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Christian Dior


Em fracção de segundos vi Melanie pular pra fora do carro.
Sem pensar duas vezes, estacionei o carro, e corri atrás dela, gritava nome dela, mas ela ignorava, ou nem me ouvia.

Ela parou e vi que Will, Caroline, Bonnie, Stephanie, e estranhamente Mark também estava lá, mas sem a Bernice.

Parei para recuperar o fôlego que acho que  nem Melanie está a sentir a corrida que nós fizemos.

Vejo a gritar algumas palavras pra cara de Mark, e quase bater no peito dele, sigo pra perto deles a tempo de impedir que Melanie levasse a sua mão pra a bochecha de Mark.

___ O que estás a fazer? ___ Perguntei assim que segurei ela pelo braço, a fiz virar de frente pra mim.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, ela não falou nada, só ficou encolhida em meus braços, eu a abracei e ouvi os soluços dela.

É normal que Mel esteja zangada e nervosa, mas descontar no Mark, me coloca com alguns pensamentos, no máximo ela descontava no médico, ou na Caroline que é responsável por Kim.

A falar nisso, eu nem ao menos estou a saber oque aconteceu, e me limito a confortar a Mel, e fazê-la sentir protegida e amada.

Passa quase uma hora, e a sala de espera está tensa, Melanie já tinha adormecido no meu colo, me custou acordá-la mas eu precisava saber oque  Kim tinha.

___ Fique com ela por favor. ___ Disse pra Caroline.

Saí e fui a procura do médico que deve estar responsável por Kim.

___ Boa noite doutor. ___ Chamei a sua atenção. ___ Estou a procura do médico responsável por uma criança de por aí quatro anos, acredito que tenha dado entrada à poucas horas.

___ É claro, sou eu, siga-me, vamos pra o meu escritório. ___ Apertou a minha mão e o segui.

Abriu a porta que deu ao seu escritório, me convidou pra sentar, e ele fez o mesmo na cadeira giratória.

___ A menina sofre de um câncer infantil muito raro. Ela tem poucos anos de vida, talvez reduzam pra meses. __ O doutor falou aquelas palavras, era como se tivessem tirado um pedacinho do meu coração.
Senti uma dor amarga, não sei se é pelo carrinho que sinto pela criança, ou por pensar que Melanie sofrerá bastante por isso, ela a ama como uma filha.___ Como ela nasceu com o câncer, dificultou tudo.

___ Doutor, não tem nada que nós possamos fazer pra que ela viva mais tempo? ___ Perguntei.

___ A doença chegou como nada no corpo dela, sem sintomas, sem ela passar mal nem sequer uma vez depois da primeira cirugia que eu soube que foi feita, mas saiba que uma vez que o primeiro sintoma apareceu como uma bomba, é só um aviso da morte dela, eu sinto muito, mas nós também não podemos manter uma paciente que tem os dias contados e que independentemente das nossas acções, ela não vá melhorar.

___ Obrigada doutor. ___ Levantei e apertei a sua mão novamente.

___ Amanhã ela recebe alta.
Vocês podem proporcionar a ela uma vida normal, sem pressão, e até esquecer que ela tem pouco tempo.
Os sintomas que ela vai sofrer, simplesmente serão sangramento nasal, alguns desmaios e um mau estar.

Saí da sala sem rumo, sem o que pensar.
Eu realmente não sei o que fazer, estou tão desnorteado que acabo a andar em lugares que desconheço.
Nesse momento estou no terraço do hospital, a sentir a brisa gelada bater na minha face.
Eu não sei o que dizer a Melanie, se continuo aqui, e digo que ela está bem, e comparecemos ao casamento do meu irmão, e como o doutor disse, proporciono uma vida normal e sem pressao a todos ou se deixo tudo aqui e levo elas em busca de segundas opiniões.
Melanie pode me odiar se eu esconder toda verdade pra ela, mas vai se destroçar se eu contar a verdade, e não sei como contar a ela que sua irmã de apenas quatro anos vai embora em tão pouco tempo.
Sinto lágrimas geladas no meu rosto, e tenho vontade de não ter essa responsabilidade nas minhas costas.

Acompanhante De Mentira #Wattys2017 [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora