A ultima caixa se foi.
Finalmente terminei de arrumar toda a mudança no meu quarto e estava tudo em ordem. Já posso deitar na minha cama, relaxar e pensar em tudo que está acontecendo.
É difícil saber o que o futuro nos reserva. Nunca imaginaria que iria mudar da cidade em que vivi toda a minha vida.
E se acha que foi tudo planejado está muito enganado, foi assim: uma semana estava na cidade em que sempre vivi e na seguinte estava desencaixotando minhas coisas na nova casa. Uma nova casa. Uma cidade nova. Em que eu não conhecia ninguém!
Minha mãe aceitou uma proposta de emprego de uma empresa de arquitetura bem famosa da cidade e tivemos que nos mudar para cá por causa disso.
Ela estava radiante ia ganhar melhor e pelas suas próprias palavras: "teve o reconhecimento que sempre mereceu". Depois de anos de dedicação, agora teria um cargo em vai supervisionar vários projetos importantes dessa empresa.
Estava feliz por ela, não que eu demonstrasse o tempo todo já que depois da noticia eu estava mais para filho rebelde do que para filho orgulhoso.
Era só que... poxa! Eu tinha uma vida e agora tenho que começar tudo de novo!
Já havia aberto as caixas com meus objetos pessoais, colocando o meu abajur no criado mudo que fica ao lado da minha cama - que era bem maior que a minha antiga - Não via a hora da noite chegar para que eu pudesse dormir por horas, dias, semanas...
Também abri as malas e arrumei minhas roupas no guarda roupa, o que me cansou muito. Nunca havia imaginado que tinha tantas roupas assim principalmente camisas, que eram muitas. Foi uma eternidade para guardar tudo.
Ah! Fazer mudança é muito cansativo.
- Nicholas vem aqui me ajudar com os moveis! - grita minha mãe do andar de baixo.
- Já vou! - a respondo.
Outra coisa sobre mudanças: Quando você acha que ela acaba sempre acha algo que faltou arrumar.
Parece uma missão que não tem fim!
Desci para a sala de estar e fui ajudar minha mãe primeiro com os sofás e mal comecei e dei uma tropeçada e bati meu dedo do pé. Sentei-me no sofá que estávamos carregando e mexi um pouco no meu pé.
- Mãe, nós não podemos fazer isso amanhã não? - reclamei ao levantar.
- Não querido eu tenho que me preparar para o novo emprego então vamos ter que guardar a maioria das coisas hoje.
- Quer dizer que tem mais depois disso? - falei despontado.
- Nicholas eu sei que está sendo difícil pra você se acostumar com a ideia de sair da cidade que sempre viveu, mas veja como uma nova aventura! - instigava minha mãe.
- Mas só você queria essa nova aventura. - resmunguei baixinho, mas ela ouviu.
- Não vamos discutir mais sobre isso Nicholas. Olha depois a gente arruma o sofá, tá bom? - disse ela se virando e indo em direção à cozinha.
Logo passei a sua frente e a parei.
- Não. Me desculpa mãe, é que foi tudo muito repentino. - desabafei - Eu não quero que ache que não estou orgulhoso pelo que você conquistou. Eu estou, sim, juro! Eu só preciso de mais tempo pra assimilar tudo. Logo eu deixo de ser um resmungão! - falei brincando.
Lembrei-me de quando me assumi pra ela e falei que estava namorando com um colega do primeiro ano do colégio. Fiquei temeroso com sua reação, mas ela me disse que se era o que eu queria e que me fazia bem, ela me apoiaria sempre.
Tive sorte, pois os pais do meu namorado não aceitaram muito bem e só não o expulsarão de casa por causa do falatório por serem advogados de renome, mas meses depois o mandaram para morar com o irmão em uma cidade longe da nossa, o que provocou o nosso rompimento. Então nada mais justo do que apoia-la agora e deixar as minhas lamentações de lado.
- E eu sei que irá acabar gostando daqui. - disse me abraçado - Agora vamos voltar para os móveis.
- Ah mãe eu tô um bagaço. - resmunguei de novo.
- Larga de preguiça e vem me ajudar. Quanto mais cedo começarmos, mais cedo terminamos.
E ela tinha razão em um piscar de olhos nos arrumamos os sofás, a mesinha de centro, o raque com a tv e os outros moveis da sala de estar.
Depois de tudo feito subi de volta ao meu quarto, abri meu notebook e fui verificar se o resultado do vestibular saiu, mas nada.
Me deitei novamente na cama me perguntando se realmente iria me encaixar aqui. Se pelo menos o resultado do vestibular tivesse saído.
*
- Passei! - gritei ao ver o resultado na internet.
Havia demorado muitos dias pra sair. Porque tanta demora gente já estava surtando!
- Meus Parabéns querido! - disse minha mãe me abraçando por trás do sofá e me dando um beijo após me soltar.
- Obrigado mãe. Espero que não tenha se chateado com minha escolha de profissão.
- Nunca filho, você deve fazer o que te faz bem isso que importa. - disse me apertando mais me fazendo sufocar um pouco.
Afastando ela de mim e respirando fundo digo:
- Espero que chegue logo o dia de começar a faculdade.
- Calma ainda falta três semanas para começar as aulas.
- Esse menino não perde a energia não é? - disse uma voz atrás de mim na direção da porta de casa e me viro para ver quem era.
- Tio Kleber! - digo indo cumprimenta-lo com um abraço.
Kleber é o meu tio por parte de pai. O único na verdade da família do meu pai que eu tenho contato. Ele é uma das poucas pessoas que se importam realmente comigo até mais que meu pai que finge que não existo.
Nunca soube o porquê disso e nem pergunto nada a minha mãe, pois parece feri-la e meu tio também não porque ele foi renegado pela família e imagino que eu tenha alguma ligação nisso.
Mas chega de tristeza.
Então olho para ele e pergunto:
- O que faz aqui tio?
- Nossa se não quer minha companhia tô indo embora! - disse se virando, minha mãe riu.
Então revirei os olhos, havia esquecido esse jeito dramático dele. Que acho que peguei um pouco. Só um pouco!
- Deixa de drama só não esperava o senhor aqui. - rindo de seu jeito.
- Eu sei. Vim de surpresa e eu vou me mudar para aqui perto, não consigo ficar longe de vocês dois. Muita saudade.
Fiquei muito animado com isso meu tio é muito legal e engraçado, também parece que a carência era tanto nossa quanto dele.
Despedi-me dele, que ficou na sala conversando com minha mãe e fui para meu quarto torcendo para que chegasse logo o primeiro dia da faculdade.
Sentia que algo muito especial iria acontecer nesse dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Eu Só Quero Te Amar
RomanceNicholas é um garoto de 19 anos, alegre, desajeitado que sempre tropeça e esbarra nas pessoas, durão, reservado, mas também muito amigo. Ele se vê mudando para uma nova cidade por causa do trabalho da mãe, mesmo não estando muito a vontade com isso...