Capítulo 5

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Estava preparada para o chão e para a morte iminente, quando abri os olhos e encarei o teto do caminhão.

  Eu ainda estava dentro dele, segura e intacta, junto de mais 99 pessoas também seguras e inteiras, só que eu ainda não tinha percebido, as 99 pessoas me encaravam.

Quando levantei o corpo para me sentar corretamente, elas me aplaudiram e eu dei um leve sobressalto.

-O que está acontecendo?- resmunguei com a mão na cabeça. Uma dor a invadia.

  E então, de repente, os alto falantes voltaram a ativa me dando um arrepio por causa do som agudo e me lembrando da voz melodiosa de Frederico.

-PARABÉNS, VOCÊS PASSARAM A PRIMEIRA FASE!! E AGORA JÁ TEM TAMBÉM O LÍDER DE VOCÊS, QUE FOI QUEM OS TIROU DAQUELA ALUCINAÇÃO. AH! SOBRE ISSO, NÓS INJETAMOS UM LÍQUIDO ALUCINANTE NO AR QUE VOCÊS RESPIRARAM AÍ DENTRO, ME POSSIBILITANDO, FREDERICO, A FAZER CONTATO COM A MENTE DE VOCÊS E FAZER TUDO AQUILO QUE VOCÊS VIRAM ACONTECER. AINDA IRÃO PASSAR POR UMAS COISAS, MAS FIQUEM SABENDO QUE SE VOCÊS, AO MENOS, ESTÃO OUVINDO ISSO AQUI AGORA, FOI POR CAUSA DE PIPER CARVALHO, A SIGAM, ELA OS LEVARÁ PARA O CAMINHO DO TRIUNFO E GLÓRIA NESSE NOVO TESTE QUE ESTAMOS FAZENDO COM VOCÊS.

  Arregalei meus olhos, o que tudo aquilo queria dizer??

  Eu ainda estava assustada demais para dar satisfação para as 99 pessoas que me encaravam. Fiz uma cara má para que ninguém me importunasse, mas um garoto, da minha idade mais ou menos, se jogou ao meu lado.

-Eai salvadora.- sorriu.

  Encarei seu porte físico, ele não era da escola. Eu o teria notado. Encarei seus olhos à procura de uma cor indiferente, mas não encontrei nada.

-Porque você é normal?- ele balançou a cabeça em negativa. Ele também não sabia.

  Fechei meus olhos e decidi ignorá-lo, devia querer apenas bajular. Afinal, bajular o que? Eu não era ninguém, Frederico apenas tinha dado um anúncio.

-Obrigada.- ele falou do nada.

  Abri um olho apenas e o encarei desajeitada, não queria ficar recebendo agradecimentos.

-Por?- perguntei curiosa me ajeitando.

-A menina, que você salvou... Era minha irmã.

  Soltei um suspiro, eu teria mesmo que conviver com isso? Com a fama... fazia tempos desde que eu fora popular, e eu não sabia mais lidar. Antigamente, eu sorriria e falaria "Eu sei que sou incrível", mas, eu não era mais assim. Ter passado por uma fase pré-morte por meses me mudou, e quando eu achei que o garoto sairia me achando alguém horrível, Beatriz apareceu e lhe falou:

-Ela está sem fala por ter nos salvado, acho melhor deixá-la descansar, certo?

  O menino balançou a cabeça e me olhou nos olhos, gratidão passava por lá. Consegui sorrir.

-Amiga, você foi incrível. Porém, nós temos que discutir sobre aquilo.

-Aquilo o que?- do que ela estava falando?

-Sabe o cara... hm... Jonathan?

-Ah, sobre Jonathan?- perguntei curiosa.-Sim, o insuportável.- falei revirando os olhos e pedindo que prosseguisse.

-Você... se assustaria com o grito gutural que ele deu.- ela torceu as mãos umas nas outras- Ele parecia sentir dor, e então, ele sussurrou seu nome e correu até você. Quando ele não conseguiu salvar você ele se virou para mim e falou "Eu a matei".

  Franzi a testa.

-Mas o que ele tem a ver com isso?

-Não sei.- Bia deu de ombros.- Eu sei que você devia tentar entender ele, ele está tão perdido quanto a gente, mas ele é homem. Homens gostam de proteger seu ego porque, se os mesmos são feridos, não os importa tanto. E posso te dizer, as barreiras que ele abaixou para gritar seu nome e correr até você, eram do tamanho de um gigante.- disse por fim parecendo realmente encabulada.

VioletaOnde histórias criam vida. Descubra agora