Maria Luiza
Vinte e seis anos depois...
Assim que o despertador do celular tocou, prolonguei por mais alguns minutos, não imaginei que iria acabar adormecendo mais do que poderia. Culpa do meu maldito cérebro que não me deixou dormir na noite anterior.
Estou atrasada! Tenho menos de uma hora para chegar ao meu compromisso. Desde que fui demitida por cortes de despesas administrativas do meu último emprego, candidato-me para várias vagas, essa é uma e estou extremamente ansiosa.
Esta é especial. Pois se trata de um grande e conhecido escritório de assessoria, o serviço que prestam aos seus clientes é completo, desde assessoria financeira e contábil até à jurídica. Sua carta de clientes é de dar inveja a qualquer outro escritório, somente grandes empresas fazem parte desta lista, e quando me refiro a grande não estou falando só em tamanho físico, mas sim do seu capital social. Eu sei dessas informações porque assim que me ligaram marcando uma entrevista, pesquisei tudo que pudesse me auxiliar para impressionar, além do meu excelente currículo e formação na área.
Modéstia à parte tenho uma boa experiência. Definitivamente preciso conseguir essa vaga, o salário é ótimo, e o melhor, o escritório fica perto de onde eu moro. Vivo com o seguro desemprego e algumas economias, preciso de um trabalho urgente, tenho contas a pagar, tenho que comer, estudar, proporcionar-me algum lazer, enfim, viver dignamente.
Tomo banho o mais rápido que posso, seco-me no mesmo instante em que escovo os dentes e penteio os meus cabelos castanhos escuros que caem sobre meus ombros em ondas sutis. Fito meu rosto no espelho e vejo bolsas escuras abaixo dos meus olhos cor de mel, sinal de uma noite mal dormida. Não possuo muito tempo, faço uma leve maquiagem apenas para não parecer com um verdadeiro zumbi.
Visto-me com a roupa que já deixei separada na noite anterior, uma calça social preta, um camisete de cetim em um tom de rosa envelhecido e por cima um blazer preto, enfio meus pés nos sapatos scarpin da mesma cor, coloco um brinco de ouro que era da minha mãe, pego a bolsa, confiro se tudo que preciso está nela, alcanço o celular no criado mudo e saio do quarto.
Já estou quase na porta de saída e me lembro que não passei perfume, de jeito nenhum saio sem perfume. Volto correndo ao quarto e borrifo o meu melhor e mais caro deles, observo o líquido já no final e jogo-o dentro da bolsa para caso precise dele mais tarde.
Por um instante me observo no espelho de corpo inteiro. Não sou o tipo modelo de passarela, meu corpo é curvilíneo, tenho uma estatura mediana, mas nem por isso deixo de me sentir e achar uma mulher bonita. Trago sempre comigo um belo sorriso, ainda que tenha passado por dificuldades e perdas ao longo dos meus vinte e seis anos, as adversidades nunca me impediram de ser uma pessoa positiva e de bem com a vida. No elevador confiro o horário, consegui me arrumar em tempo recorde. O escritório não fica longe, posso ir caminhando. Agora só preciso ser capaz de andar o mais depressa possível nesses saltos.
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Quando os Caminhos se Cruzam - [DEGUSTAÇÃO] [COMPLETO NA AMAZON]
RomanceDEGUSTAÇÃO - Livro COMPLETO NA AMAZON SINOPSE: Maria Luiza é uma jovem batalhadora, que não mede esforços para alcançar seus objetivos. Criada de forma simples e muito digna, recebeu os cuidados, carinho e educação de sua mãe Cecília com a ajuda da...