Essa pergunta foi feita em uma prova de história aplicada na sala do terceiro ano da minha filha, ela é uma criança bastante inteligente, lê fluentemente, adora artes e é muito criativa.
Todos os colegas de sua sala responderam a pergunta feita na prova relatando desde o momento do nascimento até a entrada na escola, entretanto, minha filha escreveu:
"Minha história começou com a professora Patrícia"A professora não conteve suas lágrimas e nem eu ao saber de sua resposta, pois, sua vontade de aprender foi despertada por essa professora que considero como um anjo que entrou em nossas vidas e trouxe para minha filha o prazer em aprender e a ajudou a acreditar que é capaz.
Depois do diagnóstico, encaminhei toda a papelada para que ela tivesse o acompanhamento individual de uma professora para auxiliá-la nas suas dificuldades escolares, foi então, que conhecemos a professora Patrícia.
Uma professora que não era especializada, nem sequer conhecia a síndrome, cursa ainda a faculdade de letras, porém, uma criatura tão amável, paciente e dedicada que conquistou não apenas a mim, mas, minha filha.
As experiências dela com o ensino não foram agradáveis, principalmente por não termos um diagnóstico, para algumas professoras apenas lhe faltava limites. Ouvi isso de uma professora quando ela estava no primeiro ano, a professora além de não ter nenhum conhecimento sobre a síndrome, era extremamente rígida e sem jeito para lidar com as peculiaridades da síndrome.
Recordo-me que certa vez que ela chegou em casa, demonstrava estar bastante irritada, esbravejando mesmo, logo foi se despindo do uniforme jogando-o no chão e pisava em cima dele dizendo
- Não vou mais pra escola! Eu odeio estudar!
Ela não ficava na sala, batia na professora, não fazia amizade com as outras crianças, não copiava as atividades, rasgava suas tarefas, foi um ano perdido e muito desgastante para mim e acredito que para ela também.
Entretanto, tudo mudou quando resolvi mudá-la de escola e ela teve a oportunidade de conhecer essa professora tão especial "a profinha Patrícia" como ela carinhosamente à chama e que mudou sua forma de enxergar a si mesma e a aprendizagem como algo possível para ela também.
Sempre tive que lidar com a ignorância e falta de informação das pessoas, mas, a partir do momento em que eu tive a confirmação do diagnóstico, pude lutar por ela, buscar seus direitos, atendimento especializado, compreender suas limitações e explorar suas habilidades. Agora eu estava respaldada pelo laudo médico, pela lei que lhe dá direitos e decidi que nunca mais iria ouvir a opinião leiga e alheia de pessoas que nem sequer conheciam esta síndrome ou as lutas que eu vinha enfrentando, decidi que iria superar todos os obstáculos que estavam por vir, tudo em nome de um amor: o amor de mãe!
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Relatos de uma mãe Asperger
RomanceOs relatos aqui descritos buscam mostrar as dificuldades dos pais quando esperam o nascimento de uma criança normal e deparam-se com esta síndrome, mas será que podemos conceituar o normal de maneira satisfatória? O processo de luto, de aceitação, d...