25. You are the best, Karla.

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Volteeeei! Ouçam STRANGERS, I HAVE QUESTIONS e CRYING IN THE CLUB!!! Não, não toca no cap nem nada do tipo, é só pq são hinos mesmo :D

Boa leitura, mores!

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O dia de buscar Keana no aeroporto chegara. Camila deu uma geral no apartamento se certificando o melhor que podia de que não havia nenhum vestígio de Lauren ali. Nenhuma calcinha, nenhum fio de cabelo diferente nos lençóis, nenhuma roupa esquecida, nenhum presente, nada.

Passou um bom perfume e uma maquiagem leve, suficiente para esconder sua expressão cansada, deixou os cabelos lisos e soltos como de costume. Escolheu um vestido branco justo que ia até a metade de sua coxa, por cima colocou um sobretudo preto, apenas amarrando-o na altura do pescoço sem fechar os botões, nos pés uma bota de cano alto preta.

Olhou para o espelho e deu um sorriso fraco. "Vamos Camila, você é melhor do que isso" pensou fechando os olhos por um breve estante. Pigarreou e jogou os cabelos de lado, voltando a abri-los com um sorriso perfeito. Parecia real. Quem a visse, mesmo os mais próximos, achariam que ela estava radiante, mas aquele era um sorriso um tanto quanto falso, escondia sua dor.

"Agora sim, pronta para ir" pensou pegando sua bolsa sobre a cama. Comprimiu os lábios e checou o batom no espelho uma ultima vez antes de sair do apartamento e tomar o elevador para a garagem de seu prédio.

Apesar de tudo, se a latina dissesse que não sentira falta da esposa estaria mentindo. É bem verdade que ela gostava de estar sozinha. A sensação de morar sozinha depois de tanto tempo vivendo com a mulher era... libertadora? Talvez essa seja a palavra que defina melhor. Até mesmo estar na companhia de Lauren e suas amigas era libertador.

Não que Keana à controlasse e impedisse de ter contato com as pessoas, definitivamente não era isso. É que, depois de tantos anos juntas parecia que elas haviam chegado em um momento da vida em que apenas ambas se bastavam. Uma era suficiente para a vida da outra, era amizade, era amor, era companheirismo. Mas Camila já não concordava tanto com isso.

A presença de Keana em sua vida havia sido tão intensa e por tanto tempo que, mesmo tendo Lauren durante esse meio período, ela se pegara mais de uma vez pensando em como a mesa de jantar estava vazia, ou como o apartamento estava silencioso, afinal não ouvia a esposa fazendo uma de suas ligações de trabalho, nem o seu cantarolar baixo e doce que sempre acompanhava o desenho de novos projetos.

Então, de certa forma, sentia falta. Não que quisesse continuar morando com a morena, isso definitivamente estava decidido em sua cabeça, só ficaria ali até passar na OAB e arranjar o primeiro emprego fora do estágio, mas nutria certo carinho por ela e se arrependia de tê-la traído. "Devia ter feito as coisas direito Camila", pensava com um suspiro pesado enquanto dirigia.

Faltava exatamente 1 mês e meio para primeira fase da nova prova da OAB, 3 meses para a segunda fase e 125 dias para o resultado, considerando que a latina fosse aprovada em tudo. Ela já fizera todas as contas. 125 dias para ser independente. 125 dias para resolver sua vida.

O trânsito estava infernal. O vôo de Keana estava programado para chegar às sete da noite, não havia horário pior para tentar se locomover em São Paulo. Todas as pessoas estavam saindo de seus trabalhos, parecia que todos os carros de todos os paulistanos estavam na rua ao mesmo tempo, isso sem considerar os motoqueiros que rasgavam o trânsito, zunindo pela orelha de Camila e deixando-a absurdamente irritada.

Chegou ao aeroporto contendo sua irritação sob a máscara de felicidade plena que treinara no espelho. Reencontrar Keana era como voltar para casa depois de uma aventura, uma casa cheia de memórias, boas e ruins, cheia de rancores, arrependimentos e negligências, mas ao mesmo tempo cheia de risos e manhãs de domingo.

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