Memórias

22 4 0
                                    

Vila de Aklah, nordeste dos campos aklios

16/04/587 – 17ª Badalada, 3ª Luz

Enquanto corria na direção de Lin, Allu observava o ambiente com um olhar mais cuidadoso, a fim de achar qualquer coisa capaz de dar-lhe um suporte maior para a batalha. Haviam várias pedras a margem do rio que corria ao leste da vila, pedras grandes o suficiente para serem usadas. Além disso, algumas árvores tinham altura maior que 6 metros, o que Allu julgou suficiente, enquanto as pedras mediam em média metade disso. Do lado direito de Allu ficava algumas casas da vila, afastadas o suficiente para não serem danificadas, dependendo do quão cuidadoso o caçador fosse.

Dada sua idade, 15 anos, Allu sabia que não tinha experiência para lidar com uma fera dessa, mas sabia o suficiente para decidir ser mais cauteloso, esperando encontrar uma forma racional de matá-la com o mínimo de prejuízo.

Lin corria o mais rápido que podia, pois sabia que não tinha condições para lutar sozinha, sem armas. Sabendo que era plenamente capaz de pensar numa estratégia num piscar de olhos, ela se preocupou em alcançar Allu primeiro. Assim que chegou próximo a ele, falou, sem dá-lo chance de falar primeiro:

- Me dá o bastão! Você tem outras armas aqui. Isso vai ficar melhor comigo. Eu vou ajudar, não quero estragos na minha vila.

Lin disse isso com o braço estendido, esperando o bastão de Allu, que falou:

- Você acha que tem condições de ajudar mesmo? Não tem medo de quebrar a unha? Sério, não posso deixar uma pessoa normal fazer o meu serviço, é perigoso. Não levar o sangue dos outros é juramento dos caçadores.

Lin apenas encarou Allu, ainda com a mão estendida. Com um olhar sério, a moça pressionou o garoto a entregar-lhe o bastão.

- Não me culpe se algo acontecer com você. – disse Allu, suspirando e entregando o que ela queria.

Assim que Lin recebeu o bastão, bateu com ele na teste de Allu.

- Pela piadinha. Não se preocupe comigo, eu sou boa o suficiente. – falou Lin colocando o bastão em seu ombro.

- Não parta pra cima dele. Se fizer isso, não espere ajuda. Não sei fazer milagre.

Enquanto conversavam, o lagarto-rinoceronte aproximou-se rapidamente, rugindo alto o suficiente para chamar a atenção dos dois.

“Se eu for rápido o suficiente, não ponho ela em risco. Ele é só um, então menos mau. Espero que ela não faça nenhuma besteira nesse meio tempo.” – pensou Allu.

O jovem então sinalizou com a cabeça para correr em direção ao monstro. Lin entendeu e ambos se apressaram em chegar perto o suficiente dele para um combate seguro. Allu conseguia correr muito mais rápido que Lin, então a deixou para trás pensando no mais seguro para ela. Inclinando o corpo para frente, Allu num piscar de olhos lançou sua mão direita para trás, fazendo que com a corrente descesse e a lâmina em sua extremidade ficasse a mão dele. Lin olhou para aquilo sem entender, achando que Allu iria acertar a lâmina no monstro e se puxar até ele. Entendendo que ela era um suporte para ele, sabiamente decidiu esperar um pouco mais para traçar um plano mais concreto.

Allu acelerou sua corrida, não o suficiente para prejudicar suas pernas, avançando perigosamente para perto da criatura. Lin ficou um tanto apreensiva com tal atitude, mas surpreendeu-se quando ele jogou sua corrente como um disparo de arma de fogo, tal que a lâmina fincou no chão atrás do lagarto-rinoceronte. Allu então puxou a corrente de leve, certificando-se que estava fixa para então puxá-la com tremenda força, fazendo-o passar direto pelo lado esquerdo do animal, passando perigosamente perto deste. A velocidade com que Allu se puxou fez o monstro frear sua corrida, pondo-se de pé sob a patas traseiras, alcançando uma altura que assustou Lin um pouco. Allu então virou-se rapidamente e lançou novamente a corrente, fincando-a próxima ao pescoço do animal, que soltou um forte rugido ainda em pé, tempo esse que o caçador usou para se puxar e procurar equilíbrio nas costas do animal.

AlbusOnde histórias criam vida. Descubra agora