O filho da Floresta Dourada

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“Há muito tempo, na era da superfície, o grande Sol dormiu, e nada o acordava. Duas chamas, irmãos gêmeos, frios demais para aquecer alguma coisa, decidiram que seriam o novo Sol.

Aquele que clamava ser o mais velho partiu pela grande floresta em que viviam, buscando aquecer-se, acreditando que assim poderia ascender em um novo Sol. O mais novo, partiu em busca do antigo Sol, para roubar seu calor.

Caminhando pela floresta, o mais velho tomava para si animais, tão pequenos quanto podia consumir com seu calor. Com o tempo, ele conseguiu consumir animais maiores, feras enormes, que lhe concediam um calor que não podia controlar.

Enquanto isso, o mais novo atravessava as mais altas montanhas, seguindo trilhas pelas mais perigosas cordilheiras, tudo para encontrar onde o Sol dormia. O frio das montanhas, a neve constante e o cansaço da viagem deixavam a pequena chama cada vez mais fria.

Passados muitos dias, toda a floresta estava rendida pelo grande incêndio que o mais velho havia se tornado. A força de seu fogo podia consumir tanto quanto quisesse, mas o mesmo se deu conta de que valia mais a pena ter a floresta toda submissa a ele.

Simultaneamente, o mais novo ficava cada vez mais frio. Por fim de sua jornada, ele chegou no Lar do Sol. Brilhando como todos os dias, o imponente astro descansava. Fraquejando, a pequena chama tentou com todas as suas forças aproximar-se. O calor do Sol era tão forte que repelia-o, e tirava o pouco de fogo que lhe restava. Sem nem mesmo tocar o Sol, a pequena chama se desfez em várias centelhas, espalhando sua essência aos quatro ventos.

Uma das centelhas voou sem rumo até chegar ao​ grande incêndio. Imediatamente, o incêndio lembrou de seu irmão, e imaginou que a centelha fosse uma mensagem sua de que estava chegando como Sol. Ameaçado, ele logo tentou devorar a centelha.

Mas, por mais insignificante​ que parecesse, a pequena centelha carregava o calor do Sol, de onde veio. Ao consumi-lo, então, o poderoso incêndio não pode controlar-se, espalhando seu fogo por toda a floresta.

De seu longínquo lar, o verdadeiro Sol sentiu um calor que com o dele rivalizava. Sem relutar, ele decidiu ser a hora de acabar com a noite sem fim. Vendo o Sol nascer mais uma vez, o grande incêndio lembrou de seu propósito original, e decidiu apagar sua chama de uma vez por todas.

Mais uma vez sob a luz e o calor do Sol, a floresta voltou a crescer, e com ela, viveu a pequena centelha, que com seu poderoso calor, guardava a floresta, sem nunca apagar.”

Margens, cidade de Akona

19/04/587 – 16° badalada, 45° luz

– Essa história é de verdade mesmo?! – perguntou o inocente Allu.

– Não garoto, é apenas uma história. Mas ela pode ser de verdade se você quiser. Todas as histórias podem. – disse Noumon.

Enquanto os olhos de Allu brilhavam pela história, Lin ficara pensativa, em silêncio.

– E você, moça Tuly, gostou desse pequeno conto?

– Sim. É legal. Mas acho que tinha opções melhores.

– Opções melhores para quê?

– Para resolver o problema da sua história.

– É mesmo? Lin, não é?

– Isso.

– Lin, você é uma das poucas pessoas que reagiu assim de primeira. Sinta-se especial. – disse Noumon, com um sorriso perspicaz.

– Não é normal?

– Olhe para seu amigo.

– Tem razão.

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⏰ Última atualização: Jun 06, 2017 ⏰

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