Kerry (Completo Na Amazon)

38 - Talvez...

Quando entrei no carro para regressar a casa pensei em todas as pessoas que a minha família feriu sem ter um pingo de vergonha ou arrependimento. Realmente eu desejava com todas as forças nunca ter nascido com este maldito sobrenome, cheguei a casa e liguei para o gestor financeiro e o advogado que Scott me apresentou e pedi para que viessem até à minha casa. Odiava o facto de não ter notícias de Kevin mas não o iria procurar, almocei sózinha e vi a decoradora dar ordens à sua equipa que trabalhava agora no ginásio e na sala de refeições.

Depois de uma longa conversa com o gestor e o advogado decidi vender a grande casa que a minha avó ofereceu porque iria render muito dinheiro e assim evitava de mexer em aplicações financeiras lucrativas tal como ações, pelo menos por agora e pedi ao Advogado uma forma de deixar o meu património a Ellen e Kevin sem que os dois saibam. Liguei para Sarah que ainda está muito debilitada mas amanhã irei visita-la. Hoje a Ellen já vem cá dormir mas eu preciso sair, ficar em casa com ela vai acabar em filmes românticos e quilos de gelado, eu não farei isso de todo, encomendo comida japonesa e espero que a minha amiga chegue, faço uma mesa bem bonita porque ela merece...

— Está alguém em casa?

— Ellen estou aqui!

— Que saudades princesa! - Abracei ela com carinho - Obrigado eu amei a casa.

— Ainda bem eu sabia que irias adorar, que bom sushi e champanhe!

— A nossa primeira refeição na nova casa!

Abro a garrafa de champanhe e encho dois flûtes, faltava algo o sei o quê mas não me sentia completa...

— Saúde minha amiga!

— Amor também Kerry!

Sentámos na mesa a pôr a conversa em dia, ela estava a adorar o estágio e o namoro com Adam vai muito bem...

— Estou à espera que perguntes!

— Estás a falar do quê? - É óbvio que eu sabia ao que ela se referia.

— Por favor Kerry, sou a tua amiga do coração. Podes perguntar pelo Kevin.

— Eu não quero saber dele.

— O que aconteceu afinal? Adam não me conta nada.

— Eu talvez tenha sido um pouco autoritária mas tive razão para isso.

— Eu conheço-te Kerry tu consegues ser muito irritante quando queres mas tudo bem se estás admitir já é qualquer coisa.

— Ele tem de separar as coisas!

— Referes-te a ser guarda costas e namorado em separado? Impossível Adam faz o mesmo comigo e percebi que lhes está no sangue.

— A diferença é que nós não somos namorados Ellen. - Bem somos noivos na verdade.

— Sério? É que eu ouvi falar em casamento...

— Mudando de assunto eu vou sair!

— Vais abandonar-me na primeira noite aqui?

— Até parece que não estás doida para estrear a cama com o Adam. - Ele ri envergonhada - Eu vou dançar um pouco.

— Já não frequentas o tal clube noturno?

— Já me fartei, quero conhecer novos sitios.

Depois de terminar o jantar fui trocar de roupa e entrei no carro, os seguranças têm o seu próprio veículo, não conheço muitos sítios e decido ir ao clube em que a Gaby me levou ao aniversariante do tal cantor. Cheia como na outra noite, vou ao bar e peço um whisky como sempre, é a minha bebida preferida e fico num canto apenas a ver como está o ambiente, decidi ir até à zona onde tem algumas mesas e cadeiras, a música lá fica mais baixa e dá para conversar, estava tudo ocupado então sigo para a pista mas eu não estou com aquele espírito de curtir a noite como gostaria e regresso ao bar, senti uma mão no meu braço e sou puxada contra o peito de um homem, senti tudo à minha volta escurecer...

— Liam...

— Boa noite maninha!

— Não me toques! - Os seguranças já estão atrás de mim mas eu não me sinto tão protegida como eu me sentia com Kevin ou os meus amigos.

— Calma vamos conversar um pouco tenho uma mesa na zona VIP.

— Nós não temos nada para falar!

— Vá lá Katherine somos família e o teu noivo nem está a vista.

Eu não queria mas ao mesmo tempo estava curiosa para saber o que Liam tinha para dizer, eu segui-o e atrás de nós vinham os seguranças dos dois. Depois de instalados nos confortáveis sofás eu rejeitei-o qualquer bebida com medo de conter algo, Liam seria bem capaz disso...

— Andas muito quieta!

— O combinado foi cada um seguir a sua vida certo?

— Vá lá não me vais dizer que os teus encontros com o Wolfgang são só amizade.

— Eu e ele somos amigos sim mas também temos negócios.

— Negócios? - ele ri na minha cara - Tu não sabes o que é isso!

— Acredita que sei tenho milhões para gerir!

— Estás a tentar passa-me a perna certo?

— Não querido irmão, quem achas que herdou os bens da avó? - Ele passa de um rosto gozão a raivoso num ápice.

— Cabra da velha!

— A minha avó é uma mulher de respeito ao contrário da tua mãe Ulrich.

— O que queres dizer com isso?

— Talvez o teu pai não te tenha contado que a tua mãe estava noiva do Wolf quando ficou grávida de ti! - Eu vi nos sus olhos que ele não sabia por isso aproveitei para semear dúvidas na sua cabeça - Talvez até nem sejas um Ulrich.

Aproveitei para sair era a melhor altura para isso, ele não abriu a boca e bebia com desespero, Liam tentou ao máximo mostrar que não estava incomodado com as minhas palavras. Gostaria de saber com quem os meus seguranças tanto falam no auricular...

— Podem avisar o Scott que o meu encontro com Liam correu bem!

A noite para mim acabara em grande visto que consegui enfrentar aquele monstro e ainda consegui semear algum veneno. Estou orgulhosa de mim mesma! Volto para casa e vejo dois carros na porta, Adam, Scott, Kevin, Gaby e Ellen tinha uma receção á minha espera, aquilo deixou-me irritada porque a cada vez que eu enfrento algo logo tem de vir um batalhão para me confortar, não gosto disso acho que não sei lidar com tanta preocupação...

—Ha uma festa e eu não fui convidada? - Os meus olhos batem com os de Kevin de imediato.

— Olhem como ela está tão bem disposta. - Adam como sempre não sabe quando parar de dizer porcaria.

— Quer dizer que correu bem!? - A Gaby está curiosa como todos mas eu não vou abrir a boca.

— Eu prefiro pensar que realmente isto é um encontro de amigos e não porque esperam um resumo da minha conversa com o Ulrich.

— Kerry por favor! - Ellen abre os braços e pede piedade e paciência que é exatamente o que me falta neste momento.

— Boa noite a todos! - subo até ao quarto e bato a porta, logo uma imagem de meu pai adotivo a ralhar comigo pela atitude surge na minha cabeça.