1 // maldita ansiedade

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Stark mantinha-se entretido com um dos milhares de aprimoramentos a uma de suas armaduras. Não era uma cena muito incomum. Já estava tão acostumado a passar a maioria do tempo naquela posição, fazendo exatamente aquilo... Talvez precisasse voltar a sair. E sabia disso, mas não sentia a mínima falta de todas aquelas pessoas vazias e fúteis que importavam-se apenas com aparência e status. Preferia suas lindas e tão amadas armaduras. Às vezes somente admirá-las melhorava seu dia de cinquenta formas diferentes. Sorriu sozinho, completamente absorto em seus devaneios. Estava tão aéreo que não havia percebido a presença do homem de grande porte observando-lhe da porta do laboratório.

 — Stark — disse Steve, indiferente. — Fury pediu que nos reuníssemos agora. — frisou de maneira quase imperceptível, seu tom de voz era apático e sem nenhuma emoção. Steve sabia que não poderia abrir brechas para Stark de forma alguma, nem mesmo mudando o tom de voz. Porém, ao mesmo tempo tinha consciência de que Tony tinha um problema com ordens e pontualidade.

 — Ah, claro — Stark revirou os olhos, sequer dignando-se a fitar o soldado. Suas mãos não paravam nunca de fazer reparos em sua invenção. — Estou ocupado no momento. Caso não seja algo realmente importante, diga que não posso ir. Sinto muito.

 — Não sou um pombo-correio, Stark — Steve rosnou, tentando manter a calma. Respirou fundo e aproximou-se do mais novo, tirando de seu alcance a placa cheia de fios que ajustava. — Vamos. Agora. — tornou a frisar, dessa vez deixando mais visível a irritação em sua voz.

Tony imediatamente parou na posição que estava, ficando que nem uma estátua por exatos quinze segundos. O silêncio pairou no local, deixando a respiração do Capitão insanamente audível. 

— Espero que seu cérebro ainda esteja congelado pra justificar o que acabou de fazer — balbuciou Tony, furioso. Seu maxilar estava travado e seus olhos alcançaram os de Rogers, sustentando uma raiva imensurável. Tony tentou pegar de volta a placa, mas Rogers aproveitou-se de sua altura e ergueu o braço direito, deixando um pequeno sorriso vitorioso pintar-lhe os lábios. 

 — Fury está esperando. — disse dessa vez mais calmo. Havia um sorriso zombeteiro brincando em seus lábios ao perceber quão ridícula e infantil era aquela situação.

O mais novo, por sua vez, não divertia-se tanto:

— Eu quero que o Fury se foda! — Tony exclamou, ficando vermelho de raiva.

Em um movimento súbito, ele estendeu a mão esquerda e uma parte da armadura acoplou-se em seu braço. Os olhos castanhos cobertos por fúria fitaram os azuis de Rogers, e a próxima sensação que o mais velho teve foi a dor do impacto de um dos raios que Stark atirou sobre seu peito. Foi tudo tão rápido que quando Tony se deu conta do que tinha acabado de fazer, arregalou os olhos e correu na direção aonde Steve fora arremessado. Ele se erguia vagarosamente, ainda com a placa na mão — que agora estava completamente destruída.

— Steve... — Tony chamou receoso, aproximando-se cada vez mais do mais velho. O gênio tentou tocar-lhe o ombro, mas Steve foi mais rápido e esquivou-se de seu toque, saindo em disparada do laboratório.

Tony suspirou. Mas o que raios passava pela sua cabeça quando fez aquilo? De certo sua relação com Rogers nunca houvera sido uma das melhores, mas nenhuma discussão havia chegado tão longe a ponto de usar violência. Respirou fundo, tentando recobrar a calma.

Logo Natasha, Clint e Bruce apareceram para saber o que havia acontecido, já que o baque fora tão forte a ponto de destruir uma parede com um barulho ensurdecedor. Ao alcançarem o olhar aéreo de Stark, os três entreolharam-se e saíram dali no minuto seguinte. Tinham consciência de que de nada adiantaria perguntar algo a Tony quando ele estava tão atônito. Era uma cena incomum, era verdade, mas ultimamente o gênio estava com um problema sério em controlar sua raiva, então era mil vezes melhor prevenir do que remediar. Mesmo que até aquele momento fossem apenas respostas grossas quando alguém puxava assunto — então elas evoluíram para respostas sarcásticas e de brinde um raio no peito de um de seus colegas de equipe.

CIRCUMSTANCES | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora