CIRCUMSTANCES | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆

4 // não tem mais volta

Tony não sabia bem por que estava bebendo, mas estava bebendo. E muito, diga-se de passagem, como se quisesse entrar em um coma alcoólico ou quem sabe até morrer mesmo. A frustração se dividia entre o fato de Steve não ter tomado a iniciativa daquela vez e por ele ter fugido às pressas. Aquela história de se fazer difícil não era com Tony, de forma alguma. De fato ele havia fugido, aterrorizado com a ideia de estar se envolvendo com o Capitão fucking América.

As emoções eram tantas que Jarvis já havia desistido de pôr AC/DC para tentar acalentar o pobre coração do gênio, por isso a melodia suave de Walking On The Wind tocava em som ambiente. Certamente Tony queria se jogar da enorme janela de vidro em que estava encostado, sentado no chão e com um copo de uísque do lado direito. E certamente aquele repertório não estava melhorando o seu humor de maneiras significativas. Cansado de toda aquela cena ridícula, ele ergueu-se, ficando de pé. Quase caiu por estar levemente alterado, mas nada que pudesse matá-lo.

Ou ele achou.

Foi tudo tão rápido — não que em velocidade normal não tivesse a mesma impressão, devido à quantidade de álcool em suas veias — que Tony não teve tempo de piscar. A janela havia se partido em milhões de pedaços pelo ar e seu corpo despencou vinte e sete andares a baixo. E apesar de estar à beira da morte, ele não conseguiu deixar de pensar que agora literalmente caminhava no vento. E também pensou que devia largar o álcool por uns tempos caso sobrevivesse.

A queda tinha uma sensação aterrorizante e tudo estava acontecendo muito rápido diante de seus olhos, porém a mente de Tony entrou no modo câmera lenta quando uma silhueta corpulenta surgiu do além e agarrou sua cintura com força. O corpo de ambos foi arremessado contra uma janela de vidro. A aterrisagem no chão do andar escuro não fora nem de longe delicada.

Seu cérebro não estava funcionando perfeitamente, mas Stark tinha consciência de que quem o salvara fora Steve, mais conhecido como motivo de suas ereções matinais e inclusive da excessiva bebedeira que até então quase causara sua morte. Graças a Steve, seu herói, ele ainda estava vivo. Só não sabia se aquilo era algo bom ou ruim.

— Stark, que merda foi essa? O que aconteceu? Por que você caiu? — questionou o maior, surpreendendo o bêbado Tony por ter dito um palavrão.

Ele estava tão embriagado que não era capaz de formular uma frase sem se perder nas próprias palavras, ou mesmo se mover ao mesmo tempo. Stark continuou em silêncio tentando afastar-se dos braços de Steve que ainda envolviam seu corpo. Quando conseguiu o feito tentou ficar de pé, mas falhou miseravelmente. Tropeçou no ar e caiu de novo, ferindo-se com os cacos de vidro espalhados por todo o chão.

Steve foi a seu encontro novamente, levantando-o com cuidado e pegando-o no colo no estilo noiva. O soldado seguiu ao elevador e voltou ao andar de onde Tony havia inexplicavelmente caído, caminhando até seu quarto e deitando o menor sobre a cama. Os próximos segundos foram tanto angustiantes como brandos. Rogers continuava olhando para Stark com as mãos adoravelmente pousadas em sua barriga e um brilho quase que inocente no castanho envolvente de seus olhos. Ele sentia que o certo a se fazer era deixar aquele bêbado sozinho e ir embora. Se quisesse pular da janela de novo, que pulasse. Steve não iria se importar.

Porém, em vez disso, o soldado deitou-se ao lado de Tony, fazendo com que a cabeça do gênio repousasse sobre seu peito e seus cabelos tocassem levemente o maxilar de Steve. A posição fazia o coração de Rogers palpitar de emoção apesar de deixá-lo um pouco desconfortável. Quer dizer, desde quando ele começou a sentir aquelas coisas por Tony? E desde quando Tony havia começado a sentir aquelas coisas por ele?

Aquele beijo não saía de sua mente. Steve já havia admitido a si mesmo que se arrependeu de ter fugido de Tony antes que as coisas esquentassem. Na verdade ele só estava com medo, pois não havia beijado ninguém depois de ser congelado e principalmente um homem.