato de não ser afeminado me ajuda. Manter oculto para todos aqueles que não me interessam que eu sou gay é algo que faço desde a adolescência, quando beijei um garoto pela primeira vez aos quinze anos. Eu sinto atração por Henrique, mas também me sinto ameaçado por ele.

— Tem certeza que não quer conhecer nenhuma das minhas amigas? – Henrique tornou a questionar outro dia quando ambos usávamos o banheiro. Eu estava urinando dentro de uma cabina enquanto ele já lavava as mãos.

— Por que você está insistindo em ter essa conversa comigo, cara? – aquilo já estava me incomodando, e também preocupando.

— Sinceramente, Maurício? Eu acho você um homem sério, gentil, educado, inteligente e bonito. Minhas amigas merecem o melhor.

— Obrigado, mas não tenho interesse. – por dentro eu estava me sentindo tentado a puxar Henrique para perto de mim e mostrá-lo que nem sempre eu era tão gentil.

Abri a porta da cabina e Henrique me empurrou de volta para dentro, fechando a porta atrás de si e me encurralando contra a parede.

— O que você faria se eu tentasse te beijar agora?

Meu coração pulsava frenético no peito. De olhos arregalados, olhei para a boca rosada de Henrique. No seu queixo, a sombra de uma barba loura. Encarei seus olhos azuis. Eu ofegava, quase sem conseguir me controlar. As palavras não saiam da minha boca, embora eu tivesse tentado balbuciar duas ou três vezes. Estava começando a ficar excitado. Minhas bochechas deviam estar coradas.

Contos Eróticos do Batom VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora