Prólogo - (Versão Amazon)

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Prólogo

Lágrimas lavam o meu rosto enquanto corro entre os altos arbustos de árvores que formam o labirinto no jardim. Enfio-me no emaranhado dos galhos arranhando-me propositalmente na tentativa de fazer com que essa dor supere a que está rasgando meu peito, mas nada será capaz de superá-la.

Miguel corre atrás de mim, sei que a situação dele não está diferente da minha, estamos ambos sofrendo e sentindo o dilacerar de nossos corações.

— Cecília, meu amor, espere!

Fraquejo diante de sua voz dolorosamente assustada, meus joelhos afundam-se na grama e é nela que minhas mãos se agarram, sustentando o peso da dor.

— Cecília — ele fala, ajoelhando-se ante a mim.

Com delicadeza toma minhas mãos, beija-as e fita minha face banhada em lágrimas.

— Eu te amo, Cecília, eu te amo com todas as minhas forças. Se eu pudesse escolher eu não iria, você sabe disso.

O desespero está estampado no rosto do homem que amo, desespero esse que também está dentro do meu peito. Sei que um dia o verei novamente, mas a distância imposta a nós é algo que arde e queima em mim.

Acaricio sua face com ternura memorizando cada detalhe, o sol de verão que começa a se pôr no horizonte brilha sobre nós, iluminando-nos e aquecendo-nos nesse final de tarde. Guardo na memória os olhos amendoados, os lábios finos de sorriso fácil, o cabelo negro bem cortado onde meus dedos adoram passear está bagunçado, aliso-os colocando no lugar.

— Miguel, eu também não quero que você vá, eu não sei se conseguirei viver sem você. Como farei para suportar tamanha dor, que já sinto mesmo você ainda estando aqui?

— Serão alguns anos, assim que me formar estarei de volta. Daremos um jeito, eu vou escrever sempre, vou enviar as cartas endereçadas para minha irmã para que nossos pais não desconfiem, ela sabe o quanto eu te amo e vai nos ajudar a manter contato de alguma maneira. E, Cecília... eu não posso te perder, não posso pensar em perder este seu sorriso lindo, seus lábios macios, seu corpo que me enlouquece... não posso perder seu amor. Diga que vai esperar, diga que nosso amor será capaz de suportar essa distância — suplica-me, com meu rosto entre suas mãos.

— Eu jamais serei capaz de amar outro homem, Miguel, te esperarei nem que isso me mate a cada dia, mas assim como um doente em estado grave sobrevive com a ajuda de fios ligados a uma máquina, nossas lembranças também me farão sobreviver. Cada momento que tivemos, cada vez que nossos corpos e almas fizeram amor da forma mais linda, cada vez que sorrimos juntos. Cada vez que eu me lembrar de suas mais lindas feições, do seu corpo quente, seus braços que me envolvem de um jeito que me sinto segura, cada beijo que demos. Enfim, em tudo isso eu encontrarei forças para sobreviver a este período de escuridão em minha vida, até que você volte.

Entre um sorriso esperançoso e lágrimas, Miguel beija-me. Seus lábios trêmulos tocam os meus com intensidade e percebo que somente isso é capaz de afastar a dor. Esqueço por um instante do futuro de saudade que nos espera e permito-me sentir o sabor do seu beijo e a reconfortante sensação que ele faz em mim.

Uma de suas mãos desliza pela extensão do meu cabelo longo trançado para o lado, em seguida ele a repousa sobre o meu coração que bate descompassado. E com a outra mão envolve-me com força pela cintura, mantendo nossos corpos unidos de um jeito como se não quisesse nunca ter que separá-los.

— Ah, minha doce Cecília, eu te amo tanto e vou te amar para sempre.

— Eu também te amo muito, meu eterno amor.

E ali de joelhos no lugar onde demos nosso primeiro beijo e onde entregamo-nos ao outro também pela primeira vez, realizamos a nossa sincera promessa de amor eterno.



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