Vergel

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Lágrimas quentes escorriam em suas mãos macias, em forma de cálice, apalpando minha face maltratada, misturando-se com as gotas geladas da chuva que banhava o vergel. Onde adorávamos nos perder. Você fitou-me nos olhos. Impediu-nos de procurar um abrigo interino. Apetecia deleitar o inusitado momento. Seu lindo sorriso, não o mais belo, mas lindo, forçava-me a realizar o mesmo. Apenas para seus olhos. As mãos inquietas, entrelaçadas. Corações serenos. Enlace da essências. E os desassossegos simplesmente esvaeciam no ar, afastando-se e convertendo-se em algo temporariamente insignificante. É o que desejo realizar, dizia ela. Solitariamente. Acompanhe-me se desejar. Podemos ir juntos, sim. Não atrapalhe-me. Não impeça-me. Agradeço a sua presença. Porém, enfrente suas quimeras à sua forma. Forças não possuo para ajudar-te. E faltar-me-ia vontade para tal. Partiremos juntos através da via íngreme. Apoiar-te-ei. Não dependerei de ti. Não dependa de mim. Façamos o que precisa ser feito. Em prol da expulsão daquilo que tanto nos atormenta. Alimentados diariamente. Substituídos de tempos em tempos. Vamos. Entre. E no fim, escolha sua própria vereda. Ficarás imortalizado em minhas memórias. Quiçá seus esforços serão reconhecidos. Assim seguiremos. Até o que nos aguarda. Observe às voltas. Cada gesto rude. Cada olhar decepcionante. Enquanto os sinos alertam-nos. Persista e destrua. E ainda não me importo em seguir só.

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