Depressão

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Depressão.

Depressão. Por definição geográfica, aquilo que está abaixo do nível do mar. Depressão. Por definição subjetiva, aquele que está se afogando em mar de agonia. Depressão. Por definição científica, "um transtorno mental comum, caracterizado por tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimentos de culpa e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite.".

Se você não conhece a depressão, eu vou lhe mostrar.

Pense na depressão como uma pessoa. Uma pessoa que caminha em completo silêncio ao seu lado. Começa distante e se aproxima até que esteja a poucos centímetros de distância. Ela caminha ao seu lado durante todos os momentos difíceis, te segue a cada passo pra mais perto do abismo. Quando você chega no abismo é quando ela resolve agir.

Você dá um passo em falso e cai, quando cai, ela te estende a mão e você segura por completa falta de opção. Quando se tranquiliza do susto abrupto da queda, percebe que não tem mais volta. Essa pessoa que segura a sua mão é muito mais forte que você. E ela não te puxa para cima. Ali ela fica. Sem te deixar cair mas também sem te salvar. É a calmaria antes da tormenta. Você fica parado, estagnado, aprisionado em uma cela com superlotação de sonhos não alcançados.

Você está no limite do confortável, naquilo que os físicos chamariam de iminência do movimento, quando qualquer simples brusco movimento é suficiente para mover o bloco. O bloco é você. O bloco em repouso segurado por um fio de tração intensa que não te puxa pra cima. Então, você tenta agir por si próprio. Tenta se jogar pra cima, tenta a todo custo se salvar daquele penhasco, mas se torna muito mais trabalhoso do que simplesmente não fazer nada. É muito difícil fazer com que essa pessoa pare, então você não quer que ela pare, você só quer ficar parado.

A partir daí, a história pode ter alguns caminhos diferentes. Em um deles, na melhor perspectiva que se pode ter, você resolver gritar por ajuda. Pede a qualquer um que esteja passando pelo penhasco te ajude. E alguém vem e te ajuda, juntos vocês são mais fortes que a Depressão. Você está a salvo. É a única situação em que você consegue se salvar. Sozinho, você não chega a lugar algum.

Em todos os outros possíveis cenários, chegamos ao mesmo resultado: o fim da linha. Pode ser que você grite por ajuda e ninguém seja capaz de te ouvir. Você chega ao fim da linha. Pode ser que você não tenha mais forças pra gritar por ajuda. Você chega ao fim da linha. Pode ser que a Depressão use a mão livre para calar o teu grito por ajuda. Você chega ao fim da linha.

O fim da linha. O fim da linha. É quando você acha seu último suspiro de força, uma força que não é suficiente pra te salvar, mas é suficiente para um outro movimento. É suficiente para soltar a mão da Depressão. Você solta a mão da Depressão e começa uma queda infinita num abismo mental. E a Depressão pula junto com você e então você percebe que só há um jeito de se livrar por completo dela. Você encontra um galho qualquer na pedra, puxa-o e dá fim ao fim da linha. Acabou.

Ramificações de uma mente embaralhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora