15 - Curiosa

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Eu juro que se o meu chefe não reforçar a equipa eu mesma pago a alguém para nos ajudar, o trabalho aumenta cada vez mais. Hoje já é sexta feira, tirei a tarde de folga e como já é hora de almoço começo a arrumar as coisas para o final de semana, Scott liga nesse momento...

— Boa tarde Kerry!

— Scott estava a começar a ficar preocupada. - Ainda aguardava pela sua resposta.

— Nós decidimos aceitar a sua proposta.

— Eu sabia, às 18:40 estará um carro à vossa espera no seu portão.

— Um carro?

— Sim trate de fazer a mala que as meninas já estarão no carro quando passar aí na sua casa.

Desligo a chamada para dar uma palavrinha a Sarah, ela não contou mais nada sobre o tal namorado mas mesmo assim pedi para ela ter cuidado. Tinha uma limusina e chofer  para buscar todos, mas eu preferi ir no meu carro tranquila, com o trânsito levei quase duas horas, mas eles chegarão mais rápido, precisa chegar antes e confirmar que estava tudo pronto. Assim que passo no portão e estaciono na garagem começo a imaginar todos eles por aqui, a minha avó era exagerada então comprou uma minimansão  com hectares de terreno relvado à volta para assegurar a privacidade, biblioteca, piscina, garagem para uma dúzia de carros, sala de cinema, sala de jogos, ginásio, adega... enfim tem tudo o que um milionário gosta, mas demasiado para mim. Vou à cozinha e vejo as prateleiras e o frigorífico bem cheio como pedi, estará uma cozinheira e uma empregada todo o fim de semana ao nosso serviço, por falar nisso encontro as duas na sala a decorar as jarras com flores fresas, mãe e filha aceitarão este emprego que será muito bem pago. Elas ajudam-me a subir com as duas malas e a arrumar as roupas e sapatos, decido tomar um banho de piscina, visto o biquíni e desço as escadas passando os olhos nos quadros pintados à mão por meu avô que nunca cheguei a conhecer. Na sala haviam fotos dos meus avós, principalmente da minha querida avó, algumas do meu pai adotivo e demasiadas de mim em pequena, mas como foi a minha avó que comprou e decorou a casa, eu nunca tive coragem de mudar nada de lugar. Está calor e eu aproveito para apanhar um pouco de sol, entro para lanchar e ligo para o motorista que já está a chegar à porta do apartamento.

Tenho algum tempo livre para tomar um duche e colocar jeans, ténis e uma regata, um rabo de cavalo e pareço uma jovem de vinte anos, a Ellen vai pensar que estou louca por me vestir assim tão prática, sem saber o que fazer dou uma volta pela casa, só aqui estive duas vezes a primeira quando a minha avó me anunciou que era um presente meu e a segundo foi quando ela morreu e vim aqui para me refugiar, foi duro eu não poder ir ao funeral dela e com apenas vinte anos eu ainda era uma menina indefesa. Quando fugi de casa ela era a única a quem eu podia recorrer, mas temia que a minha família me encontrasse e então esperei até ser maior de idade para a procurar, lembro-me da sua cara quando me viu, pensei que ela ia passar mal de tão pálida que estava. Eu contei quase tudo o que aconteceu, poupei à pobre mulher os detalhes sórdidos e apenas dois anos depois ela morreu, era a única família de sangue com quem podia contar, eu sabia que com ela o meu segredo estava bem guardado porque ela não gostava do meu pai mesmo sendo seu filho único.
Eu não sabia que ela me iria deixar toda a sua fortuna e muito menos o que fazer com tudo, um advogado conseguiu encontrar-me e passar tudo para mim sem que a minha família soubesse. Tenho certeza que ficaram para morrer quando descobrirão que a minha avó concretizou uma doação anónima, pois o seu património era de milhares de dólares.

Li alguns artigos nos jornais sobre isso, mas como sempre o assunto foi abafado em meia dúzia de dias. Nunca toquei nesse dinheiro expeto para pagar os impostos desta casa e a sua manutenção, não fiz questão de o usar até agora. O condutor da limusina envia uma mensagem a alertar que está a dez minutos de distância e já me sinto nervosa, a expectativa de ver as reações de todos é enorme, são vinte horas e o jantar está quase pronto. Ando às voltas do lado de dentro do grande portão de ferro pintado de branco até ver uns faróis ao longe, abro o mesmo e o motorista para perto de mim , as portas abrem para os convidados saírem...

— Uma limusina? Tu és louca! - Ellen abraça-me.

— Eu disse que seria um fim de semana diferente!

— Pareces uma adolescente, estás linda! - Gaby pega na minha mão e roda o meu corpo.

— Obrigado por terem vindo! - Digo ao ver Scott que parece bem mais novo com as suas roupas casuais.

— Prevejo um fim de semana em grande! - ele responde a olhar para casa.

— Tudo bem? - Adam beija a minha cara e eu aceno que sim.

Como o melhor fica para o fim, Kevin aproxima-se e beija o canto da minha boca sem que ninguém perceba...

— Senhoras e senhores sejam bem-vindos!

Eles riem, pegam nas malas e seguimos para o interior da mansão onde encaminho cada um para o seu quarto para pousarem os seus bens e descemos até à sala logo de seguida para jantar. Uma maravilhosa mesa esperava por nós, sentámo-nos e começamos a servir os pratos num clima de felicidade que nunca sentira antes...

— Que palácio é este Karry? - Ellen pergunta fazendo todos olharem para mim.

— Esta é a minha verdadeira casa!

— Quê? - ela quase se engasga.

— Depois explico agora comam! - Vou tentar falar o mínimo possível sobre o assunto, mesmo que seja quase impossível.

— Sempre misteriosa!

— E a menina sempre muito curiosa! - Ela sorri para mim.

Depois da barriga cheia convido todos a ir até ao jardim beber o café e tomar uma bebida ao som de música.

Kerry (Completo Na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora