PROLOGUE

4.9K 480 37
                                    

A VOZ SUAVE da mulher ressoava por toda a extensão da floresta enquanto ela cantava, o bebê no seu colo, logo pegou no sono.

Com os cabelinhos brancos e os olhos azuis bem claros, Ilya observou com amor sua filha. Ela se parecia com o pai.

A abraçou apertado, segurando seu corpinho frágil contra o peito, sabendo que nunca mais a veria. A mulher havia viajado de muito longe para poder deixar a criança num lugar seguro, e não planejava voltar a Kattegat tão cedo.

Sua filha, sua pequena e adorável menininha. Não conseguia suportar a ideia de deixa-lá, mas ela sabia. Ilya sabia que aquela era a melhor chance que a criança teria.

Fruto de um adultério, ela nunca estaria segura. Seu marido, agressivo, violento e possessivo, quando visse os cabelos da criança, logo ligaria um fato a outro. Veria que a criança não era sua filha, e não demoraria a mandar mata-lá, além do bebê, e de seu amor junto a eles. Ilya sabia que como Earl, não havia nada que ele não poderia fazer.

A mulher não havia exatamente programado isso, não, ela estava rezando para todos os deuses que a criança fosse filha de seu marido, e excluiu de sua mente a possibilidade de não ser. Mas assim que viu a menininha, soube que não poderia esperar para ver o que iria acontecer, pegou seu cavalo e foi direto a Kattegat, mesmo que a rainha não a recebesse bem, talvez ao menos a desse a oportunidade de trabalhar como criada.

Sim, era sua melhor chance.

Ela repetia a si mesma, enquanto observava a moradia do rei Ragnar consideravelmente de perto.

A mulher tomou um susto quando foi ouvido um grito de criança, se escondeu rapidamente atrás de uma arvore, e observou enquanto os pequenos príncipes saiam correndo de dentro do grande salão, logo percebeu que estavam só brincando um com o outro. Pela idade, acreditava que aqueles eram Ubbe e Hvitserk. Ela se deixou sorrir.

O tempo passou, os meninos voltaram para dentro, a bebê não chorava, mas a lua já estava alta no céu e Ilya sabia que não podia mais esperar.

Com lágrimas nos olhos ela se dirigiu até a porta, apertou sua filha em um último abraço antes que pô-la no chão, em frente à porta da rainha Aslaug, como se soubesse, a menininha começou a chorar no exato instante que sua mãe se afastou.

Ela chorou também, chorou e esperou, escondida, até uma das criadas do rei vir até a porta. A mulher pegou sua filha no colo, com um olhar curioso, olhou ao redor, e quando não viu ninguém, entrou novamente.

Ilya sentiu as lágrimas grossas e quentes escorrendo pelo rosto quando falou:

-Boa noite minha frozen hair.

𝐅𝐑𝐎𝐙𝐄𝐍 𝐇𝐀𝐈𝐑 ʰᵛᶤᵗˢᵉʳᵏ ˡᵒᵗʰᵇʳᵒᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora