Campos Aklios, Desníveis
19/04/587 – 8ª badalada, 3ª luz
A Estrada Pétrea ficara para trás. Tal estrada os acompanhara desde que saíram da Vila de Aklah, vindo todo o caminho rumo ao sudeste dos Campos Aklios, mas que agora mudava de direção bruscamente, levando quem a acompanhasse ao sul dos campos. Agora, a dupla andava numa empoeirada estrada de terra batida, em direção à região das Margens. Incomodada, Lin questionou:
– A gente não devia ter continuado na Estrada? Ela dá direto na capital.
– Não vale a pena. – disse Allu, olhando para a moça de canto de olho.
– E você pretende me explicar o porquê? – perguntou Lin, sabendo que Allu não ia perceber sozinho esse detalhe.
– Ah, sim. Não tinha te dito?
– Deve ter falado pra mim mentalmente...
Allu, coçando a cabeça e rindo, disse:
– Antes da gente ir pra capital, a gente vai fazer "algumas" coisas. Primeiro temos que ir pra Akona. De lá pegamos uma balsa e descemos em Saha. Akona fica a umas 5 horas daqui, então não tem problema, eu acho. Mas Saha fica a tipo, uns 120 quilômetros, e num tem nada no caminho. Algo contra?
– Balsa? – disse Lin, um pouco assustada.
– Sim. Você mora por aqui e não sabe delas?
– Claro que sei, mas nunca andei nelas. Deve ter muitas pessoas. Melhor ir por terra não? – falou Lin, disfarçando, sem sucesso, um nervosismo.
– Entendi! – disse Allu, arregalando os olhos, e voltando-se para Lin. – Ninguém vai incomodar você. E lembra que o prefeito falou que fora das regiões leste e nordeste, os Tuly não são conhecidos, então você vai ficar bem.
Suspirando, Lin balançou a cabeça, concordando.
– Mas se eu causar problemas, a culpa a sua!
Rindo, ambos, continuaram caminhando, sozinhos.
Campos Aklios, Desníveis
19/04/587 – 12ª badalada, 19ª luz
– Não tem ninguém por aqui. Dá é medo. – disse Lin.
– A gente tá quase saindo dos Campos Aklios. Na verdade, aqui nos Desníveis, nem são mais campos. Tá mais pra vales.
– Realmente.
A falta de animais ativos ao redor dos dois tornava o local ainda mais diferente. Alguns poucos animais pequenos apareciam ocasionalmente, mas logo escondiam-se em buracos no chão. O gramado que estendia-se até onde os olhos alcançavam, enfeitado por árvores bastante espaçadas, algo normal nos Campos Aklios, dava vida ao lugar, ao passo que dançava com a suave brisa local.
Ao olhar a natureza ao redor, Lin via vários animais de diversas espécies, sonolentos, descansando na sombra das árvores. No teto da caverna dessa região, a LightStone brilhava forte, emulando com sucesso um dia na superfície. A luz incomodava os animais, por isso abrigavam-se na larga sombra das copas das árvores.
O que a alguns quilômetros era um esticado tapete verde grama, tornava-se cada vez mais um mar de colinas, charmosas ao seu jeito. Allu tinha experiência o bastante para supor que tais colinas podiam estar escondendo perigos reais, então seguia calado a maior parte do tempo, concentrado, preparado para não ser surpreendido. Lin, vendo o olhar mais que atento de seu companheiro, preferia deixá-lo assim e admirar a paisagem.
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Albus
PertualanganApós uma catástrofe desconhecida, a população mundial de Vellum teve de abandonar a superfície do planeta e morar num gigantesco complexo subterrâneo de cavernas, o mundo abaixo do chão, Gáltes. Essa é a história do jovem caçador Allu, numa jornada...