Dunas Real e a pedra do equilíbrio

Capitulo Sete : Amizades

Ao fim do primeiro dia de treinamento Rody se dirigiu para a "Dente de leão", a lanchonete que ele e Zune frequentavam desde que estavam no colégio. Rody ainda estava bravo com Zune por tê-lo abandonado para ser capturado por Dunas. Por mais que estivesse aliviado que ele não tivesse sido capturado junto, ele ainda queria pelo menos um pedido de desculpas de seu amigo.

Ao entrar na lanchonete ele viu Zune sentado na mesa do canto, a mesma mesa em que estavam mais cedo. Se Zune estava no mesmo local era porque ele queria ser visto.

Rody se aproximou. Quando zune o notou acenou discretamente para ele. Quanto mais Rody foi se aproximando, mais ele sentia a raiva aumentar dentro de seu ser. Pensar no assunto era totalmente diferente do que ver seu amigo que o havia abandonado na sua frente. Rody chegou perto de Zune e deu um soco em seu rosto, que assustou as poucas pessoas que estavam na lanchonete.

– Por que cargas d'aguas você me abandonou mais cedo? – Rody olhava para seu amigo com raiva. – Você sabe pelo que eu passei hoje?

Zune estava calmo como sempre, mesmo acabando de levar um soco ele não mostrava sentir dor alguma. – Rody! Que bom que você está bem! ­– Por mais que sua voz fosse monótona era possível perceber uma pequena alteração em seu rosto, o que para Zune queria dizer muito. Nesse caso mostrava que ele havia andado preocupado. – Desculpe, naquela hora os ensinamentos do meu pai gritaram mais alto. Quando percebi o que havia feito pensei em voltar para te ajudar.

Rody pode ver que Zune estava sendo sincero, depois de sete anos de amizade, isso era algo fácil de perceber. – Mas porque você não voltou então?

Zune estava em conflito sobre se falava ou não sobre laguna e sobre trabalhar para a Revolução. Seu contrato não permitia que ele contasse para ninguém e ele não sabia se Rody acreditaria sobre seus poderes.

– Isso tem algo a ver com o fato de você estar trabalhando para a Revolução? Ou sobre você ter poderes? ­– Perguntou Rody, como se lesse a mente de seu amigo.

– Como você sabe sobre a revolução? Ou sobre meus poderes? – Zune havia ficado surpreso, mesmo que seu rosto só tenha mostrado isso por um pequeno momento.

– Vamos fazer assim, eu conto minha história e você conta a sua depois, que tal? – Rody deu um sorriso para seu amigo.

Zune percebeu que se havia uma pessoa em quem ele poderia confiar essa pessoa era Rody. – Ok, você conta a sua e eu conto a minha.

Rody então contou seu dia para seu amigo, sobre ser preso, recrutado e como foi treinado por Dunas junto de Luare, enquanto ele falava Zune prestava atenção a cada detalhe da história de Rody, impressionado. Quando Rody acabou de contar os dois ficaram um tempo em silencio.

– Wow! Seu dia foi realmente cheio! Então quer dizer que nós dois temos poderes e todo esse tempo nenhum de nós sabia? Incrível! Desculpe que você foi recrutado pelo controle por minha culpa. – Zune resolveu parar de esconder seus sentimentos na frente de seu amigo, mostrando sinceridade em sua desculpa.

– Não se preocupe com isso. Se não fosse por isso eu não saberia sobre meus poderes. Além do mais isso resolve meu problema de emprego! Depois de quase um ano desempregado após acabar o colégio entrar para uma posição no governo não é nada mal! Mas e você, como acabou na Revolução?

Zune sorriu, era sua vez de contar sua história.

– Depois que eu fugi do agente do controle, Dunas, né? Bom, depois que eu fugi do Dunas me escondi em um beco sem saída vazio. Fiquei um tempo até decidir que ia voltar para te ajudar. – Ele começou a se lembrar de seu dia. – Mas quando estava indo para onde você estava, uma voz veio de trás de mim.

– Mas o beco não estava vazio?

– Era o que eu pensava, mas eu ainda não sabia que existiam poderes diferentes dos do controle.

– Um emissor!

