Capítulo 02

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SEOKJIN POV

— Eu não posso acreditar!

Pensei alto, enquanto meus olhos não paravam de encarar a nova escala do mês. Meu pai havia achado diminuido minhas horas diárias de trabalho, mas aumentou os meus dias, ocasionando assim que eu trabalhasse mais. Agora ao invés de três dias na semana, eu estaria trabalhando cinco.

Eu estava literalmente fadado a ser um assalariado fracassado.

— Pensei pelo lado bom, Seokjin — Taehyung sorria ao meu lado. — Seu pai aumentou só o seu trabalho e, consequentemente, você é o único de nós que vai ganhar um aumento.

Eu detestava o modo como ele era tão otimista, vendo sempre o lado bom das coisas. Ao contrário dele, o pessimista e mau humorado Jungkook estava do no caixa, passando as compras de uma cliente.

— Você devia ser mais que nem o Jungkook e ser mais realista — aviso Taehyung. — Você e Jungkook estão no colegial, são jovens. Vocês dois trabalham aqui por uma grana extra ou algo do tipo. Ao contrário de vocês, eu estaria fadado ao fracasso e o máximo que fortuna que eu vou conseguir, é depois que meus pais estiveram mortos e assim eu herdarei a merda deste mercadinho.

Taehyung fechou a cara, parecendo triste de verdade.

— E eu não estou sendo um filho ingrato, Tae — tento lhe explicar: — Eu não quero que meus pais morram, se é que o que você está pensando. É capaz de que se depender de mim pra admistrar algo coisa, é capaz de eu ir a falência.

— Seokjin, você devia sorrir um pouco mais e aproveitar a vida! — Taehyung disse. — Você devia sair, beber e beijar alguns desconhecidos numa boate. Devia ir se divertir.

— Não quero pegar uma DST ou sapinho, passo — dou as costas para ele. — Vou lavar o banheiro.

Ocupo-me com funções a tarde inteira para não ter que escutar a voz de Taehyung.

No dia seguinte, o novo esquema de turnos já começou e eu virei definitivamente um trabalhador em tempo integral — e não parcial como antes —; meu pai estava literalmente pisando nos meus sonhos de tentar uma carreira na moda.

Pelo menos com o dinheiro extra, eu posso aumentar minha poupança e pensar em abrir um negócio próprio ou fugir do país ou algo tipo...

Enquanto estava no caixa, o movimento estava grande. Haviam muitos adolescentes comprando porcarias sem nutrientes na hora do almoço. Por volta das quatro horas, o rapaz loiro entrou na loja, e pegou vinte pirulitos aleatórios e praticamente os jogou no balcão.

Ele encarava o balcão, com um olhar vazio; por um segundo, considerei a hipótese de Taehyung, mas balancei a cabeça na mesma hora e continuei registrando os doces. Não é possível que ele goste de mim. Ele deve simplesmente ser um adolescente normal, que gosta de comer essa porcaria de doces que estragão os dentes.

— Você pode esperar um segundo?

Seus olhos castanhos se abriram, a sua franja estava penteada para o lado e não cobria os mesmos, fazendo com que eu tenha uma visão linda do marrom que colore suas pupilas.

Eu nem acreditei no que eu estava fazendo: procurando algo para dar pra ele.

Na verdade, eu nem devia ter guardado nada para ele, mas agora era tarde, eu já estava com um pirulito sabor Coca-Cola nos dedos e ele já havia visto. Mesmo sentindo meu rosto queimar mais do lava vulcânica, dei um sorriso para ele, mas seus olhos se arregalaram ainda mais.

— Eu guardei pra você — tentei explicar, mas meus olhos foram para o seu queixo novamente; não conseguia encará-lo. — É um pirulito sabor Coca-Cola. Chegou a loja outr dia. Achei que seria uma pena que acabassem antes que você pudesse comprar, então guardei um pra você.

Ele começou a balbuciar algo, mas eu não conseguia entender o que ele queria (ou não) dizer.

— Me desculpe... Por incomodá-lo.

— Achei que você ficaria feliz — Por que diabos eu estou dizendo isso?

— Obri-obrigado.

Ele me pagou pelos pirulitos e eu coloquei todos na sacola. Ele segurou-a com firmeza e foi embora. Assim que ele saiu, um sorridente Taehyung surgiu na frente do balcão mais rápido que o Flash.

— Eu não acredito no que meus olhos acabaram de ver — ele diz pausada e dramaticamente. — Você viu, Jungkook? Seokjin estava flertando com alguém. Isso não é algo que nós vemos todos os dias.

— Eu vi, Tae — Jungkook sorria timidamente, segurando o cabo da vassoura e sendo fofo vestindo um avental.

— Eu não flertei com ninguém, Taehyung. Foi apenas um doce. Jungkook, diga a ele!

— Talvez não tenha significado nada pra você, Seokjin — Jungkook murmura. — Mas se o garoto pensar que isso foi uma ação especial? Ele pode pensar que você tem algum sentimento por ele.

— Meu primo é um virgem esnobe, Jungkook — Taehyung fala balançando os cabelos. — Deve estar até hoje esperando o príncipe encantado.

— Taehyung!

— Oi, primo!

— Você poderia ir a merda, por favor?

Taehyung coloca as mãos no peito dramaticamente; reviro os olhos.

— Talvez seja melhor você evitar olhar esse garoto, Seokjin — diz Jungkook. — Se você não tem intenção de correspondê-lo, ser carinho e lhe dar esperanças é algo errado.

— Concordo! — Taehyung se intrometeu.

— Vocês falam como se tivessem certeza de que o garoto gosta de mim — Taehyung e Jungkook me olham sérios, ambos com uma sobrancelha arqueada. — Esse garoto não trocou nem meia dúzia de palavras comigo. Eu não sei nada do que ele é ou pensa, não vou evitar vê-lo ou ser grosso só porque vocês leem fanfics demais.

— Se você for se apaixonar por ele...

— Se ele fizer você chorar Seokjin, não venha querer um colo primo-amigo — Taehyung se afastou.

— Vocês são dois idiotas! — disse saindo do caixa e indo ao banheiro.

Até parece que eu iria chorar por um garoto que eu mal conheço e nem sei seu nome.

Como é que aquele garoto loiro poderia me fazer chorar?

Aberto 24 horas ♦ NamjinOnde histórias criam vida. Descubra agora