Epílogo

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— Eu terminei. — Dulce Maria balançou o caderno no ar parecendo bastante satisfeita. Algumas folhas quase escapavam de dentro, mas ela achava aquilo completamente lindo. Suas pernas balançaram na cama animadamente. Ela poderia ter escrito tudo por computador, mas sinceramente não teria tanta graça.

— Você incluiu os meus capítulos? Eles são muito importantes, afinal sinceramente não é justo que só tenha a sua visão em todo ele. Algumas coisas não são do jeito que você acha que aconteceram e eu não sou tão vilão como você às vezes me faz parecer nisso ai. — Tirando os óculos de leitura, Christopher jogou seu roteiro em cima da escrivaninha. Precisava decidir se aceitava ou não aquele papel no dia seguinte e sinceramente, ele estava na posição de recusar.

— Não seja bobo, é claro que os seus capítulos estão aqui.

— São pequenos adendos a sua visão.

— Ah Christopher, você...

— Não precisava ter se dado ao trabalho de fazer tudo isto, sabe que estou aqui. — A porta do quarto se abriu subitamente e uma mulher segurando alguns embrulhos na mão adentrou o cômodo se jogando na cama.

— Mãe, eu trouxe algumas coisas da confeitaria. Sabe que criei uns biscoitos novos e eu quero muito que você os prove e me dê sua opinião, tem uns bolinhos também que estão saindo muito. Me desculpe o atraso, mas peguei um transito no caminho graças a Sun, ela está protestando agora em frente ao parlamento com um povo ativista também. Ela realmente tinha que fazer isto justamente hoje? O pior de tudo é que ela tem a cara igual a minha, como isto pôde acontecer? A garota mais equilibrada com a irmã mais... Ah esquece. — Luna é uma dessas criaturas com espírito de empreendedor que mesmo muito nova conseguiu abrir um negócio o qual consegue gerir com imensa responsabilidade. Era o tipo de garota exemplar que sempre teve as melhores notas no colégio e que conseguiu uma bolsa de estudos em uma escola de gastronomia na França onde passou alguns anos. Tinha herdado quase todos os traços do rosto da mãe, inclusive os lábios levemente finos, e o queixo imponente em quase um V, a pouca coisa que a distinguia dela, é que de fato era bem mais alta, por este motivo durante a adolescência trabalhou como modelo de passarela, profissão que abandonou por falta de identificação, e a cor do cabelo que puxava para um tom mel e que na infância tinha sido de um loiro muito claro.

— Caramba, hoje o transito está terrível. — Um homem alto de cabelo castanho escuro e voz grave jogou o casaco em cima de uma cômoda antes de ficar ao lado da cama com as mãos no bolso da calça jeans desbotada. — É a Sun? Ela é completamente louca. — Riu. — Desculpem a demora, acabei de sair de uma reunião na Televisa, não é fácil ser o galã principal da emissora.

— Tão prepotente meu irmãozinho.

— Não é prepotência, é a verdade. Recebi convite para dois projetos de novela, mas são no mesmo período, terei que escolher entre um ou outro. Odeio fazer isto, pois se escolho um, fico mal com um diretor, se escolho outro fico mal com o outro diretor. Bom, felizmente, pararam de me comparar com você pai. Odiava quando me diziam que sou sua cópia física exata.

— Ué, me acha feio agora?

— Não seja tonto pai, é só que eu queria ser reconhecido pelo meu trabalho, não porque me pareço com você, eu poderia parecer com a mamãe que me sentiria da mesma forma. — Diego alcançou o caderno nas mãos da mãe e o puxou. — Já terminou isto? Sabe, você deveria vender, publicar sabe. Iam pagar bem.

— Não está à venda Diego. — Ucker o advertiu, mas ele apenas folheou até a última página, a última cena.

— Sério mãe? Olha isso Luna. — Ele passou o caderno a mulher que o pegou imediatamente olhando o que ele via.

Poderíamos cair  + além (2.º Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora