Capítulo 6

573 70 3
                                    

Em comemoração ao Dia das Mães, vou disponibilizar um capítulo da história. Amanhã tem mais. <3

Beijos e boa leitura.

A.C. NUNES


***


Nos próximos dias eu não sou capaz de esquecê-la.

Corrigindo: de esquecê-las. Embora eu tenha tomado a decisão de parar com meus encontros extraconjugais com Victória e voltar para minha vida com Lívia, há quase uma semana ainda estou dormindo no meu antigo quarto na mansão Hauser. Eu precisei de mais alguns dias para pôr meus pensamentos em ordem antes de encarar minha mulher outra vez nos olhos. Decidi manter certa distância muito por medo de ela descobrir minhas traições somente através dos meus olhos e postura, muito porque ainda precisava digerir os últimos dias e as coisas que fiz.

No entanto, a decisão de não me encontrar mais com Victória não me impediu de contatá-la. Eu enviei algumas mensagens ao longo desses dias, dizendo-lhe sobre como eu me sentia em relação a ela, a nós. Antes de enviar, claro, eu me esforçava para não fazê-lo. Mas a vontade era mais forte do que eu, e por fim, eu lhe enviava minhas sinceras palavras. No segundo seguinte, como eu já esperava, me sentia arrependido e pensava em Lívia. Não era justo com ela, não era certo e nem honesto. Por mais que minha mulher estivesse tão empenhada a ajudar meu irmão - quem eu odeio com uma força esmagadora -, uma traição não era justificável, tampouco aceitável.

Assim, eu passei os últimos cinco dias dividido em pensamentos entre as duas mulheres. Preocupava-me com Lívia, pensava nela e queria retornar para nossa casa, nossa vida, nossa rotina. Em contrapartida, queria Victória, seus beijos, suas mãos, seu corpo.

- Ainda não foi ver seu irmão - mamãe diz, me puxando de volta à realidade.

Guardo meu celular no bolso, discretamente. Eu o peguei depois de ele vibrar em meu bolso, e vi que era uma resposta de Victória à minha mensagem enviada antes de chegar para o jantar; lerei quando tiver uma oportunidade. Seguro um sorriso prestes a se manifestar para não dar brechas a questionamentos sobre por que estou rindo. Olho para minha mãe na ponta oposta da mesa e dou mais uma garfada no meu peixe.

- Eu o verei amanhã, prometo. Aliás, já lhe deram a notícia?

Alfredo acordou do coma já tem alguns dias, mas como mamãe já ressaltara, eu ainda não fui lhe fazer uma visita. Mas também não agi como um insensível quando, toda esperançosa e emocionada, ela veio me contar. Quis saber do meu irmão e do seu estado, e, pelas informações, apesar de acordado, ele ainda balbucia entre a lucidez e a inconsciência.

- Ainda não. - ela responde, pousando a taça de vinho sobre a mesa. - Alfredo ainda está confuso, desnorteado e despreparado psicologicamente para saber da morte de Sophie e Lauren.

Aceno em positivo, dando um gole no meu vinho, também. Ainda pelos relatos de mamãe, Alfredo não se recorda de nada sobre seu acidente.

- Eu irei até o hospital amanhã - reforço. - E, aliás, estarei voltando para casa hoje.

Mamãe abre um enorme sorriso com a taça de vinho em seus lábios, os olhos acinzentados reluzem esperançosamente e de uma alegria genuína. Ela está radiante pela recuperação de Alfredo, mas parte dessa felicidade em seus olhos também se deve às minhas últimas palavras.

- Isso é ótimo, querido. Você e Lívia se entenderam?

- Sim - minto, apesar de tudo. Ainda não sei como está minha relação com Lívia, nem sei se ela me aceitará de volta em nossa casa depois de três semanas fora. Mas eu não quero decepcionar minha mãe com esse comentário. - Após o jantar, voltarei para Lívia.

Amante Improvável (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora