VIII

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Anne.

-Hora de levantar!- bate em algo de metal.Me assusto com o barulho, estava em um sono profundo.Tudo está escuro, não consigo enxergá-lo.
-Uh?- coço os olhos.
-Vem logo, Ratinha- abre a cela.-Será um dia divertido - aperta meus pulsos.Sinto meu corpo arrepiar ao sentir o seu toque.
Ai meu Deus.
-Agora levante e vá preparar o café manhã - me empurra para fora da cela.
Minha casa há três meses.
Caminho até a cozinha, a casa está imunda, como sempre.O chão está úmido e frio, um cheiro de bicho morto vaga pela casa.
Eca.
-O-o que você vai querer?- sinto-o atrás de mim. Estou com medo .Não tenho coragem de me virar.
-Você!- sussurra.Corro para o outro lado da cozinha, para observá-lo.
-Como a-assim?-pare de gaguejar sua idiota!Seja forte.Forte e gentil.
-Está com medo?- se aproxima lentamente. Seus passos ecoam pela casa.
-Não se aproxime!- pego uma faca em cima do balcão. Faço o possível para manuseá-la, quero apontá-la para seu peito.
-Gostei- pega uma em seu bolso.-Vamos brincar? - arqueia uma sobrancelha.
Não.
-Vamos- o desafio.Tento ser forte.
-Tá bom...- brinca com ela em suas mãos. -Estou louco para vê-la perfurando cada milímetro desse seu corpo aí- tremo.
-E se eu não quiser jogar?- ameaço colocar a faca no chão.
-Aí você faz o jantar- se senta na mesa.A faca continua cravada em suas mãos, Jeff está perfurando a mesa.
Abro a geladeira e não encontro muita coisa, começo a fazer o que é para ser uma macarronada, espero que ele não me castigue.Depois de alguns minutos, ela está pronta.
-Pronto- coloco a panela em cima da mesa. Começo a vasculhar os armários procurando pratos e talheres, mas só encontro coisas para matar.
-Armário de baixo- fala impaciente.
-Ah...- pego-os.Sirvo-o e me sento no chão, espero que ele me dê permissão para comer.
-Você não vai comer?- dá uma garfada.
-Posso?- olho para seu rosto.O chão é bem longe da mesa, então me sinto uma anã.
-Por que não? - dá de ombros e procura outra garfada.Supresa, começo a me servir.Toda feliz por estar finalmente sendo valorizada, quem sabe daqui há tempo ele me deixe ir.
-Quer saber?- bate com total brutalidade na mesa.O macarrão que estava em meu prato cai todo sobre a mesa.-Eu não queria macarrão hoje.Um bife seria muito melhor- muda de personalidade.
-M-me desculpe- começo a limpa a sujeira na mesa.-M-mas...Não tinha mais nada na geladeira- abaixo a cabeça.
-Como é que é? - bate os pés. -Você ousa me desafiar, Ratinha?- derrama todo o macarrão do prato e da panela no chão.
Ah não.
-N-não, não - balanço as mãos tentando me explicar.
-Limpe isso- ordena.Me abaixo e começo a juntar toda a macarronada com as mãos. - Com a língua - quase soletra.
-O quê? - o olho incrédula. Estou de quatro no chão com as mãos cheias de macarrão, minhas costas doem, tudo dói.
Exausta
-LIMPE COM A LÍNGUA - empurra meu rosto ao chão. Minha cara fica cheia de macarrão podre do chão. -Vai!- cruza os braços.Está se divertindo.
-E-eu...Não posso fazer isso- suspiro.
-O quê? - se aproxima.
-Eu não posso fazer isso!- quase grito.-EU SOU UMA HUMANA, NÃO UM ANIMAL!- me levanto.A fúria está sobre mim, não posso suportar mais isto, não neste momento. Ele estala a língua.
Suas mãos me seguram pelos braços e com um único movimento me jogam sobre a mesa.Talvez ela tenha quebrado, talvez não. Porque minha coluna deve estar deformada pela dor.
-Quer brincar comigo, Ratinha?- brinca com a faca.
-Não...- tento me levantar.Minhas costas estão doendo tanto...Não sei se posso suportar.
-Vamos- caminha até mim.-Vai morrer sem lutar?
Isso não seria uma afronta à você? - pergunta.
-Você é louco!- cambaleio.
-Vou te matar de forma longa e dolorosa- corro.Todas as portas estão trancadas, as janelas nem se mexem.
-Anne...- temo seus passos. -Eu vou te achar...
-Por favor, não! - grito.-Abra!Abra!- bato nas janelas e portas. -Não, não...
Acho que este é o meu fim.Finalmente me encontrarei com os meus pais.Acabaram-se a dores.
Uma das portas se abre.Não perco a oportunidade e desato a entrar nela.Parece uma caminho escuro, acho que é a saída.O cheiro é terrível, está infectando todas as minhas roupas.
-Opa - tropeço em algo.-Que mal cheiro...- sinto um líquido em meus pés.
-Mas o quê...- escorrego e caio no que parecem ser corpos molhados. Posso sentir a carne perfurada.-Ai meu Deus- me desespero.Estou toda suja de sangue.Todos estes corpos estão aqui em torno de mim.Eu deitei neles!
Sinto o sangue em meus braços.Preciso tirá-lo!
Não, não.
Ai meu deus!Isto não pode estar acontecendo!
-Meu Deus...- choro ajoelhada. Nem percebo a luz que entra no quatro, estou distraída com a pilha de corpos.

-Vá dormir- sinto a faca perfurar minhas costas.-Finalmente vai se juntar a eles- sussurra em meu ouvido.

Eu vejo a luz.
A luz que não me iluminava há muito tempo.

Transformando A Assassina - [ Jeff The Killer]Onde histórias criam vida. Descubra agora