ONZE

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Dobrei a canga e guardei dentro da bolsa sentindo minhas bochechas queimarem, olhei para Caio que percebeu minha vergonha e abriu um sorriso largo em seus lábios avermelhados.

- Caio - Vic jogou a garrafa vazia de refrigerante nele como uma forma de repreensão, sorte que era de plástico. 

- Qual foi? - Olhou para ela curioso.

- Vamos? - Lucas chamou e nos assentimos indo em direção ao carro, guardamos as bolsas no porta malas, Lucas e Vic entraram na frente e eu entrei junto de Caio atrás.

Fiquei vendo a vista da janela, mas sabe quando você tem a sensação que alguém está te observando? Eu estava com ela.

Tirei a atenção da paisagem através da janela e virei meu rosto dando de cara com o rosto de Caio, ele passou seus olhos observando meu rosto por completo e meus olhos estavam fixos no movimento dos seus.

Ele foi aproximando seu rosto do meu devagar intercalando seu olhar entre o meu olhar e meus lábios. Respirei fundo e senti um frio se instalar em minha barriga.

Porque eu não conseguia sentir medo dele?

Muito próximo

Minha consciência bateu e eu acabei ficando nervosa, a quanto tempo eu não tinha essa proximidade com um homem.

Nem lembrar a sensação de um beijo de língua eu lembro. Nem beijar devo saber mais... ou sei?

O nervosismo falou mais alto, engoli seco e virei meu rosto bruscamente voltando a olhar a vista que estava sobre a janela.

Fechei meus olhos.

Eu nunca mais irei me envolver com soldado do morro.

Eu não posso, me lembro de tantas meninas que falavam que no inicio era tudo flores e depois vinham as brigas, o primeiro tapa, até chegar ao espancamento.

La na favela ocorria bastante fatos assim, algumas já chegaram até morrer de tanto apanhar. E quem sofria no final era sempre a mãe e o pai com a perda da filha.

Assim que o carro de Lucas parou em frente minha casa, que era a mais próxima da entrada comparada com a dele e a de Vic, dei um beijo na bochecha de Vic e de Lucas e olhei para Caio.

- Tchau - Sussurrei o fazendo sorrir.

- Tchau Lolena - Respondeu em um tom mais alto que o meu, me fazendo sorrir da forma que ele me chamou.

Assim que entrei em casa meu pai estava sentado na sala cortando as unhas dos pés. Quando ele me viu sorriu.

- Mais tu tá preta, parecendo piche. - Brincou sorrindo e eu sorri junto dele.

- O senhor é demais - Disse me sentando ao lado dele. - Chegou cedo. - Disse olhando para o relógio que estava pregado na parede. - Como foi o serviço hoje?

- Foi bom, sempre tem serviço a se fazer, vim mais cedo hoje e deixei um dos funcionários para fechar. - Colocou os pés no meu colo me dando o cortador de unha, para eu terminar de cortar. - Não estou com disposição para ficar trabalhando muito não.

- O senhor já está velho né, já pode até se aposentar. - Brinquei e recebi um tapa leve em meu braço.

- Respeita teu pai égua.

- Cavalo - Recebi outro tapa - Uai se eu sou égua o senhor é um cavalo - Sorri.

Depois que terminei de cortar as unhaa de meu pai, ele ficou assistindo televisão e eu subi para tomar um banho.

Ensaboei todo o meu corpo duas vezes, para tirar o bronzeador dele e lavei meus cabelos por conta do sal do mar, não gosto de lavar meus cabelos pela noite o frio parece que aumenta. 

Assim que terminei meu banho coloquei um roupão e uma toalha em meus cabelos indo para o quarto, coloquei um pijama e me joguei na cama, pegando meu celular.

Abri o facebook e havia novas solicitações de amizades, abri e entre elas estava Caio Rodrigues, abri o perfil e era o Caio daqui do morro como eu esperava.

Aceitei sua solicitação e passando alguns minutos começou a aparecer um monte de notificações no meu feed.

Abri e era Caio curtindo todas minhas fotos, balancei a cabeça em sinal negativo com um meio sorriso no rosto.

O que será esse garoto quer? 

Saí do facebook e abri a galeria do meu celular, fiquei olhando minhas fotos e escolhi uma para postar.

_______________F A C E B O O K  _______

Lorena Lima

A derrota só tem sabor amargo se vc a engolir. O fato de ter perdido uma batalha não significa que vc perdeu a guerra.
#DESISTIRNUNCA 🙏👊👏😍

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Assim que postei coloquei o celular em baixo do travesseiro, me levantei da cama e sai do quarto indo em direção à cozinha.

Coloquei minha janta e me sentei no sofá ao lado de meu pai para jantar.

Ele como costuma jantar cedo, ja havia o feito e havia feito a janta que era arroz com milho e frango ao molho, misturando dava aquela maravilhosa galinhada.

Meu pai começou a respirar forte, olhei para ele e ele fez uma careta .

- Você peidou, eca pai - Fiz cara de nojo e ao sentir o cheiro nada agradável coloquei a mão sobre o nariz.

- Quem é furado não morre inchado - Disse e gargalhou.

- Credo - Falei tirando a mão do nariz.

Era engraçado o fato da gente peidar e ficar respirando somente para sentir o cheiro, acho que pra saber se vai feder ou não.

- Boa noite filha - Disse beijando o topo da minha cabeça.

- Boa noite pai, dorme com Deus - Falei depositando um beijo em sua bochecha.

Quando terminei de jantar, lavei meu prato e subi para meu quarto me aconchegando de baixo das cobertas, fechei meus olhos e fiquei me lembrando do dia de hoje, que foi muito bom.

Em meio a esses pensamentos acabei adormecendo.

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Boa noite meninas.

Fiz esse capítulo com muita felicidade pelo tanto de voto e comentários.

Obrigada ♡

Continuem assim para minha alegria.

Até loguinho e um ótimo fim de semana a todos ♡


















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