Eduardo foi a maior paixão da minha adolescência: o meu melhor amigo, o mais incrível namorado, o homem com quem fiz sexo pela primeira vez. Nossa relação era tão especial, tão intensa e tão aceita por todos que não fez sentido quando ele terminou comigo. Algumas semanas depois eu descobri que ele estava com outro.
Nem a mãe do Eduardo aceitou que eu fosse trocado de uma forma tão repentina. Ela acreditava que éramos almas gêmeas e não se devia trocar uma vida por uma noite ou haveria consequências cósmicas. Dito e feito. O novo amor do meu ex-namorado era um "heterossexual" com dúvidas que não quis sair do armário e reatou um relacionamento com uma ex-namorada, excluindo o Eduardo da sua vida. Tudo acabou tão rápido quanto começou.
Meu ex-namorado fez de tudo para voltarmos, até as nossas famílias torceram pela nossa volta, mas eu não aceitei. Eu me sentia muito magoado, traído e humilhado. Por coincidência, na mesma época havíamos feito vestibular e eu fui embora para outro estado, para cursar o ensino superior. Antes eu sofria com a possibilidade de namorar à distância, mas não havia nada mais que me prendesse. Acabei também excluindo Eduardo da minha vida e nunca mais o vi... Até quinze anos depois, quando ele reconheceu o meu rosto em uma livraria na nossa cidade natal.
— Marcelo! É você mesmo? – ele sorriu com ar de expectativa.
Demorei alguns minutos para reconhecê-lo. Eduardo estava não só mais velho, como diferente. Seu corpo era musculoso e sua pele tinha um bronzeado perfeito, completamente diferente do adolescente magricelo e cheio de espinhas que eu me lembrava. Havia uma barba de lenhador preenchendo o seu rosto, era a primeira vez que eu o via com barba. E as tatuagens... Tatuagens variadas preenchendo seus braços fortes e definidos. Alargadores nas suas orelhas também chamavam atenção e seus cachos estavam maiores do que na adolescência Ele também não se parecia em nada com um homem gay, nem mesmo quando falava.
— Eduardo? – devo ter feito uma expressão facial de estranhamento – Eu é quem pergunto isso. É você mesmo? Está muito diferente. – sorri por educação. No fundo, eu não queria falar com ele. Meu coração batia muito rápido e não estava gostando da sensação que aquele reencontro me causava.
— Você também está diferente. – seu sorriso era caloroso – Gostei da armação dos óculos de grau e dos cabelos grisalhos. Eles lhe dão uma aparência sexy.
— Ah. – ri forçadamente, desconfortável com o que ele disse – Então, o que faz da vida? – também perguntei por educação. Queria encerrar aquela conversa logo.
— Eu me formei em Artes e depois em Educação Física. Agora dou aulas de Artes em uma escola pública e sou personal trainer em duas academias. Também comecei a tatuar há poucos meses, mas só faço o básico ainda.
— Que vida profissionalmente agitada. Fico feliz por você.
— E você? Lembro que tinha ido embora para cursar Odontologia.
— Sim, mas desisti na metade do curso. Fiz vestibular de novo e comecei algo totalmente diferente. Hoje sou sociólogo e professor em uma universidade. Viajo próximo mês para Portugal, onde farei pós-doutorado.
— Meus parabéns, doutor! – ele insinuou que ia me abraçar, mas demonstrei que não queria contato. Eduardo sorriu desconcertado. – Faça uma ótima viagem, então.
— Obrigado. Agora, se me dá licença, vou passar esse livro no caixa.
— Espera. Você veio visitar a sua mãe? Vai embora quando?
— Certamente que sim. Não há outras razões para pisar nessa cidade. Vou embora amanhã. E agora vou embora daqui. – suspirei me preparando para uma mentira por educação – Foi um prazer te rever. Passar bem.
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Contos Eróticos do Batom Vermelho
Short StoryExiste algo mais sensual nesse mundo que um batom vermelho tingindo lábios cheios de desejo? Talvez encontrem algo tão sensual através da leitura dos "Contos Eróticos do Batom Vermelho", um espaço reservado a contos eróticos narrando oito histórias...