– Exato! Era uma mulher, Laguna Real. Rla me disse que você tinha sido capturado pelo controle e que se eu fosse lá só seria um peso morto. – Ele estava visivelmente envergonhado. "Eu deveria ter voltado." – Ela me convenceu que isso não ajudaria ninguém e me ofereceu um emprego. Aparentemente ela viu quando eu fugi do Dunas e pelo que ela disse eu usei meus poderes inconscientemente.

– Realmente, quando eu olhei para o lado você já não estava lá. – Rody se lembrou. – Faz sentido pensando agora.

– Bom, ela me levou para a sede Revolução e me convenceu a aceitar o emprego. Depois que eu aceitei ela me disse que eu possuía poderes e eu passei o resto do dia treinando com ela.

– Entendo, parece que nossos dias foram parecidos no final das contas. – Rody estava contente de finalmente entender o porquê de Zune não ter voltado. – O mais impressionante é que você está sendo treinado pela irmã do meu capitão!

Surpresa surgiu na face de Zune. – O Dunas é irmão da Laguna? Isso quer dizer que estamos envolvidas com uma família bem poderosa, com um irmão no controle e uma irmã na revolução!

– E para completar a mãe dos dois é a comandante do controle.

Dessa vez Zune quase caiu da cadeira. – Você está de brincadeira com a minha cara? Esses caras são o que? As pessoas mais influentes do país?

– Não sei, mas posso te dizer uma coisa, acho que nunca mais teremos um dia de tedio em nossas vidas.

Os dois sorriram e começaram a ver o que iriam pedir. Dias de tedio nunca mais.

. . .

Após terminarem o treino Luare ficou para conversar com Dunas.

– Dunas, queria agradecer por você ter me colocado em sua equipe, isso é muito importante para mim. – Disse ela sincera. Desde que descobriu que possuía poderes ela queria ser treinada por Dunas, que era seu melhor amigo.

– Sem problemas Lu! Afinal, eu havia prometido que se você entrasse no Controle eu te treinaria pessoalmente. Além do mais não é como se eu tivesse outras pessoas querendo ser meus alunos. – ele deu um sorriso triste.

Dunas era um dos poucos capitães do controle que não possuía alunos. Mesmo que algumas pessoas quisessem tê-lo como professor ele sabia que a maioria só queria se aproveitar de sua posição como filho da comandante. O que o fez recusar todos os candidatos, pelo menos até Luare aparecer. Rody não sabia como os agentes do controle teriam inveja deles.

– Então, por onde iremos começar a procurar a pedra? ­– Perguntou Luare, puxando assunto, Dunas podia parecer um engraçadinho, mas normalmente ele falava pouco e era bastante direto. "Essa fachada. Porque você a usa Dunas? Deve ter algo a ver com Laguna" Dunas sempre agia estranho quando Laguna estava envolvida. Tudo que Luare sabia era que Laguna havia treinado Dunas.

– Seria meio injusto contar para você antes de Rody. – Seu sorriso se tornou real novamente.

– Como você conheceu Rody afinal de contas? – Ela nunca havia ouvido falar dele até mais cedo naquele dia.

– Ah, eu prendi ele mais cedo. – Respondeu Dunas de forma direta. – E posso ter feito com que ele não confiasse no Controle no meio do caminho. – Seu tom mostrava que ele se arrependia de como havia lidado com a situação.

–Vários agentes do comando querem ser seus aprendizes e você escolhe um delinquente? O que se passa na sua cabeça?

Dunas ficou surpreso com a forma que Luare falou com ele, afinal, ela normalmente era um amor quando se tratava dele.

– Bom, eu me senti responsável por ele. Fui eu que o tirei da vida normal para colocá-lo no comando! Além do mais, ele me parece um bom garoto.

– Baseado no que? Uma prisão e uma sessão de treino! Eu aqui pensando que meu parceiro era alguém promissor e você vem me dizer que ele é um marginal! Eu não sei o que pensar. Até amanhã Dunas! – Disse ela saindo da sala de treino, visivelmente irritada.

"Um aluno não confia em mim e agora a outra acha que eu sou um idiota. Ótimo começo Dunas!" Ele soltou um longo suspiro. Quem sabe as coisas não seriam mais fáceis amanhã?